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Ranking internacional de corrupção mostra um Brasil estagnado

País ocupa posição 69, entre 175 nações, o mesmo patamar de quatro anos atrás

Marina Rossi
Paulo Roberto Costa, na CPI da Petrobras.
Paulo Roberto Costa, na CPI da Petrobras. UESLEI MARCELINO (REUTERS)

O ranking internacional que mede a percepção da corrupção, divulgado nesta quarta-feira pela ONG Transparência Internacional, mostrou que o Brasil continua estagnado. Apesar das recentes investigações e julgamentos de casos como o mensalão e o de corrupção na Petrobras, o Brasil ocupa a 69ª posição de um ranking de 175 países, o mesmo lugar de quatro anos atrás. "Andamos para o mesmo lugar", diz o cofundador e codiretor da ONG Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Luciano Santos.

Apesar da estagnação mostrada pelo levantamento, Santos afirma que, por outro lado, o Brasil está tomando medidas para tentar combater a corrupção. "Estão ocorrendo julgamentos e punição, como no caso do mensalão. E isso é positivo, porque mostra que o Brasil não é terra de ninguém", diz.

Segundo Santos, além do andamento nos julgamentos dos casos de corrupção e da função dos órgãos de fiscalização, como a Controladoria Geral da União e o Tribunal de Contas, a sociedade também deve ser protagonista desse trabalho rumo à transparência no Brasil. "O cidadão acha que votando de dois em dois anos ele já cumpre o seu papel", diz. "Mas na verdade, ele tem um papel muito maior de fiscalizar e acompanhar [as investigações]".

Segundo o ranking deste ano da Transparência Internacional, a Dinamarca é o país mais transparente do mundo. Em uma pontuação de 0 (extremamente corrupto) a 100 (muito transparente), o país ficou com 92 pontos, enquanto o Brasil ficou com 43, um ponto a mais que no ano passado. Nenhum país recebeu a pontuação máxima. Segundo Santos, para analisar as pontuações de cada nação é importante levar em conta também o amadurecimento da democracia desses países. "Os países que aparecem em primeiro lugar são os que têm uma democracia mais consolidada", diz. "Temos um bom caminho para trilhar".

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A ONG não mede a corrupção política relacionada aos partidos, mas sim como se percebe a corrupção ligada aos servidores públicos dos 175 países avaliados. O ranking é elaborado por meio de uma dezena de estudos comparativos.

Recentemente a ONG lançou um aviso alertando que a quantidade de denúncias por corrupção é "preocupante" e a situação, "insustentável". Com este diagnóstico, a Transparência Internacional pediu aos partidos políticos que adotassem uma atitude "bem mais firme" e tomassem medidas "imediatas", de "choque" , que ajudem a "atenuar o evidente nível de indignação cidadã", informa Alejandra Torres, de Madri.

Neste ano, o Brasil divide o 69 lugar com mais seis países: Bulgária, Grécia, Itália, Romênia, Senegal e Suazilândia, um pequeno país na África. No ano passado, o Brasil ficou na 72ª posição, em 2012, em 69º lugar, em 2011, em 73º e em 2010, também em 69º lugar, como nesse ano.

Um recorte classificando apenas os países da América Latina coloca Uruguai e Chile em primeiro lugar. A classificação por regiões situa a Europa Ocidental em primeiro lugar, com 66 pontos, seguida pela América (45), Ásia Pacífico (43), Oriente Médio e Norte da África (38), Leste Europeu e Ásia Central e África Subsaariana (33).

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