_
_
_
_
_

Hillary Clinton mira a Casa Branca

Ex-secretária de Estado já se prepara para a corrida presidencial de 2016

Na foto (AFP) Hillary Clinton, no sábado em Louisiana. | No vídeo (Reuters), reações aos resultadosFoto: reuters_live
M.B.

Falta mais de um ano para o início do processo de primárias e assembleias eletivas que decidirá os candidatos, e dois anos para as eleições presidenciais que escolherão o sucessor do democrata Barack Obama. Mas, uma vez terminada a apuração das eleições da terça-feira, a campanha para 2016 já estará em marcha.

Os aspirantes ficaram mais aguerridos durante as últimas semanas. Apoiaram candidatos de seus partidos ao Senado, à Câmara dos Representantes e aos governos estaduais. Nenhum declarou sua candidatura. Vendo em ação políticos como a democrata Hillary Clinton, ex-secretária de Estado, não havia dúvida de que se tratava de figuras de calibre presidencial.

Ao comparar a lista de possíveis candidatos do Partido Democrata e do Partido Republicano chama atenção o contraste. Só um nome se destaca no campo democrata: o de Clinton, ex-primeira dama, ex-senadora, candidata à Casa Branca derrotada por Obama durante o processo de nomeação do partido em 2008 e depois chefe da diplomacia norte-americana no Governo do atual presidente.

O elenco republicano é mais amplo. Inclui personalidades emergentes, como o senador Rand Paul, filho da estrela da direita libertária, Rum Paul, e representante de uma nova direita, próxima ao movimento populista Tea Party em seu receio com um Estado federal forte, tanto em matéria econômica, como em questões de segurança nacional.

Mais informações
Os aspirantes à presidência dos EUA põem sua estratégia à prova
Hillary Clinton mantém a incógnita sobre sua volta em 2016
Barack Obama enfrenta o descontentamento dos EUA
Avanço republicano também na batalha pelos governos estaduais
Republicanos conquistam sua maior vitória na era Obama

Mas a lista de republicanos que insinuaram a disposição de batalhar pela nomeação é longa: do senador pelo Texas Ted Cruz, representante da direita mais intransigente, a outro político – como Cruz, de origem cubana – , o senador pela Flórida Marco Rubio, passando pelo governador de Nova Jersey, Chris Christie, ou o ex-governador da Flórida Jeb Bush, irmão e filho de ex-presidentes.

A corrida será uma luta pela identidade de um Partido Republicano que, sob o influxo do movimento populista Tea Party, posicionou-se mais à direita durante os anos Obama. Há entre os nomes citados libertários e estatistas, partidários de fechar as fronteiras e defensores da legalização sem papéis, falcões em política externa e pombas com inclinações isolacionistas.

Em um país onde os partidos são coalizões que integram mais sensibilidades heterogêneas do que exércitos uniformizados, o debate interno não é exclusivo dos republicanos. A esquerda democrata, que impulsionou Obama em 2008, deposita suas esperanças na senadora Elizabeth Warren, heroína da luta contra os abusos dos bancos e figura do novo populismo (termo que nos Estados Unidos não tem as mesmas conotações negativas que na América Latina e na Europa), contrário a Wall Street e crítico às grandes corporações. Em uma época de desigualdade crescente, a própria Warren – ou pelo menos suas ideias – figurará nos debates para a nomeação. Nas últimas semanas, durante a campanha para as eleições da terça-feira, a pragmática Clinton, bilionária e amiga de Wall Street, reproduziu em seus discursos alguns argumentos de Warren. É o ar dos tempos.

O processo, desde agora até a eleição presidencial, será tortuoso. O primeiro desafio para cada aspirante são os meses de exploração, de avaliar se a candidatura é viável, se há dinheiro para lançá-la, se as famílias estão dispostas a dedicar quase dois anos a uma tarefa ingrata – milhares de quilômetros em estradas secundárias, um escrutínio feroz da imprensa, ligações para desconhecidos, em horas intempestivas, para pedir fundos, noites em hotéis decadentes de beira de estrada e reuniões em fazendas perdidas em Estados como Iowa – que costuma terminar em fracasso. O ano de 2015 marca o anúncio das candidaturas, dos primeiros debates e o início da campanha das primárias, um processo que é lançado no começo de 2016 e culmina no verão norte-americano com a nomeação dos candidatos democrata e republicano.

Clinton é a favorita. Por sua experiência e por seu talento político. E porque, se em 2016 ela conseguir mobilizar os latinos – a minoria mais pujante dos Estados Unidos – como Obama em 2008 e 2012, os republicanos terão dificuldades para derrotá-la. A retórica contrária aos cidadãos ilegais funciona com as bases republicanas que decidem a nomeação, mas pode condenar o partido à derrota na votação presidencial. O problema para os democratas é que eles contam com poucos políticos latinos no alto escalão. Os republicanos contam com hispânicos como Marco Rubio ou simpatizantes como Jeb Bush.

Se Jeb Bush – casado com uma mexicana e considerado durante anos como o “bom” entre os irmãos Bush, em contraste com o ex-presidente George W. Bush – for candidato, ele poderia acabar enfrentando Hillary Clinton. Bush contra Clinton? Os Estados Unidos, país da meritocracia, também parecem ser o das dinastias: a dos Kennedy é a mais famosa. Mas qualquer prognóstico é uma aposta. Em 2006, Clinton era a favorita, a candidata inevitável. Dois anos depois, um semi-desconhecido de nome exótico, Barack Hussein Obama, a derrotou.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_