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Lula assume protagonismo na eleição e se encarrega dos ataques aos tucanos

Ex-presidente fortalece a presença ao lado de Dilma Rousseff nesta reta final Cabe a ele o papel de fazer os ataques ao rival e preservar a imagem da presidenta

Dilma Rousseff e Lula em campanha em 20 de outubro.
Dilma Rousseff e Lula em campanha em 20 de outubro. NELSON ALMEIDA (AFP)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fortaleceu sua presença na reta final da campanha presidencial e se tornou o grande protagonista da apertada disputa entre Dilma Rousseff (PT) e o candidato Aécio Neves (PSDB). Nas últimas semanas, o sindicalista assumiu o papel de atacar com mais veemência o adversário, livrando Rousseff da tarefa e preservando a imagem da presidenta.

Na última terça-feira, Lula comparou os ataques verbais feitos pelos tucanos na campanha às agressões dos nazistas contra os judeus. "De vez em quando, parece que estão agredindo a gente [nordestinos] como os nazistas faziam durante a Segunda Guerra Mundial", afirmou ele. “Eles são intolerantes. Outro dia eu dizia para eles: Vocês são mais intolerantes que Herodes, que mandou matar Jesus Cristo com medo de ele virar o homem que virou”, afirmou o sindicalista.

No mesmo comício, ocorrido em Recife, ele também criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirmou no último dia 6 que o PT tem os votos dos “menos informados”. “Lamento que um sociólogo não saiba a história para dizer que nós votamos em Dilma porque somos desinformados”. Ele também aproveitou para chamar Neves de “filhinho de papai” e “grosseiro”.

No último dia 18, em Belo Horizonte, berço político de Neves, Lula relacionou Neves aos interesses do capital financeiro, ao criticar a revista “The Economist”, que trouxe na última edição um editorial intitulado “Porque o Brasil precisa de mudança”, em que defendia a escolha de Neves para presidente.

"Não bastasse a imprensa brasileira, essa revista que defende os bancos não quer a Dilma, quer o Aécio. Qual a resposta que temos que dar? Que o Aécio é o candidato dos banqueiros, ótimo, porque a Dilma é a candidata do povo brasileiro", disse ele.

Já no campo dos tucanos, o próprio Neves tem sido o autor das duras críticas ao PT. No último dia 16, por exemplo, ele já havia trazido o tema “nazismo” para a eleição, mas em uma alusão aos petistas. Ele comparou o marqueteiro do PT, João Santana, a Joseph Gobbels, o ministro da propaganda de Adolf Hitler. “A presidente pode fazer todo esforço que quiser. Ela pode seguir seu marqueteiro, que na verdade me parece discípulo de Gobbels, que dizia que uma mentira repetida mil vezes se transforma numa verdade. Mas aqui eu não vou deixar que isso aconteça”, afirmou ele, se referindo as acusações petistas contra o governo dele em Minas. Ele também chamou a presidenta de “leviana” e “mentirosa”.

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A estratégia petista parece estar dando resultados. Uma pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta aponta que para 36% dos eleitores entrevistados Aécio Neves tem se mostrado mais agressivo, enquanto Rousseff é a mais agressiva para 24%. Em meio a uma campanha acirrada e dividida, os ataques verbais ganharam destaque nesta reta final, o que tem gerado críticas entre os eleitores. A mesma pesquisa aponta que 71% dos eleitores não concordam com a agressividade que foi vista neste segundo turno.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem vetado propagandas consideradas mais belicosas dos dois candidatos. Em entrevista ao jornal “O Globo” nesta quarta-feira, o ministro Dias Toffoli, presidente do órgão, criticou o baixo nível das campanhas e disse que isso já está provocando episódios de intolerância entre os eleitores. “Isso traz um acirramento também dentro da base da sociedade (…) Se até eles que querem presidir a República estão num nível tão baixo, a pessoa se sente mais a vontade para agredir quem pensa diferente dela.”

As agressões verbais entre os eleitores têm se acirrado não apenas nas redes sociais, onde os votantes do PT do nordeste são ofendidos com injúrias racistas, mas também presencialmente. O blogueiro Ênio Barroso, cadeirante, afirmou ter sido agredido por eleitores de Aécio por estar usando um adesivo de Dilma. E o humorista Gregório Duvivier, que assumiu em uma coluna do jornal “Folha de S. Paulo” que votará em Rousseff, também foi abordado por um homem, em um restaurante no Rio, que disse que sairia do lugar porque acabaria “dando porrada nele”. Também circula na internet um vídeo que mostra um grupo de jovens que fazia campanha pró-Aécio levar cusparadas e ser xingado por uma mulher com adesivo de Rousseff.

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