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Posso pegar ebola no ônibus?

Perguntas e respostas sobre o vírus

Manuel Ansede
O vírus do Ebola.
O vírus do Ebola.

Posso pegar ebola no ônibus?

Não se pega o vírus ebola pelo ar, nem pela água, nem normalmente pelos alimentos. O diretor-geral de Atenção Básica da Comunidade de Madri, Antonio Alemany, destacou na segunda-feira que para ser contaminado pelo vírus ebola “é necessário um contato direto com as secreções do paciente com sintomas”, seja seu sangue, urina, saliva, sêmen ou fezes. A auxiliar de enfermagem infectada em Madri estava de férias desde o dia 27 de setembro –um dia depois do falecimento do missionário que contraiu o vírus em Serra Leoa, de quem ela cuidou– até sua internação na segunda-feira pela manhã no hospital, estando em contato direto com seu marido. No entanto, neste período não apresentou febre alta, mais de 38,6 graus, um sintoma considerado necessário para o contágio. “Até que não existam sintomas é preciso lembrar que esta doença não se transmite”, destacou Alemany. A ministra da Saúde da Espanha, Ana Mato, enviou na segunda-feira “uma mensagem de tranquilidade aos cidadãos”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que, no caso de pessoas que viajam de avião com infectados pelo ebola, “ainda que os viajantes devam monitorar sua saúde e a das pessoas ao seu redor, o risco de infecção para eles é muito baixo”.

E se espirram em meu rosto?

As autoridades sanitárias internacionais insistem em evitar alarmes injustificados. Os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos detalham o improvável conjunto de fatores que devem se manifestar para que uma pessoa seja contaminada pelo ebola, sem ter contato direto com o doente: “Embora a tosse e os espirros não sejam sintomas comuns do ebola, se um paciente sintomático com ebola [com febre superior a 38,6 graus] tosse ou espirra sobre alguém, e sua saliva ou seu muco entram em contato com os olhos, nariz ou boca dessa pessoa, esses fluidos podem transmitir a doença”.

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Quanto tempo o vírus ebola sobrevive em um lugar fechado?

Os CDC dos EUA afirmam que até agora só foi realizado um estudo em laboratório para comprovar quanto tempo o ebola sobrevive em um cômodo, mas este foi conduzido em condições que favoreciam a existência do vírus. Nessas circunstâncias ideais, o ebola pode manter-se ativo durante seis dias. No entanto, um estudo em condições reais, realizado em um hospital africano, não detectou vírus ativos em nenhuma das 33 amostras recolhidas em lugares que não estiveram visivelmente manchados de sangue de pacientes. Os CDC estabelecem um período de 24 horas como “máximo” prazo para a existência do vírus em um ambiente hospitalar com boas práticas de limpeza e desinfecção. O vírus pode ser eliminado inclusive com desinfetantes como água sanitária, de uso doméstico.

Quais são os sintomas da doença?

Os sintomas costumam aparecer entre oito a dez dias depois do contato com o vírus, embora possam surgir entre dois e 21 dias após esse período. Os sintomas mais frequentes são febre superior a 38,6 graus, forte dor de cabeça, dores musculares, diarreia, vômitos, dor de estômago e hemorragias sem causa aparente.

E se um mosquito me pica?

Não existe nenhuma evidência científica de que os mosquitos possam transmitir o ebola. Por enquanto, constatou-se a transmissão do vírus apenas por alguns animais selvagens, como macacos e morcegos.

Há tratamento contra o ebola?

Não. A histórica falta de financiamento atrasou o desenvolvimento de um tratamento eficaz contra o ebola. Há várias vacinas e tratamentos experimentais que são promissores, como o ZMapp, produzido pela empresa norte-americana Mapp Biopharmaceutical. No entanto, a própria companhia admite que seu medicamento está esgotado, que consiste em um coquetel de proteínas produzidas em plantas de tabaco transgênicas, e que se unem ao vírus de tal modo que as defesas do organismo dos macacos são capazes de identificá-lo e eliminá-lo. Também há dúvidas sobre sua eficácia. “O ZMapp funciona? Não sabemos”, destaca a empresa em seu site. “São necessários mais ensaios clínicos e mais amplos para determinar se o ZMapp é seguro e efetivo”, acrescentam.

Como explica a OMS, os pacientes com ebola em estado grave costumam se desidratar e precisam de fluidos intravenosos ou reidratação por via oral. Não se trata de atacar a raiz da doença, mas de aliviar os sintomas.

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