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Israel ordena que 100.000 palestinos evacuem suas casas

O Exército israelense bombardeou as casas de líderes do Hamas Quatro crianças morreram em um ataque em uma praia de Gaza

Vários palestinos fogem de suas casas no bairro de Shuyaiya, hoje em Gaza.
Vários palestinos fogem de suas casas no bairro de Shuyaiya, hoje em Gaza.L. Pitarakis (AP)

Quatro crianças palestinas morreram e outra ficou ferida em estado crítico essa quarta por causa dos projéteis disparados por uma lancha das Forças Armadas de Israel contra uma praia em Gaza, segundo as autoridades sanitárias da Faixa. O objetivo do ataque era um armazém próximo.

Uma testemunha, Ahmed Abu Hassera, de 22 anos, explicou que “as crianças estavam jogando futebol na praia”. “Quando o primeiro projétil explodiu, correram, mas outro as alcançou”, acrescentou, em declaração para a Reuters.

Todas as vítimas tinham “menos de 15 anos”, segundo Abu Hassera, que sugeriu que pode se tratar de uma ação deliberada das forças israelitas. “Parecia que os projéteis iam diretamente a eles”, disse. Quando questionado sobre o bombardeio, um porta-voz militar israelense afirmou que a informação está sendo verificada em Tel Aviv.

Um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf al Qidra, tachou o bombardeio de “crime covarde”. Com a morte dos quatro menores, o balanço de vítimas fatais aumenta para 207, segundo a mesma fonte.

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A zona costeira de Gaza tem sido o cenário de ataques desde que Israel iniciou, em 8 de julho, a Operação Margem Protetora.

Israel continuou na noite de terça-feira os bombardeios sobre a Faixa de Gaza, onde as autoridades informaram que o número de palestinos mortos em uma semana já ultrapassou 200. Vários ataques foram direcionados contra as casas particulares de pelo menos cinco líderes do Hamas, entre eles o ex-ministro das Relações Exteriores do Governo de Gaza, Mahmoud Zahar. Na quarta-feira de manhã, os palestinos nos arredores da Cidade de Gaza receberam chamadas automáticas e mensagens de texto em seus celulares alertando-os a evacuar Shujaya e Zeitun, dois bairros sob ameaça de bombardeio iminente.

Além disso, a aeronáutica lançou milhares de folhetos nos subúrbios da maior cidade palestina. De acordo com fontes oficiais, os avisos para a evacuação da cidade de Gaza distribuídos na quarta-feira afetam mais de 100.000 palestinos, aos quais se somam os que fugiram depois dos alertas emitidos no norte de Gaza desde o fim de semana. Nem os panfletos, nem as chamadas telefônicas explicam onde poderiam abrigar-se as dezenas de milhares de deslocados, que não podem sair da Faixa de Gaza nem por Israel nem pelo Egito. Sob os bombardeios israelenses, Gaza parece, mais do que nunca, uma grande prisão para 1,8 milhão de palestinos.

Na terça-feira, morreu o primeiro israelense atingido por fogo palestino desde o início dos pesados bombardeios: um civil de 37 anos que levava comida aos soldados posicionados junto à fronteira com Gaza, à espera de uma possível invasão terrestre. Ele morreu em consequência dos ferimentos causados pelos estilhaços de um morteiro.

Na terça-feira, Israel observou um cessar-fogo unilateral por quase seis horas após o seu Gabinete de Segurança decidir aceitar uma proposta egípcia para um cessar-fogo. O Hamas disse que não foi consultado sobre o plano de trégua e continuou a disparar foguetes durante o cessar-fogo unilateral de Israel, cerca de cinquenta no total.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse nesta terça-feira que a continuidade dos disparos dá a Israel a "legitimidade para expandir a operação" contra Gaza.

A mensagem dos folhetos israelenses na quarta-feira é que "apesar da iniciativa de cessar-fogo", proposta pelo Egito na segunda-feira à noite, "o Hamas e outros grupos terroristas" continuaram a lançar foguetes contra Israel, que revidará com bombardeios maciços nessas áreas de Gaza.

A noite foi menos violenta do que muitos temiam depois do fracasso da iniciativa egípcia. Pela manhã, os bombardeios e as explosões continuavam a um ritmo menor do que na semana passada. No entanto, veio de Israel a notícia de que as Forças Armadas preparam bombardeios maciços no bairro de Shujaya em Gaza. Nas primeiras horas do dia, fortes explosões foram ouvidas no centro da cidade.

Declarações do primeiro-ministro israelense e o ministro de Defesa.Foto: reuters_live

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