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Dilma Rousseff, favoritismo imune a escândalos

Candidata à reeleição enfrentou campanha dura, com país à beira de uma recessão, movimento “volta Lula”, denúncias de corrupção e lembranças da onda de protestos

Índice de desemprego e projetos sociais amparam Dilma.
Índice de desemprego e projetos sociais amparam Dilma. Felipe Dana (AP)

A campanha à reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT) foi marcada por crises e denúncias que ameaçaram sua trajetória na disputa em 2014. Fragilizada pelo avanço de Marina Silva (PSB), que chegou a aparecer nas pesquisas empatada com ela, a petista viu sua popularidade ameaçada e passou meses tendo de rebater as críticas dos rivais e mesmo de setores do partido que, descrentes de suas chances de se reeleger, pediam o retorno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – em um movimento que ficou conhecido como “volta Lula”. Mesmo assim, às vésperas da eleição, a presidenta chega ao primeiro turno com chances de repetir a votação de 2010, quando teve quase 47% dos votos válidos, mais que o obtido pelo próprio Lula na primeira etapa das eleições de 2002.

Pesquisas divulgadas neste sábado mostram que a candidata do PT teria entre 44% e 46% dos votos válidos (excluídos brancos e nulos). Há dois meses, porém, ela aparecia empatada com Marina, que entrou na corrida após a morte do presidenciável Eduardo Campos (PSB) em um acidente aéreo em 13 de agosto.

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Dilma vem enfrentando obstáculos em sua tentativa de se reeleger desde junho de 2013, quando os protestos contra o aumento das tarifas dos transportes públicos em São Paulo, e contra os gastos excessivos para a realização da Copa do Mundo no Brasil, se transformaram em uma onda de manifestações por todo o país. Na mesma época, o país começava a dar sinais de um retorno do ‘fantasma’ da inflação, que assombra os brasileiros desde o final dos anos 1980 e o início da década de 90.

Pressionada por uma crise de confiança sem precedentes em relação a política, a presidenta ainda teve de responder, em 2014, por denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, a estatal petroleira que é a “menina dos olhos” do Governo. Isso porque, revelações do ex-diretor de abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal após ser apontado como pivô de um esquema de desvios de dinheiro, associaram o escândalo a políticos da base aliada, incluindo um ministro, o titular da pasta de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB do Maranhão).

Ainda teve de responder à pressão do empresariado pela saída do ministro da Fazenda, Guido Mantega, após a agência de classificação de risco Standard&Poors (S&P) reduzir a nota de crédito do Brasil. E, meses depois, o IBGE apontar um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 0,6% no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores – o que configura, segundo analistas, com uma recessão técnica.

Apesar dos obstáculos e escândalos, Dilma manteve o favoritismo principalmente em decorrência de alguns fatores importantes: o sucesso dos projetos de inclusão social no Brasil desde a era Lula – que tirou milhões de pessoas da pobreza e cuja importância nenhum dos demais presidenciáveis ousa questionar –; a manutenção do baixo índice de desemprego no país; e, obviamente, o poder da máquina pública, uma arma que impõe, a cada eleição, dificuldades a qualquer adversário que enfrenta o candidato governista.

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