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Nova York coloca médicos que estiveram na África em quarentena

Primeira pessoa submetida ao novo protocolo teve febre horas antes de ser isolada

Os governadores de NY, Andrew Cuomo e de Nova Jersey, Chris Christie.
Os governadores de NY, Andrew Cuomo e de Nova Jersey, Chris Christie.

A gestão da crise de ebola está sendo realizada com muita fluidez em Nova York, nos Estados Unidos. Mas a tensão entre os responsáveis pela saúde era palpável na tarde deste sábado tarde, no escritório onde são desenvolvidos os planos de emergência para a cidade dos arranha-céus, situado justamente aos pés da icônica ponte do Brooklyn. É a maneira de mostrar ao público que tudo está sob controle e garantir que, da porta para dentro, nada está sendo deixado ao azar.

Para limitar ao máximo o risco de propagação do vírus pela maior área metropolitana dos Estados Unidos, as autoridades de Nova York e Nova Jersey imediatamente reforçaram o controle que aplicam aos passageiros nos aeroportos JFK e no Internacional de Newark. Vão além dos protocolos federais e submetem à quarentena os médicos que trataram diretamente pacientes de ebola na África Ocidental.

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Esse foi o caso de Craig Spencer, voluntário de Médicos sem Fronteiras, diagnosticado com ebola, quando chegou ao país em 17 de outubro. Até agora, os profissionais de saúde que regressavam da região limitavam-se a medir a temperatura diariamente e reduzir, na medida do possível, o contato direto com outras pessoas durante o período de incubação do vírus. Agora, esses indivíduos considerados de alto risco estão em quarentena de 21 dias.

A medida começou a ser aplicada na tarde deste sábado, quando um médico que chegou ao país em Newark, mediante ordem do governador de Nova Jersey, Chris Christie. Bill de Blasio, prefeito de Nova York, assegurou horas antes dessa medida entrar em vigor que o propósito é se adiantar à crise. "Essas precauções estão dando frutos", acrescentou. O desafio, segundo ele, é "extraordinário". "Os protocolos estão sendo seguidos ao pé da letra", garantiu, mas também disse que alguns ajustes ainda são necessários.

A primeira pessoa submetida à quarentena com as novas regras começou a sentir febre horas depois de ser isolada em uma unidade especial do hospital universitário de Newark e está sendo avaliada para que seja determinado se é porque o vírus já está atuando em seu corpo. Trata-se de uma mulher, cuja identidade não foi revelada. Sabe-se apenas que não é moradora de Nova Jersey e que tem a intenção de ir para Nova York.

"Estamos diante de uma situação em constate evolução", explicou, em coletiva de imprensa, o governador nova-iorquino Andrew Cuomo, "por isso vamos fazer o que for necessário para proteger, acima de tudo, a saúde e a segurança de nossos cidadãos". Os dois estados vizinhos estão reforçando, paralelamente, os protocolos de comunicação entre seus departamentos de saúde para coordenar a informação dos viajantes que chegam a JFK e Newark.

Controles diretos

Nova York e Nova Jersey querem, como indicaram os especialistas em situações de emergência, fazer os controles diretamente e levá-los além das diretrizes federais, se acharem apropriado. Bill de Blasio deixou claro que doutores como Craig Spencer são "essenciais", porque estão na primeira linha de combate da doença. Mas também disse que é necessário reduzir ao mínimo o risco, com medidas adicionais.

Mary Travis Bassett, responsável do Departamento de Saúde de Nova York, chamou o voluntário de uma pessoa "de grande coração" por colocar sua vida em risco. Rima Khabbaz, líder da equipe destacada para Nova York pela Agência de Controle de Doenças, também disse que os protocolos de controle estão melhorando e sendo elevados, com aprendizados de experiências passadas.

O primeiro caso de ebola na cidade de Nova York aconteceu um dia depois dos EUA decidirem limitar a cinco aeroportos a chegada de passageiros procedentes da África Ocidental. No momento, não se fala em aplicar uma proibição de voos desses países, mas o caso de Spencer aumenta a pressão. Os passos dados pelas equipes de Bill de Blasio, Andrew Cuomo e Chris Christie para administrar a crise podem ser tomados como exemplo por autoridades dentro e fora do país.

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