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Merkel abençoa ‘Plano Juncker’ e consagra a austeridade na Alemanha

Parlamento alemão debate o primeiro orçamento com déficit zero em meio século

Luis Doncel
Deputados com Merkel na sessão de quarta-feira do Bundestag.
Deputados com Merkel na sessão de quarta-feira do Bundestag.STEFANIE LOOS (REUTERS)

A semana de sessões plenárias no Bundestag, a Câmara dos Deputados da Alemanha, deve terminar com um resultado do qual a chanceler Angela Merkel se mostra especialmente orgulhosa: a aprovação, pela primeira vez desde 1969, de um Orçamento em que os gastos não superam a arrecadação. Mas a primeira-ministra, líder dos democratas-cristãos alemães, aproveitou sua intervenção parlamentar para dar uma mão ao projeto-vitrine da nova Comissão Europeia. “O Governo alemão apoia o pacote de investimentos do presidente Jean-Claude Juncker”, disse Merkel, sob aplausos dos parlamentares do seu partido e dos parceiros de coalizão, os sociais-democratas.

O apoio de Berlim ao plano de investimentos do Poder Executivo europeu tem muitas ressalvas. Primeiro porque, dos mais de 300 bilhões de euros (cerca de 940 bilhões de reais) que Juncker espera mobilizar, apenas 16 bilhões sairão das arcas comuns europeias. É esse o recado que Merkel e seu ministro da Economia, Wolfgang Schäuble, repetem há muito tempo sempre que têm a oportunidade: é necessário mais investimento, sim, mas ele deve proceder fundamentalmente de mãos privadas, porque a consolidação fiscal é um objetivo irrenunciável.

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O déficit zero previsto no Orçamento público alemão para 2015 não será uma exceção. “Esta política será aplicada nos próximos anos. A Alemanha viveu durante anos acima das suas possibilidades, mas isso acabou. Nosso objetivo é reduzir o percentual de dívida pública por intermédio de uma política orçamentária razoável”, assegurou a mulher que governa desde 2005 a maior economia europeia e não pensa em recuar das políticas de austeridade.

Como concessão aos que exigem de Berlim um maior papel como investidor para corrigir deficiências de infraestrutura em algumas regiões do país, Merkel citou os 10 bilhões de euros adicionais que o seu Governo prevê gastar em infraestrutura entre 2016 e 2018, uma cifra que significa apenas 0,3% do PIB alemão. “Se podemos investir é graças à estabilidade orçamentária”, insistiu Merkel.

O plano Juncker não recebeu apenas o beneplácito da chanceler. O número dois do Governo, o social-democrata Sigmar Gabriel, e os industriais alemães também deram seu aval. “Precisamos de mais crescimento na Europa. Os Estados membros devem modernizar suas infraestruturas. [Mas] não basta só dar dinheiro”, afirmou Gabriel. O pacote de investimentos é “um passo na boa direção”, segundo a Federação Alemã da Indústria.

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