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Ronaldinho troca o Galo mineiro pelos Gallos mexicanos

Aos 34 anos, o atacante brasileiro jogará as duas próximas temporadas pelo Querétaro

David Marcial Pérez
Ronaldinho, em jogo do Atlético Mineiro em julho de 2013.
Ronaldinho, em jogo do Atlético Mineiro em julho de 2013.Bruno Magalhaes (AP)

A fundação do magnata Carlos Slim organizou na sexta-feira na Cidade do México conferências sobre desafios e ambições profissionais. Entre os gurus convidados para instruir os jovens estudantes mexicanos sobre como direcionar suas carreiras para os mistérios do sucesso estavam Antonio Bandeiras, Mark Zuckerberg e Ronaldinho Gaúcho. A imaginação e a vitalidade do jogador brasileiro foram se apagando pouco a pouco com o passar dos anos, e já vão longe aqueles acrobáticos dribles e os gols inverossímeis pelo Barcelona que lhe renderam o prêmio de melhor jogador do mundo em 2006. Com o mercado europeu fechado e a recusa do Palmeiras, o jogador de 34 anos chegou sem equipe ao evento de marketing – em julho, havia sido anunciada sua saída do Atlético Mineiro, onde participou da conquista da Copa Libertadores da América.

Sua saída do Galo mineiro provocou uma onda de rumores no México sobre a possível ida do atacante para a liga local. A melhor oferta afinal partiu do Querétaro, um clube agitado por recentes polêmicas, que poucas horas depois da fala de Ronaldinho sobre futebol e praia convenceu o jogador gaúcho a assinar um contrato de dois anos e dois milhões de dólares (4,5 milhões de reais) por temporada.

Foi Olegario Vázquez Raña, presidente dos Gallos Blancos – apelido pelo qual o Querétaro é popularmente conhecido – quem divulgou a contratação, por meio da sua conta do Twitter. Raña, de origem galega, um dos empresários mais destacados do México, é desde maio o novo dono do clube. O ex-proprietário da equipe, Amado Yáñez, que estava sendo investigado por uma suposta fraude multimilionária de sua empresa contra o banco Banamex.

Com as contas embargadas por um administrador federal, a equipe vivia uma situação delicada e chegou a ser rebaixado para a segunda divisão mexicana em 2013. Mas, num estratagema habitual no futebol mexicano, os Gallos adquiriram outro clube, os Jaguares de Chiapas, conseguindo com essa manobra permanecer na primeira divisão.

O Querétaro, que perambula nesta temporada pela metade tabela, a nove pontos do líder, pertence agora a um megagrupo empresarial que inclui hotéis, hospitais, bancos, jornais e canais de televisão.

A imprensa do país recebeu a contratação com alarido. O Record, jornal esportivo de referência, abriu sua capa de sábado com uma foto do jogador erguendo os braços ao céu, e entre suas mãos, fechadas com o indicador e o polegar levantados em seu característico gesto de dança, vinha a manchete: “A contratação do século”. O diário Excelsior, propriedade do presidente do clube, optou por um épico “os Gallos fazem história”.

Ronaldinho já sabe como é ter um magnata da comunicação como patrão. Em sua etapa milanista, Silvio Berlusconi lhe deu mais de um puxão de orelhas por suas já famosas aventuras noturnas. Foi precisamente essa preguiçosa condição física que levou Pep Guardiola a deixá-lo de fora do novo projeto que o Barcelona iniciava em 2008, fechando assim um brilhante ciclo de duas Ligas Espanholas e uma Champions League. Já no Brasil, onde jogou nos últimos quatro anos, o Flamengo chegou a criar uma linha telefônica para que os seus próprios torcedores denunciassem as escapadas de Ronaldinho de noite carioca.

Consciente de sua fama, o jogador afirmou no sábado em nota oficial após a divulgação da sua transferência que “no futebol temos a sorte de que a história muda a cada jogo. É preciso estar sempre preparado para dar a volta por cima, é preciso estar sempre demonstrando que não estou velho, que estou bem, que continuo no nível”. Ronaldinho pretende assim iniciar uma nova ressurreição em Querétaro, uma pacata cidade industrial, mais conveniente para passear no parque do que para desfrutar da vida noturna.

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