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Obama tenta reforçar na ONU coalizão internacional contra o EI

Presidente dos EUA afirma que a intervenção na Síria, “não é uma luta apenas da América”

Obama explica a operação militar contra o Estado IslâmicoFoto: reuters_live
Marc Bassets

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tentará nesta semana na sede a ONU, em Nova York, reforçar a coalizão internacional que busca “degradar e destruir” os insurgentes sunitas do Estado Islâmico (EI). Em uma breve declaração na Casa Branca antes de embarcar para Nova York, Obama disse nesta terça-feira que os bombardeios na Síria, iniciados durante a madrugada (horário de Brasília), contam com a colaboração de vários países árabes e com o respaldo dos dois partidos no Congresso norte-americano.

“A força desta coalizão deixa claro ao mundo que esta não é só uma luta da América”, disse Obama. “Os povos e governos do Oriente Médio estão rejeitando o EIIL [outra sigla que designa o Estado Islâmico]”, acrescentou. Arábia Saudita, Emirados Árabes, Jordânia, Bahrein e Qatar participaram da intervenção na Síria.

O presidente alertou que o esforço contra o EI na Síria e no Iraque “levará tempo”, mas prometeu que os Estados Unidos farão “tudo o que for necessário” para derrotar o grupo sunita, que aspira a criar um califado no coração do Oriente Médio.

Obama explicou que os primeiros ataques na Síria tiveram como alvo não só o EI, mas também o Khorasan, um grupo que é afiliado à Al Qaeda e, segundo as autoridades norte-americanas, ameaça os EUA.

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Para Obama, que autorizou unilateralmente a intervenção na Síria, é fundamental ressaltar que a operação conte com uma ampla coalizão internacional. O presidente disse que mais de 40 países já ofereceram ajuda contra os jihadistas no Iraque e na Síria.

Ao contrário do que ocorreu no caso do Iraque, em que o governo de Bagdá solicitou a intervenção dos EUA contra o EI, na Síria, os Estados Unidos atacaram sem pedir permissão, o que revela dúvidas sobre a legalidade da operação. Os EUA, por intermédio da sua embaixadora na ONU, notificaram o Governo sírio, mas não lhe pediram permissão nem coordenaram os ataques, segundo Jen Psaki, porta-voz do Departamento de Estado.

Com os bombardeios iniciados na madrugada de terça-feira, os EUA se envolvem pela primeira vez na guerra civil síria, na qual mais de 200.000 pessoas já morreram, segundo alguns cálculos.

A intervenção ocorre após três anos de hesitações: em 2011, Obama pediu a renúncia do presidente Bashar al Assad; em 2012, disse que os EUA interviriam se houvesse provas de que o regime de Damasco usava armas químicas; em 2013, tudo estava pronto para um ataque contra Assad, mas, no último momento, a Casa Branca recuou; agora, a maior potência ataca, mas não o regime de Assad, e sim os seus adversários fundamentalistas do EI.

Brasil se opõe aos ataques dos EUA contra jihadistas na Síria

CAMILA MORAES

Quando se encontrarem em Nova York nesta quarta-feira para 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Dilma Rousseff deixará claro a Barack Obama e ao resto do mundo que é contra os ataques aéreos na Síria pela coalizão liderada pelos Estados Unidos. A investida militar norte-americana começou na noite de segunda-feira com o objetivo de desmantelar a organização terrorista Estado Islâmico (EI) e combater células da rede al-Qaeda.

Durante sua participação nesta terça na cúpula de Mudança Climática das Nações Unidas, a presidenta declarou que “o Brasil sempre vai acreditar que a melhor forma é o diálogo, o acordo e a intermediação da ONU”, esclareceu.

Citando Iraque, Líbia e a Faixa de Gaza para exemplificar que as agressões militares podem ter resultados imediatos, “mas depois causam prejuízos e turbulências”, Dilma afirmou, ainda, que a ONU não tem respondido contundentemente à recente explosão de conflitos internacionais. “O Brasil acha que o Conselho de Segurança da ONU tem que ter maior representatividade, para impedir esta paralisia do Conselho diante do aumento dos conflitos em todas as regiões do mundo.”

Enquanto isso, Obama, em pleno processo de formar uma coalizão internacional contra o Estado Islâmico, confirmou a adesão de mais de 40 países na “luta contra os jihadistas”, incluindo as cinco nações árabes que participaram dos ataques aéreos na Síria — Bahrein, Jordânia, Qatar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

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