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Netanyahu dissolve o Governo e antecipa as eleições em Israel

Primeiro-ministro expulsa do Executivo aliados mais moderados por conta das dissensões

Netanyahu em um ato em Jerusalén nesta terça-feira.Foto: reuters_live | Vídeo: Reuters-LIVE! / AFP
P. R. BLANCO

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, solicitou na terça-feira a dissolução do Knesset (Parlamento) “o quanto antes” e a convocação de eleições antecipadas, após expulsar da coalizão do Governo o ministro das Finanças, Yair Lapid (Yesh Atid), e a ministra da Justiça, Tzipi Livni (Hathnua), por “atacar” seu Executivo, segundo informações de seu escritório em um comunicado. A antecipação das eleições ocorre depois de 18 meses de mandato.

“Nas últimas semanas, incluindo as últimas 24 horas, os ministros Lapid e Livni atacaram duramente o Governo que dirijo. Não vou tolerar mais oposição no Governo, não vou tolerar ministros que atacam de dentro do Governo as políticas do Governo e seu líder”, disse Netanyahu.

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A aprovação, em 23 de novembro, de um projeto de lei que mudaria a Lei Básica de Israel – o país não tem Constituição – e o transformaria em um “Estado nação judeu”, com a discriminação de todas as minorias, já anunciava a dissolução do Parlamento. Não foram só os aliados moderados do Governo que criticaram a guinada ultradireitista de Netanyahu. O promotor geral de Israel e a comunidade internacional também o censuraram, com um número crescente de vozes na União Europeia e nos Estados Unidos que tacham de antidemocrático e racista o projeto do “Estado nação judeu”. O último peso pesado a também fazer críticas foi o presidente israelense, Reuven Rivlin – integrante do mesmo Likud – que declarou que a lei vai contra “a Declaração de Independência” do Estado de Israel.

Mas o último empurrão para a dissolução do Executivo aconteceu após uma reunião na segunda-feira à noite entre Netanyahu e Lapid, na qual o líder israelense exigiu que seu ministro das Finanças “abandonasse um projeto de lei que implicaria em uma redução de impostos àqueles que compram sua primeira casa e apoiasse a polêmica lei do Estado nação judeu”.

“O primeiro-ministro decidiu levar o país para eleições desnecessárias. (...) Escolheu agir com irresponsabilidade e não cumprir com suas obrigações”, lamentou na terça-feira Lapid, que acusou Netanyahu de gastar “bilhões de shekels [moeda israelense]” na realização de eleições no lugar de utilizá-los para melhorar a vida da população.

Se for implantada, a lei promovida por Netanyahu afetaria 1,9 milhões de habitantes, quase 25% da população israelense (8,2 milhões), da qual 20% é árabe. O projeto de lei é uma resposta ao clima de tensão em Jerusalém para contentar a ultradireita após os ataques realizados por palestinos em pontos do transporte público da cidade e em uma sinagoga. E não é uma medida isolada. A reimplantação da demolição de casas de familiares de terroristas palestinos, que não era praticada desde 2005, ou as ampliações das colônias em território ocupado estão no mesmo contexto.

Não é a primeira vez no último mês que a convocação de eleições antecipadas desvia o foco das atenções, uma vez que a aprovação do orçamento do país está parada. Nunca em sua história um Governo de Israel conseguiu completar um mandato completo.

A última pesquisa de intenção de voto, publicada pelo portal Walla no dia 22 de novembro, dava maioria absoluta de 63 cadeiras de um total de 120 para o Likud-Casa Judaica- Yisrael Beiteinu, impulsores da polêmica lei do “Estado judeu”.

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