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A OTAN discute a formação de uma força rápida em caso de conflito

O presidente dos EUA, Barack Obama, pedirá apoio dos aliados na luta contra o jihadismo

Arranca a cimeira da OTAN em Newport (sul de Gales).Foto: atlas
L. A. (Enviada Especial)

A OTAN enfrenta hoje o maior desafio que já teve pela frente desde a Guerra Fria. Os chefes de Estado e de Governo dos países aliados se reúnem no País de Gales com dois assuntos fundamentais sobre a mesa: o confronto com a Rússia e o terror espalhado pela estratégia do Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria. Os 28 mandatários aprovarão medidas para reforçar a defesa dos países do leste diante de "qualquer potencial agressor", nas palavras do secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen. A Aliança terá que trabalhar na formação de uma força de ação imediata, idealizada em plena crise bélica no leste da Europa. "Estamos vivendo um ambiente de segurança que mudou drasticamente, porque a Rússia está atacando a Ucrânia", disse Rasmussen no início da reunião. Mais ambígua ainda é a estratégia da OTAN frente ao jihadismo, para a qual o bloco não dispõe de medidas claras.

A maior organização político-militar do mundo vem trabalhando intensamente há várias semanas em um conjunto de medidas que neutralizem a ameaça russa, percebida como um perigo real pelos países do leste. Para dar segurança a esses Estados, a Aliança Atlântica aumentará sua presença na região, uma medida que beira o descumprimento dos acordos firmados em 1997 com a Rússia, os quais excluíam a instalação de bases permanentes do leste. A OTAN deverá manter na área um contingente de tropas semipermanentes, que farão uma rotação e oferecerão segurança ao território sem violar totalmente o que foi combinado com a Rússia.

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Mas a medida que reflete com mais clareza o ambiente pré-bélico gerado pelos enfrentamentos entre a Rússia e a Ucrânia será a criação de uma força de ação imediata, formada por milhares de soldados, preparados para se deslocar a qualquer zona de conflito em um prazo de 48 horas. Algumas fontes falam em até 4.000 homens, mas os detalhes só serão conhecidos após a confirmação dos chefes de Estado e de Governo. Essa unidade especial, denominada Ponta de Lança, é a parte mais visível de todo um plano para agir de maneira rápida em caso de confrontos, uma forma de atuação à qual a Aliança não se dedicou muito nos últimos anos porque tem estado mais concentrada em missões no exterior.

Por mais urgente que seja a crise russa, os chefes de Estado e de Governo comparecem à cúpula de Cardiff tendo em mente as imagens do jornalista norte-americano recém-decapitado na Síria pela organização radical sunita Estado Islâmico (EI). Apesar de a OTAN não prever adotar nenhuma medida conjunta na região – a experiência da intervenção na Líbia dissuade a ideia de voltar a se envolver–, a pressão é cada vez maior. A OTAN "examinará seriamente qualquer solicitação do Governo iraquiano" para uma missão no Iraque, afirmou Rasmussen.

Os líderes abordarão o assunto em um jantar de chefes de Estado e de Governo, onde o presidente norte-americano, Barack Obama, pedirá o apoio dos aliados em seus bombardeios na região. A intenção expressada pela Grã-Bretanha – que tem um de seus cidadãos nas mãos dos jihadistas – de empreender ofensivas na área se necessário pode antecipar mais adesões aos planos de Obama, que, no mínimo, receberá apoio político para sua estratégia.

A única coisa que a OTAN oferece por enquanto é retomar a missão de apoio e formação ao Exército iraquiano, que tinha em 2011. Um alto funcionário da organização afirmou que os aliados têm a intenção de reiniciar esse projeto em janeiro do ano que vem, apesar de o caos que o país vive hoje, após a dissolução do Governo e o avanço do Estado Islâmico (EI), dificultar o acordo com as autoridades locais. Rasmussen adiantou, no início da reunião, que os aliados vão avaliar seriamente um possível pedido de ajuda vindo do Governo do Iraque, onde o grupo extremista EI instalou uma espécie de califado, com capital na cidade de Mossul, no norte do país.

Além desses temas mais urgentes, a cúpula da OTAN deve marcar o fim da missão de combate no Afeganistão, a maior já empreendida pela organização e com encerramento previsto para o fim deste ano. A Aliança tem a intenção de permanecer mais dois anos com uma missão de apoio e formação ao Exército afegão, mas a falta de um líder após as eleições presidenciais de junho impede a concretização desse plano.

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