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A Telefónica oferece 20,1 bilhões de reais pela operadora GVT

A Vivendi, atual dona da GVT, teria a opção de comprar uma participação de 8,3% na Telecom Itália

Ramón Muñoz
Imagem da sede da Telefónica em Barcelona.
Imagem da sede da Telefónica em Barcelona.ALBERT GEA (REUTERS)

A Telefónica quer continuar a crescer no mercado brasileiro e ao mesmo tempo acabar com os problemas de concorrência que tem devido à sua participação na Telecom Itália, presente no país através da TIM Brasil. O grupo presidido por César Alierta fez à francesa Vivendi uma oferta para comprar sua filial brasileira Global Village Telecom (GVT), como o EL PAÍS tinha adiantado, através de uma operação avaliada em cerca de 20,1 bilhões de reais (6,7 bilhões de euros), que se realizará com pagamentos em dinheiro e ações, segundo o grupo comunicou à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV).

Paralelamente, a Telefónica ofereceu à Vivendi 8,3% do capital que a Telefónica possui na Telecom Itália, que a francesa teria que pagar em dinheiro. A transmissão das ações da Telecom Itália se daria no fechamento da operação no Brasil. Se essa segunda operação se concretizar, a Telefónica cumprirá com as exigências da Anatel, que lhe ordenou que venda sua participação na Telecom Itália ou se desfaça de sua filial Vivo.

A Vivendi receberia pela GVT 11,962 bilhões de reais em dinheiro (cerca de 4 bilhões de euros), além de uma participação em ações de uma nova emissão de 12% da companhia resultante da Telefónica Brasil após a integração da GVT, avaliada em pouco mais que 8,1 bilhões de reais. A contraprestação em dinheiro será financiada com uma ampliação de capital em que a Telefónica, como matriz, subscreveria sua parte proporcional, financiada, por sua vez, por uma ampliação de capital.

As empresas e a Anatel.
As empresas e a Anatel.C. AYUSO

Sujeita à obtenção das autorizações regulatórias pertinentes e ao cumprimento de outras condições habituais em transações desse tipo, a oferta ficará aberta até 3 de setembro, exceto se tiver sido aceita antes disso pela Vivendi ou se as partes que estão fazendo a oferta decidam ampliar o prazo de vigência dela.

De acordo com a Telefónica, a integração da Telefónica Brasil e da operadora GVT dará lugar à maior operadora de telecomunicações no mercado brasileiro, o maior da América Latina. “Uma combinação da Vivo e da GVT criará a maior operadora de telefonia no maior mercado da América Latina, criando uma plataforma única para a geração de sinergias e criação de valor”, indicou a empresa em comunicado.

A GVT possui 2,7 milhões de clientes de banda larga fixa e, junto com o grupo espanhol, alcançaria 31% desse mercado, superando os mexicanos do grupo Telmex (Net, Claro e Embratel), de Carlos Slim, que lideram o segmento com quase 7 milhões de clientes. E a integração dos dois grupos daria à Telefónica o terceiro lugar no mercado de TV paga, com 1,48 milhões de clientes e 7,8% do mercado. A GVT faturou 5,17 bilhões de reais em 2013, com receita bruta de 2,15 bilhões de reais.

As empresas e a Anatel.
As empresas e a Anatel.C. AYUSO

A Telefónica, que tentou comprar a GVT em 2009 mas foi derrotada pela Vivendi, que ofereceu 2,8 bilhões de euros (8,52 bilhões de reais), temia que algum concorrente chegasse a um acordo com os franceses, cuja situação no mercado de telecomunicações brasileiro não tem muito futuro por não contar com uma divisão de telefonia móvel poderosa que lhe permita fazer uma oferta convergente. Quem expressou mais interesse pela GVT foi precisamente a TIM Brasil.

Ademais, com um mercado de telefonia móvel bastante maduro, o segmento com maior potencial de crescimento é o da banda larga fixa, em que quatro grupos dominam quase 90% do mercado, que ainda tem índice de penetração muito baixo, chegando a 35,5% da população.

Resposta da Vivendi

A Vivendi reconheceu hoje em comunicado que recebeu a oferta da Telefónica. Assinalou que “nenhuma de suas filiais está à venda” e que sua estratégia “é a criação de um grupo industrial centrado no crescimento orgânico de seus negócios, para apoiá-los em seu desenvolvimento”.

Mesmo assim, o comunicado reconhece que o Conselho de Supervisão da Vivendi, em sua próxima reunião, marcada para 28 de agosto, “vai discutir a oferta da Telefónica, levando em conta os interesses de seus acionistas e dos funcionários da GVT” e então decidirá que ação adotar.

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