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De volta à disputa, Marina Silva pode chegar ao segundo turno com Dilma

Adversários da candidata do PSB devem atacar sua falta de experiência em gestão A ambientalista capta votos de protestos e é favorecida por campanha eleitoral curta

Marina Rossi
A ambientalista Marina Silva.
A ambientalista Marina Silva.Eraldo Peres (AP)

 A volta de Marina Silva à corrida eleitoral no Brasil traz outro ritmo à campanha, depois da morte do candidato Eduardo Campos (Partido Socialista Brasileiro), no último dia 13. De acordo com o Datafolha, instituto responsável pela primeira pesquisa realizada após a morte de Campos, caso a sucessora do ex-governador pernambucano seja confirmada nesta quarta-feira como a cabeça de chapa do PSB ela obteria 21% dos votos, enquanto o candidato Aécio Neves (PSDB), teria 20%. A presidenta Dilma Rousseff, por sua vez, se manteria na liderança com 36% das preferências do eleitorado, o mesmo resultado da última pesquisa realizada pelo Datafolha há um mês.

Se Marina for para o segundo turno ela fica empatada com Dilma Rousseff (PT). Enquanto a candidata petista aparece com 43% das intenções de voto, Silva figura com 47%. Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, as candidatas estão tecnicamente empatadas. Alguns observadores acreditam que a comoção com a morte de Campos pode efetivamente dar a vitória a Marina, que representaria a mudança desejada por mais de 70% do eleitorado brasileiro. O advogado e escritor Antonio Campos, irmão de Eduardo Campos, disse em entrevista ao EL PAÍS que uma pesquisa interna do PSB mostrava que Marina iria para o segundo turno, e que venceria Rousseff. O partido se reúne em Brasília na próxima quarta-feira para oficializar a candidatura de Marina e do vice na chapa do partido.

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O tamanho do apoio à ambientalista não chega a surpreender. Em abril deste ano, antes da definição de quem seria o cabeça da chapa da coligação que uniu Campos e Marina, o mesmo Datafolha fez uma pesquisa divulgada em abril, na qual Marina somava 27% das intenções de voto, enquanto Aécio Neves tinha 16% na ocasião, e Rousseff mantinha a liderança com 39%. Para Renato Meirelles, presidente do instituto Data Popular, o tempo curto de campanha é um fator que favorece Marina. “Temos 45 dias para as eleições, o que é muito pouco tempo para descontruir a figura da Marina, que, a esta altura, é melhor como imagem do que como candidata de fato”, diz. Isso porque a candidata do PSB se beneficia agora da emoção dos brasileiros diante da morte repentina de Campos. Mas, terá de responder como vai lidar com questões práticas do dia a dia, como o combate à inflação ou a retomada do crescimento e da geração de empregos.

São esses flancos que devem ser atacados pelos opositores de Marina, assim como a sua falta de experiência em cargos executivos. Nesse sentido, Neves leva vantagem, uma vez que foi duas vezes governador de Minas Gerais com a melhora em diversos índices, como segurança e educação. A presidenta Rousseff, por sua vez, precisará reforçar junto ao eleitor os ganhos do seu Governo para manter a liderança nas pesquisas. Segundo o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, o desafio da presidenta é trabalhar na reconstrução da imagem da sua administração. “Se ela não fizer isso, Marina tende a ganhar”, avalia. O levantamento do Datafolha mostrou que melhorou a avaliação de Rousseff em relação à pesquisa de um mês atrás: o percentual de entrevistados que respondeu avaliar o Governo como ótimo ou bom passou de 32% para 38%, enquanto os eleitores que consideram sua gestão ruim ou péssima recuou de 29% para 23%.

Cortez acredita que era normal que Marina apresentasse crescimento por uma combinação de três fatores: a baixa rejeição, o sentimento de comoção após a morte de Campos e o fato de ela personificar o sentimento de renovação como nenhum outro candidato. Segundo o Datafolha, a taxa de rejeição ao nome da ambientalista é de 11%, enquanto a de Neves é de 18% e a da presidenta, 34%. Para Cortez, o desafio de Marina é manter esse nível de apoio elevado, uma tarefa difícil, segundo ele, pois ela ganhou apoio de um grupo que usa o voto como protesto e não dos seus adversários. “Esse ganho não é suficiente”, explica.

O percentual apontado pela pesquisa de intenções de voto nulo ou em branco, que há um mês era de 13%. Com Marina candidata, esse número baixou para 8%. Os indecisos, que na pesquisa Datafolha anterior somavam 14% dos eleitores, hoje são 9%.

Por meio de uma nota, o candidato do PSDB Aécio Neves, comentou o resultado da pesquisa. “É algo absolutamente esperado. Vejo um certo açodamento de prospectar cenários futuros. Hoje, sou condutor de um projeto para o Brasil. Um projeto que passa pela retomada do crescimento, pela melhoria dos nossos indicadores sociais, pela eficiência do setor público (…) Tenho muita confiança que estaremos no segundo turno e, do segundo turno, estaremos prontos para vencer as eleições”.

Ainda de acordo com a pesquisa, um segundo turno disputado entre Rousseff e Neves representaria uma vitória com folga para a presidenta, já que a petista aparece com 47% e o tucano com 39%. Em julho deste ano, a pesquisa apontava para um empate técnico entre os dois candidatos: 44% para Rousseff e 40% para Neves. A pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira ouviu 2.843 eleitores em 176 municípios, entre os dias 14 e 15 de agosto, ou seja, logo após a morte de Campos num acidente de avião.

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