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Beyoncé, a lei do mais forte

Segundo a lista da ‘Forbes' de 2014, ela é a famosa com mais poder Ganhou em um ano 188 milhões de reais, somados a uma fortuna de 572 milhões de reais As últimas notícias sobre os altos e baixos de seu matrimônio não a afetaram

Beyoncé, em Miami durante a turnê.
Beyoncé, em Miami durante a turnê.WIRELMAGE

São muitas as credenciais necessárias para entrar na lista Forbes dos famosos mais poderosos. Chegar ao primeiro lugar é ainda mais difícil. Nos últimos anos, Oprah Winfrey, Steven Spielberg, Lady Gaga e Jennifer López brigaram pelo posto. Mas Beyoncé abriu caminho entre seus competidores até alcançar o topo em 2014. A cantora e atriz norte-americana, rainha incontestável do cenário musical atual, realiza este ano uma turnê internacional com seu marido, o rapper Jay-Z, alheios ao circo de rumores e especulações que os rodeiam por onde passam. O último, de que o matrimônio está a ponto de romper-se e que participaram de uma terapia de casal. De seu enclave em Nova York, o casal construiu um forte, cimentado em duas sólidas carreiras musicais alheias aos acontecimentos da indústria. As últimas informações sobre os altos e baixos de seu matrimônio seguem sem provocar grandes rupturas dentro do lar da Queen B.

A cantora colheu cifras espetaculares este ano. Ganhou 115 milhões de dólares (256 milhões de reais) – que somaram-se a uma fortuna avaliada em 350 milhões de dólares (779 milhões de reais) – vendeu 118 milhões de exemplares e ganhou 17 prêmios Grammy. Tudo o que toca se transforma em ouro. Um exemplo: pouco antes de começar o ano lançou o seu último disco sem grande campanha publicitária, além da surpresa de colocá-lo uma noite qualquer na plataforma iTunes. Isto bastou: o seu single Drunk in Love vendeu um milhão de cópias.

Segundo a Forbes, Beyoncé arrecada 1,7 milhões de euros (5 milhões de reais) por show. A sua última turnê teve por volta de uma centena de apresentações. A atual, com 21 apresentações, contará também com a edição de um documentário gravado pela rede norte-americana HBO. 'On the run', o mesmo título da turnê, será gravado durante os shows do casal no Estádio da França, em Paris, nos próximos 12 e 13 de setembro, na única ida dos cantores para fora dos Estados Unidos. “É um evento que deve estar neste canal”, disse seu presidente, Michael Lombardo, ao anunciá-lo nesta semana.

Beyoncé tem uma relação muito próxima com a HBO, que já fez uma minissérie sobre seus shows, um documentário dedicado à vida da cantora e outro especial sobre Jay-Z – agraciado com 19 prêmios Grammy –, 12 anos mais velho do que ela. A plataforma serviu para o casal de artistas difundir seu trabalho com o mesmo cuidado com o qual a cantora e empresária geriu sua carreira até agora. Esse controle serviu para ela estar à frente de qualquer polêmica e com seus 32 anos, consolidada também como personagem do ano pela revista TIME. Nem a confusão causada pela suposta briga entre sua irmã Solange e seu marido, nem os pedidos de paternidade de várias mulheres para seu pai e ex-empresário nem as constantes tentativas de relacioná-la a uma aventura com o presidente Obama, conseguiram fazer com que Queen B dê ouvido aos rumores.

Sua resposta é sempre a mesma: trabalho. A cantora engatou duas turnês este ano. A do ano passado terminou em março após 132 espetáculos. Entre lágrimas, a cantora se despediu em março do show de Mrs. Carter, agradecendo seus seguidores por acompanhá-la em sua longa e, apesar disso, jovem carreira. “Quando caio, vocês me ajudam a levantar. Quando tenho fome, vocês me alimentam. Quero apenas presentear-lhes com minha luz. A próxima canção é para vocês”, disse para seus seguidores.

Após a turnê não houve descanso. Ao mesmo tempo, preparava seu último álbum, que contou também com 14 videoclipes publicados no mesmo dia do lançamento, e se lançou nos shows nos quais está imersa atualmente.

Beyoncé está acostumada a dirigir, produzir e desenhar cada detalhe do espetáculo. Domina a distribuição de papéis e visita os encarregados do vestuário até encontrar o traje adequado para cada canção. Como revelam os muitos vídeos e publicações de blogs nos quais narra sua vida diária, aproveita os deslocamentos em helicóptero e até os ensaios para avançar na produção. O documentário autobiográfico `Life is but a dream` foi gravado, como não podia deixar de ser, pela cantora.

As mesmas câmeras retratam o dia a dia da cantora em uma rotina que alimenta seus seguidores. Não participa das antigas entrevistas exclusivas dos meios de comunicação e deixa fotógrafos especializados sem algumas das fotos que antes da era Beyoncé poderiam servi-lhes para conseguir a imagem do ano. A vida da cantora vai do cenário do concerto ao backstage, da sua prova de roupas a pausa para a entrada de Jay-Z, das brincadeiras com sua filha Blue Ivy – nunca mostra seu rosto – para cenas na rua, um banho de mar ou a rotineira olhada no espelho sem se maquiar.

Cada um destes capítulos serviu para contar, das mãos de da protagonista, os acontecimentos que estão no caminho de convertê-lo em um dos melhores, senão o melhor, dos últimos anos. A intensidade de sua carreira torna difícil estabelecer se os primeiros cinco Grammy, seu casamento, o nascimento de sua filha, suas duas turnês em um ano, a capa da revista TIME e o trono da lista da Forbes marcarão o saldo deste 2014 para Beyoncé.

A estratégia serve ao casal para responder escândalos como o que ameaçou descarrilar sua imagem no começo do ano. Durante festa beneficente do MET, em Nova York, o casal descia de elevador com Solange, a irmã da cantora, quando esta começou a dar socos em Jay-Z. Uma gravação das câmeras de segurança revelou o incidente mas não os motivos. Os protagonistas tampouco. No dia seguinte Beyoncé e seu esposo rapper jogavam uma partida de basquete em Nova York. E 24 horas depois Jay-Z e Solange iam às compras. No dia seguinte os três deram um comunicado colocando ponto final na história.

Com esse mesmo estilo, no seu ritmo e independente das notícias ao seu redor, Beyoncé participou também de diferentes campanhas de arrecadação de fundos a favor de organizações ou causas como o banco de alimentos de Houston ou a iniciativa pela educação de Malala, a jovem paquistanesa que sobreviveu a um ataque talibã. A cantora já não cede sua imagem para outras campanhas publicitárias tradicionais, aposta na liberdade de colocar um vídeo na sua página da internet, sem avisar, sem anúncios. Algo no qual sua assinatura já basta.

Apesar de sua suposta transparência, de sua generosidade com cada passo que dá, registrado em diversas plataformas online e ao alcance de quaisquer de seus seguidores, segue sendo impossível entrar no verdadeiro mundo privado da cantora. O futuro promete mais do mesmo, uma artista blindada como foi até agora com um inquebrável muro de cristal ao seu redor.

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