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Elisa Quadros, a ‘Sininho’ revolucionária

Membro de uma organização anarquista, a ativista é uma das 23 pessoas detidas de forma preventiva pela polícia do Rio

Elisa Quadros, a ativista 'Sininho'.
Elisa Quadros, a ativista 'Sininho'.Agência Brasil

Elisa Quadros Sanzi, a polêmica ativista conhecida como Sininho (em alusão à personagem de Peter Pan), nasceu há 28 anos em Porto Alegre, numa família remediada – pai bancário e mãe psicóloga. Recebeu uma boa formação em escolas privadas e sempre viveu em bairros de classe média e alta. Desde a adolescência, aprofundou sua militância no movimento estudantil, até assumir, no ano passado, uma espécie de liderança dos coletivos de protesto que não dão trégua nas ruas do Rio de Janeiro desde junho de 2013.

Sininho estudou Cinema na universidade carioca Estácio do Sá e posteriormente trabalhou em algumas produtoras da cidade. Desde 2012 mora em um apartamento familiar no bairro de Copacabana e se aproximou das organizações Frente Independente Popular e Organização Anarquista Terra e Liberdade, dois dos mais aguerridos entre os grupos mobilizados nos últimos meses. Desde os protestos de junho, a ativista se tornou um rosto habitual nas mobilizações e assembleias populares, onde adquiriu certa visibilidade e liderança. Nas manifestações, nunca vai encapuzada, embora tampouco se desvincule claramente dos denominados Black Blocs, conhecidos por protagonizarem confrontos violentos com a polícia e atos de vandalismo contra estabelecimentos comerciais e o mobiliário urbano.

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Hoje, Sininho está sob prisão preventiva na penitenciária carioca de Bangu, onde aguarda julgamento pelo crime de formação de quadrilha, junto com outros quatro correligionários. Seu advogado, Marino D’Icarahy, a define como uma moça “extremamente preocupada com o próximo e hiperativa”. “É provável que por esse motivo todos os holofotes apontem para ela. Não é líder de nada. Se há uma característica da Elisa é que ela não pretende liderar nada. Estão tentando inventar uma organização onde não há nada”, denuncia o advogado.

Os pais de Sininho, Antônio Sanzi e Rosoleta Moreira Pinto Stadtlander, são militantes históricos do Partido dos Trabalhadores (PT), e hoje ambos se sentem apunhalados pela sigla que defenderam nas últimas décadas. Segundo eles, os líderes do partido, a começar pela própria presidenta Dilma Rousseff, são corresponsáveis pela perseguição imposta aos 23 ativistas que foram alvo de um mandado de prisão preventiva no Estado de Rio do Janeiro.

Em seu mural do Facebook, observa-se como Sininho foi objeto de questionamentos internos dentro dos grupos mobilizados nas ruas, que são organizações difíceis de definir. Em 17 de janeiro, a ativista escreveu: “2013 = união, descobrimento, aprendizagem, amizade; 2014 começou assim = desconfiança, acusações, julgamento, amizades rompidas e muuuito mais, muuuita palhaçada... Vamos parar com isso?”.

A verborragia frequentemente desatada da ativista revela uma mulher temperamental e com certa tendência à radicalização. “É uma lutadora social”, afirma seu advogado. Em uma série de gravações telefônicas feitas pela Polícia Civil e divulgadas pelo O Globo, Sininho admite a seu padrasto que não poderia se refugiar no Estado de Minas, já que lá também poderia ser detida sob a acusação de formação de quadrilha. Segundo a investigação policial, a ativista é a principal articuladora das ações violentas protagonizadas por grupos radicais cuja radiografia até agora ninguém soube decifrar.

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