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EUA ‘torpedeiam’ a propaganda jihadista

Washington lança um vídeo através de sua campanha no qual mostra as atrocidades do EI

ÓSCAR GUTIÉRREZ
Fotograma do vídeo dos EUA sobre as atrocidades do EI.
Fotograma do vídeo dos EUA sobre as atrocidades do EI.

O campo de batalha é o Twitter. Lá, a atividade do Departamento de Estado norte-americano é frenética. E tem poucos limites. Em um de seus 17 tuítes publicados na sexta-feira com a hashtag (meio de comunicação dessa rede) #thinkagainturnaway, a seção de comunicação e contraterrorismo informa que já há combatentes sírios que dizem não ao Estado Islâmico (EI) porque "assassinam os muçulmanos". A foto que acompanha mostra um jihadista descarregando seu rifle contra homens não uniformizados.

Think again turn away (Pense novamente e volte atrás) é o nome da campanha lançada há um ano por esta seção de combate ao terrorismo, dirigida pelo ex-diplomata de origem cubana Alberto Fernández, e que neste fim de semana sacudiu as redes com um vídeo de um minuto no qual, com ironia, dá as boas-vindas aos que desejam ingressar no califado do EI. Com imagens retiradas de vídeos editados e publicados pelo aparato de propaganda dos jihadistas, o Departamento de Estado alerta: "Corra, não caminhe até a terra do EI". A brutalidade da montagem feita por Washington (destruição de mesquitas, crucificações, cabeças cortadas) é tamanha que o YouTube, onde o vídeo foi publicado, decidiu bloqueá-lo, como faz com muitas produções jihadistas.

A guerra na Internet entre jihadistas, serviços de inteligência e plataformas de conteúdo é uma briga de gato e rato. Se a conta de Twitter vinculada ao EI @wilaiat_Halab2 é suspensa, só é necessário mudar o último número e seguir em frente. Segundo fontes da polícia espanhola, esta conta, com base em Alepo (Síria), está vinculada à divisão do EI em Nínive, província iraquiana que tem como capital a cidade de Mosul, bastião do califado do Estado Islâmico. O atual nome deste perfil é @wilaiat_Halab5.

Junto a esta conta, autoridades identificaram recentemente outras 16 relacionadas com o EI. Todas foram canceladas. O conteúdo de caráter violento e as normas de funcionamento das plataformas sociais permitem retirar da Internet vídeos, perfis e contas. Governos e hackers também fulminam sites de radicais através de ataques de deniel of service(negação de serviço), concentrados geralmente em saturar um servidor.

Os internautas são, no entanto, o esteio da contrapropaganda. Quando os jihadistas inundaram o Twitter com #AmessageFromISISToUS (Mensagem do EI para os EUA), hashtag com a qual difundem suas conquistas ou atrocidades, como as decapitações gravadas dos jornalistas norte-americanos James Foley e Steven Sotloff, os usuários desta rede, sobretudo os tuiteiros norte-americanos, ativaram a hashtag #AmessageFromUStoISIS, em que ridicularizam o EI. "Não vejo o EI no Twitter", disse o perfil @lheal, "estão escondidos atrás de suas cabras plácidas".

A comédia, apesar de ser dramática, também luta contra o aparato de comunicação jihadista. O centro de estudos norte-americano MEMRI difundiu esta semana um vídeo intitulado Uma Paródia Palestina sobre o EI. O vídeo caricatura três barbudos do EI no que parece ser um checkpoint. "Quantas vezes aparece a letra 'a' na recompilação de hadiths [ditos de Maomé] de Al Bukhari?", pergunta um dos militantes a um prisioneiro. "Melhor me matar", diz com naturalidade o indivíduo.

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