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A Escócia diz à Catalunha que sua separação do Reino Unido foi “consenso”

Salmond não quis se pronunciar sobre o direito da Catalunha de realizar uma consulta

Declarações de Salmond e MillibandFoto: reuters_live

Alex Salmond, líder do independentista Partido Nacional Escocês (SNP na sigla em inglês) não quis se pronunciar sobre o direito que a Catalunha pode ou não ter de realizar um referendo de independência, mas reafirmou que a “diferença central” é que o processo escocês é legal e tem o consentimento tanto de Edimburgo quanto de Londres.

E assegurou que essa diferença central faz parte da “política oficial espanhola”, dando a entender que o Governo espanhol não impedirá, em seu momento, um reingresso da Escócia pela via rápida na União Europeia, se esta conseguir a independência pois isso a obrigaria legalmente a sair do clube e pedir novamente a entrada.

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Perguntado na entrevista coletiva desta quinta-feira em Edimburgo sobre o direito de outras regiões, e em especial da Catalunha, de realizar um referendo, o líder independentista escocês respondeu: “Este é um processo consentido. É um acordo entre os Governo do Reino Unido e o da Escócia, os dois concordaram em realizar um referendo. É algo que foi repetido muitas vezes, também pelo Governo espanhol.”

E reiterou: “O importante disto, a questão legal, é o consenso de realizar um referendo pelos Acordos de Edimburgo entre o Governos escocês e do Reino Unido. Acho que é o processo adequado para a Escócia e é o processo adequado para a realização de um referendo. Mas não sou eu que deve aconselhar outros países, outros povos, sobre como eles devem resolver suas questões.”

Minutos antes, questionado sobre a presença na próxima semana de observadores do Governo basco no referendo escocês, Salmond já havia adiantado o mesmo argumento: “O que está acontecendo na Escócia interessa a muitos países em todo o mundo. É a melhor celebração da democracia, que lá está acontecendo de forma consentida, pacífica e totalmente democrática. Esse é um referendo consentido e determinado pelo Acordo de Edimburgo assinado por mim e pelo primeiro-ministro [do Reino Unido]. É uma expressão democrática e esperamos uma participação de 80%.”

Apesar dessas explicações, um jornalista britânico questionou se o Governo espanhol, quando há “milhares de catalães hoje na rua”, iria mesmo aprovar o reingresso da Escócia na União Europeia pela via rápida. Salmond, que já tinha sublinhado o fato, para ele chamativo, de que a questão europeia só agora tenha aparecido na campanha do referendo, respondeu: “O fato de que muitos catalães estejam nas ruas, e no passado já foram um milhão, é consequência de acontecimentos na Catalunha e na Espanha. Não vejo como uma resposta ao que acontece na Escócia.” “Acho que a política oficial espanhola – e isso foi dito muitas vezes – é que o contraste, o fato de que este é um referendo consentido, um acordo constitucional entre o Governo de Londres e o da Escócia, marca uma distinção chave, a diferença central.”

Os independentistas escoceses tentaram a todo custo nos últimos anos se distanciar da questão independentista da Catalunha. E fazem isso enfatizando sempre a questão da legalidade e do acordo mútuo, dois fatores que não existem, por exemplo, no caso da independência unilateral de Kosovo, que nunca foi reconhecida pelo Governo espanhol, precisamente porque teve um caráter unilateral.

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