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Hillary Clinton mantém a incógnita sobre sua volta em 2016

A ex-chefe da diplomacia norte-americana visita o Estado que realiza as eleições primárias, mas continua sem definir seu futuro político nas eleições presidenciais

Yolanda Monge
Hillary Clinton em Iowa, no domingo, junto de Bill Clinton.
Hillary Clinton em Iowa, no domingo, junto de Bill Clinton.Steve Pope (AFP)

A expectativa de que a hora seria agora era tanta que mais de 200 jornalistas fizeram o credenciamento para um ato que, no ano passado – e nos anteriores –, passou despercebido. Entre os profissionais estavam até os pesos-pesados do jornalismo político. Todos esperando, neste fim de semana, ouvir a ex-secretária de Estado Hillary Clinton anunciar sua candidatura às eleições presidenciais de 2016.

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Mas mais uma vez – e já se vão algumas – os anseios não se concretizaram, apesar de tudo apontar para que fossem. Então, não. Ainda que pareça que sim... Mas... Vez ou outra, desde que a ex-primeira-dama começou a turnê de divulgação de seu livro, no início do verão do hemisfério norte, cada aparição pública e cada declaração são medidas e lidas com um viés eleitoral. É verdade que o evento de domingo passado tinha mais elementos estratégicos que todos os anteriores.

Hillary Clinton voltava a Iowa, o primeiro Estado a votar nas primárias e que, em tese, marca a pauta do resto da campanha. Voltava depois de uma dolorosa derrota em 2008, que deixou sua pré-candidatura em um inesperado terceiro lugar, atrás de Barack Obama e John Edwards. E não foram poucos os jornalistas que consideraram que a volta dela a Iowa seria para realizar um ato carregado de simbolismo redentor: agora sim, agora chegou a minha hora.

Algo que parecia estar prestes a acontecer quando, logo no início de seu discurso, Hillary Clinton pronunciou uma frase comprometedora. “I’m back” (“Voltei”), proclamou, levantando os braços para enfatizar seu regresso. Mas a partir daí, a ex-senadora por Nova York fez o que costuma fazer desde sua derrota em 2008: fazer mistério em torno de sua possível – e nova – tomada da Casa Branca.

Além do “I’m back”, nos 23 minutos de discurso Clinton fez pelo menos outras duas referências à possibilidade de se tornar a primeira mulher presidenta dos Estados Unidos. “Tenho tantas coisas na minha cabeça estes dias”, disse, enumerando a primeira e passando a explicar sua resistência inicial em aceitar o convite para ir ao evento porque está para se tornar avó a qualquer momento.

É verdade, estou pensando nisso", brincou Clinton em relação à sua possível candidatura às eleições presidenciais de 2016

“E, claro, tem essa outra coisa”, afirmou Clinton, arrancando aplausos da plateia do evento conhecido como “Harkin Steak Fry”, uma espécie de churrasco que o senador democrata por Iowa Tom Harkin organiza a cada ano para arrecadar fundos e que, neste ano, serviu também para sua despedida após 40 anos de uma longa carreira política. Entre os presentes, estavam muitos ativistas da campanha Ready for Hillary.

“É verdade, estou pensando no assunto”, Clinton voltou a insinuar, em tom de brincadeira. “Mas por enquanto não é esse o motivo pelo qual estou aqui”, anunciou a ex-chefa da diplomacia norte-americana, frustrando todas as expectativas. “Hoje estou aqui por causa da carne”, concluiu, deixando sem notícias tantos jornalistas de Washington enviados em vão ao Meio-Oeste norte-americano. E ainda assim, mesmo sem um anúncio oficial, o The Washington Post sentenciou: “Isso é simplesmente um passo a mais na campanha presidencial”.

Depois de Clinton subiu ao palco seu marido, o ex-presidente, um orador muito melhor que ela e mais próximo do povo – uma proximidade que a ex-primeira-dama não tem e que lhe pesou em 2008 ao competir contra Obama. Os Clinton foram introduzidos pelo senador Harkin, que os apresentou como “The Comeback Couple”, aludindo ao termo com que a imprensa batizou Bill Clinton após ele conseguir uma inesperada ascensão nas primárias de 1992.

Hillary Clinton já se mostrava inclinada a encerrar seu discurso quando não resistiu a abandonar Iowa sem outra referência a mais uma eventual volta à política: “Não deixemos que se passem outros sete anos”. “Chegou a hora de escrever novos capítulos no sonho americano”, concluiu, sem concluir.

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