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Os EUA acreditam que o cerco jihadista à minoria yazidi no Iraque enfraqueceu

O “sucesso” dos bombardeios e o lançamento de ajuda humanitária tornaram desnecessária a arriscada operação de resgate contemplada por Obama, segundo o Pentágono

Marc Bassets
Yazidis se manifestam na fronteira entre Iraque e Síria.
Yazidis se manifestam na fronteira entre Iraque e Síria.YOUSSEF BOUDLAL (REUTERS)

Os bombardeios dos Estados Unidos e os esforços dos soldados curdos na região enfraqueceram o cerco da minoria yazidi nas montanhas do noroeste do Iraque, segundo a Administração Obama. Milhares de yazidis, isolados há mais de uma semana nos Montes Sinjar, puderam escapar, tornando desnecessária, por enquanto, uma intervenção internacional para evacuá-los como a contemplada pelo presidente Barack Obama.

Os EUA chegaram a essa conclusão depois de uma primeira incursão, na manhã de quarta-feira, de vinte membros das forças especiais e pessoal do Governo norte-americano nos Montes Sinjar, para onde fugiram na semana passada os yazidis perseguidos pelos insurgentes sunitas do Estado Islâmico (EI). O objetivo dessa equipe era avaliar as possibilidades de resgatar, por ar ou mediante um corredor terrestre – os milhares de pessoas sitiadas na montanha.

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O porta-voz do Pentágono, o contra-almirante John Kirby, disse em um comunicado na quarta-feira à noite em Washington que após a inspeção na montanha, os especialistas norte-americanos decidiram que "uma missão de evacuação é muito menos provável". "Graças aos ataques aéreos dos EUA, não teremos que fazer as importantes missões militares que acreditávamos que teríamos de fazer na montanha", disse Marie Harf, a porta-voz do Departamento de Estado, em uma mensagem na rede social Twitter.

A hipótese de um resgate terrestre ou por ar, sugerido pela Casa Branca no começo da tarde de quarta-feira, abriu a possibilidade de uma mobilização de tropas em uma zona de combate no Iraque pela primeira vez desde a retirada dos EUA deste país em 2011. A Casa Branca insistiu que as tropas não entrariam em combate, mas a operação de resgate as colocaria em um terreno perigoso e com o risco de enfrentar os jihadistas.

Obama autorizou há uma semana o início dos bombardeios contra as posições do EI nas proximidades de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, e dos Montes Sinjar para romper o cerco dos yazidis. Também ordenou o lançamento por ar de água e comida para os civis refugiados na montanha. O objetivo da intervenção, até agora unicamente aérea, era duplo: impedir a tomada de Erbil por parte dos jihadistas e evitar um possível genocídio contra as minorias religiosas do norte do Iraque.

Tanto os bombardeios como o lançamento de ajuda humanitária foram suficientes para conseguir o segundo objetivo, segundo o comunicado do Pentágono.

"Existem menos yazidis nos Montes Sinjar do que se temia previamente, em parte pelo sucesso dos lançamentos humanitários aéreos, os ataques aéreos sobre posições do EI, os esforços dos peshmerga [as tropas curdas] e a capacidade de milhares de yazidis de escapar da montanha a cada noite durante os últimos dias", disse Kirby.

"Os yazidis que continuam [na montanha] estão em melhores condições do que se acreditava e continuam com acesso à comida e água que lançamos para eles", acrescentou.

Horas antes, em uma entrevista coletiva na ilha de Martha´s Vinyeard (Massachusetts), onde Barack Obama passa as férias de verão, seu conselheiro Ben Rhodes disse que o número de yazidis na montanha poderia chegar "até dezenas de milhares". "Acreditamos", disse, "que um número que gira em torno de milhares de pessoas foi capaz de escapar da montanha, mas não de uma maneira suficientemente segura nem para um lugar suficientemente seguro para que possamos confiar que os outros que estão cercados possam escapar".

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