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Cristiano, o devorador de recordes

O português se tornou o maior artilheiro da história da Eurocopa (incluindo eliminatórias)

Alejandro Ciriza
Cristiano Ronaldo comemora gol marcado contra a Armênia.
Cristiano Ronaldo comemora gol marcado contra a Armênia.RAFAEL MARCHANTE (REUTERS)

Quando uma pessoa se depara com uma barreira tem três opções: os mais medrosos apertam o freio e dão meia volta; os espertos se esquivam por um dos cantos, na ponta dos pés e em silêncio se estiverem infringindo a norma; e há aqueles que quando se encontram diante de um obstáculo no meio do caminho optam por encará-lo com decisão e saltá-lo. Cristiano Ronaldo, homem sem medo, pertence ao último grupo. Na noite de sexta-feira, o português tinha diante de si no duelo com a Armênia um novo muro. Com 22 gols anotados, podia transformar-se no maior artilheiro da história da Eurocopa (incluindo as eliminatórias). E o português, determinado e corajoso como poucos, tomou impulso, lubrificou as molas e deu um salto incrível.

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Não há obstáculo que pare o atacante do Real Madrid, sempre faminto, com mais vigor quando uma pedra se interpõe em seu caminho. Colecionador de um rosário de recordes que escrevem pouco a pouco a história de um legendário jogador. Na sexta-feira, na noite no Faro, o camisa 7 marcou um gol e contabiliza já 23 entre os jogos de eliminatórias e da Eurocopa –17 nos primeiros e 6 nos torneios. Ou seja, mais que qualquer um; uma nova medalha para adicionar à sua coleção. Igualando-se ao dinamarquês Jon Dahl Tomasson e ao turco Hakan Sükür, o jogador do Real Madrid, devorador insaciável, quis ir ainda mais longe e se diferenciar.

Especialista em derrubar barreiras, por terra, mar e ar, o camisa 7 costuma ir sempre além dos limites

Pouco a pouco, Cristiano continua batendo recordes. Com apenas 29 anos já cumpriu uma trajetória formidável, salpicada de um número interminável de gols e cetros, de números estratosféricos. Especialista em derrubar marcas futebolísticas, por terra, mar e ar, com a direita, a esquerda ou a cabeça, o luso costuma ir sempre além do limite, para viver no pomposo mundo dos recordes. Históricos alguns, outros mais circunstanciais. O recorde? “É apenas mais um. Sabia que isso iria acontecer cedo ou tarde”, afirmou o português, firme candidato a ganhar outra Bola de Ouro, conquistada um ano atrás. “O que tinha de fazer eu já fiz, ganhei títulos importantes e bati muitos recordes. Estou no caminho correto, não estou obcecado.”

Cristiano, em um jogo de 2012 contra o Zaragoza.
Cristiano, em um jogo de 2012 contra o Zaragoza.ULY MARTÍN

Gols por toda a parte.

Geralmente, quando o português ataca, não o faz somente uma vez: atiça duas ou três vezes. Por isso, ostenta o recorde de vezes que marcou três gols em uma mesma partida, numa mesma temporada. Conseguiu isso na temporada de 2011-2012, em nada mais nada menos do que sete partidas. Zaragoza, Rayo, Málaga, Osasuna, Sevilla, Levante e Atlético foram as vítimas. Nesse campo, conta, além do mais, com os três gols mais rápidos: marcou-os em 27 de janeiro de 2013, contra o Getafe, na Liga. Precisou apenas de nove minutos.

Cristiano Ronaldo, que totaliza em sua carreira 28 hat tricks –25 com o Real Madrid, dois com Portugal e um com o Manchester United– conta também com a honra de ser o jogador que fez mais hat tricks na história da Liga espanhola: 22. Esse recorde ele divide com lendários artilheiros Zarra e Di Stéfano. Depois deles vêm Messi (19), Mundo (19), César (16), Lángara (13) e Puskas (12). Somente ele, porém, pode se orgulhar de ter marcado em todos os minutos de uma partida do 1 ao 90.

Cristiano chuta diante de Kompany em partida Real Madrid x Manchester City.
Cristiano chuta diante de Kompany em partida Real Madrid x Manchester City.LUIS SEVILLANO

2011-2012: Maior quantidade de gols em uma temporada.

A temporada 2011-2012 foi a mais produtiva do astro português. Essa campanha, na qual se tornou o primeiro jogador capaz de marcar gols contra todas as equipes em um mesmo campeonato, alcançou a incrível marca de 60 gols em 61 partidas, o que equivale a uma média de 0,98. Em sua terceira temporada no Real Madrid, alcançou a marca de 46 gols na liga espanhola (foi superado apenas por Messi, com 50 nesse mesmo ano), 10 na Liga dos Campeões, três na Copa do Rei e outro na Supercopa da Espanha. E a distribuição foi a seguinte: 26 com a perna direita, 11 com a esquerda, 10 de pênalti, nove de falta e quatro de cabeça.

Cristiano Ronaldo comemora gol marcado pelo United em 2008.
Cristiano Ronaldo comemora gol marcado pelo United em 2008.REUTERS

Sua marca na Inglaterra.

Sua passagem pela Premier League foi igualmente inesquecível. Com a camisa do Manchester United e sob as ordens de sir Alex Ferguson, seu mentor no futebol, conseguiu anotar 118 gols em 292 jogos. Em seu ponto mais alto, já como referência indiscutível para a torcida no Old Trafford, o português quebrou o recorde de artilharia de um diabo vermelho na liga inglesa com seus 31 gols marcados em 34 jogos na temporada 2007-2008. Seu total geral chegou a 42. Deixou para trás, portanto, o célebre George Best, que na temporada 1967-1968 havia feito 33 gols. Somente Andy Cole (34 em 1994, com o Newcastle) e Shearer (34 em 1995, com o Blackburn) demonstraram ímpeto mais fulminante em uma temporada, e Luis Suárez (31 em 2014) foi o único capaz de seguir a estrela de Cristiano.

CR, durante jogo Portugal x Armênia em Faro.
CR, durante jogo Portugal x Armênia em Faro.RAFAEL MARCHANTE (REUTERS)

A coroa de Portugal.

Exaltado na Espanha e na Inglaterra, em seu país natal também usa a coroa de sua seleção. Estreou por Portugal aos 18 anos, sob comando de Luiz Felipe Scolari, em uma partida de 2003 contra o Cazaquistão. Apesar de não ter conquistado nenhum título, o atacante do Real Madrid é o maior artilheiro da história da seleção lusa, com 52 gols em 122 partidas (uma média de 0,42). No mês de março, desbancou Pauleta (47 em 88) e antes já havia superado o mítico Eusebio (41 em 63), a quem também ultrapassou no posto de maior goleador português em Eurocopas.

Cristiano beija sua terceira Chuteira de Ouro.
Cristiano beija sua terceira Chuteira de Ouro.JUAN JOSÉ HIDALGO (EFE)

Três Chuteiras de Ouro.

Outro fato que fala da descomunal capacidade de finalização do camisa 7 são as três Chuteiras de Ouro que já conquistou até o momento. Foi o ganhador do prêmio em 2008 (31 gols), 2011 (40) e na temporada passada (31), esta dividida com Luis Suárez. Em uma disputa individual e permanente com Messi, que só faz multiplicar as estatísticas de ambos, só o argentino também ganhou três vezes este troféu. Agora, se permanecer assim, Cristiano caminha para pulverizar seus próprios números. Já soma 18 gols nas 10 partidas disputadas. Ou seja, sua média de gols é de 1,8. Demolidor.

O português comemora gol marcado pelo Real Madrid em 2011.
O português comemora gol marcado pelo Real Madrid em 2011.Claudio Alvarez

Rendimento linear.

Entusiasmado com seu astro, Florentino Pérez fala sempre sobre o profissionalismo, o perfeccionismo e o desejo de superação de seu jogador. “Para ele não há limites inacessíveis, una ao talento dele uma entrega imensa. Ele é o herdeiro digno de Di Stéfano”, disse recentemente o dirigente do Real Madrid. Constante e regular como poucos, Cristiano é o único jogador a ter superado a barreira dos 50 gols durante quatro temporadas consecutivas: 53 na 2010-2011, 60 na 2011-2012, 55 na 2012-2013 e 51 na 2013-2014. Adorado pelo Santiago Bernabéu, o atacante foi o mais rápido a alcançar o centenário de gols na Liga. Conseguiu o feito em seu terceiro ano de Real Madrid e precisou de 92 jogos. Assim desbancou Puskas, que havia conseguido em 105 partidas.

Cristiano, após marcar contra o Galatasaray em Istambul na temporada passada.
Cristiano, após marcar contra o Galatasaray em Istambul na temporada passada.AFP

Maior artilheiro da fase de grupos da Champions.

O habitat continental o inspira de forma especial. Na temporada passada, o português foi um ciclone na fase de grupos. Estreou com três gols contra o Galatasaray, depois deu prosseguimento com dois contra Copenhague e dois contra Juventus, e fechou a primeira fase com mais dois contra dinamarqueses e italianos. No total, nove gols. Uma marca que era só dele até bem pouco tempo. Agora, a divide com o brasileiro Luiz Adriano.

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