_
_
_
_
_

WhatsApp começa a criptografar mensagens

O aplicativo evita que se possa interceptar conteúdo em sua versão para Android

Os ícones do WhatsApp e do Facebook na tela de um smartphone.
Os ícones do WhatsApp e do Facebook na tela de um smartphone.Bloomberg

Parecia ser mais uma atualização do WhatsApp para Android. Na sede da empresa não foi dado muito destaque. Mas trata-se de um update fundamental para reabilitar a confiança dos usuários após a sensação de perda de controle com o polêmico sinal de leitura de mensagens. Não é preciso ativar nada, nem dar o consentimento. Por default, as mensagens só serão legíveis no celular do destinatário. WhatsApp se uniu à Open Whisper Systems, uma empresa especializada em segurança.

As mensagens são codificadas usando a criptografia end-to-end. Isso significa que, diferentemente do chat do Facebook ou do Gmail, as mensagens só são decifradas no celular do destinatário e vice-versa. Assim como no iCloud, a nuvem da Apple, o WhatsApp não terá acesso às mensagens, o que tampouco foi exigido pelas autoridades. É algo que aplicativos pouco conhecidos, como Cryptocat e Silent Text, já oferecem, assim como o russo Telegram, cujo surgimento fez com que os usuários questionassem a proteção do WhatsApp.

Mais informações
Como os ‘hackers’ protegem seus dados na nuvem
As mensagens via celular ameaçam as redes sociais
Facebook continua manipulando você, mas agora com mais cuidado
Mais notícias sobre tecnologia

Essa atualização funciona apenas com os celulares que utilizam o sistema operacional do Google. Não foi dada nenhuma estimativa sobre sua inclusão no iPhone, mas esta é uma das solicitações mais frequentes dos clientes.

O WhatsApp confiou na Open Whispter Systems, uma empresa especializada em segurança que conta com vários softwares no mercado: Signal, Redphone e TextSecure. Este último foi fundamental para fechar o acordo com a companhia de Jan Koum. Não só criptografaram como também fizeram várias demonstrações em conferências mostrando outras habilidades, parte do código fonte e testes de ataques dos quais saíram ilesos.

O diretor técnico da Open Whisper Systems, Moxie Marlinspike, afirmou no blog da empresa que a integração foi realizada em pouco mais de seis meses, ao mesmo tempo em que revelou que a intenção era tê-lo feito antes, mas a venda do WhatsApp ao Facebook, em fevereiro, atrasou a integração.

Mesmo sendo dono do WhatsApp, o Facebook segue seu próprio caminho no mundo das mensagens, alheio às novidades. Pode parecer incongruente, mas faz parte do compromisso: manter o aplicativo de Jan Koum paralelamente à rede social. Apenas o marketing é feito desde os domínios de Mark Zuckerberg. A engenharia é gerada a poucos quilômetros de distância dali, no bunker da Montain View. Isso explica por que a rede social mantém seu aplicativo de troca de mensagens como algo distinto de seu aplicativo original e por que agora introduziu mais um, Grupos. Três aplicativos: rede social, de usuário para usuário e grupos, para se comunicar no Facebook. Uma estratégia que causa confusão mas que se encaixa no rolo-compressor de Menlo Park: reunir mais usuários e fazê-los passar mais tempo dentro do ambiente Facebook. Se WhatsApp supera os 600 milhões de usuários ativos por mês, a matriz não fica atrás, com mais de 500 milhões só no serviço de troca de mensagens.

Muitos desses clientes são a mesma pessoa, mas complementam funções, amigos e tipo de comunicação. O ambiente Facebook tenta assim neutralizar o avanço de outras alternativas, especialmente na Ásia, onde o Line e o WeChat continuam ganhando terreno.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_