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A Itália resgata 5.000 imigrantes em um fim de semana

Encontrados mortos 30 imigrantes que viajavam empilhados em uma embarcação pesqueira

Depois de quase 400 imigrantes africanos terem morrido em dois grandes naufrágios consecutivos em outubro passado ao largo de Lampedusa, a Itália pôs em operação um esquema solitário – sem ajuda da União Europeia (UE) – de resgate permanente intitulado 'Mare Nostrum'. Em um ano a Marinha italiana socorreu 67.696 pessoas que tentavam atravessar o canal da Sicília empilhadas em barcos em estado precário.

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Um barco com 400 imigrantes a bordo naufraga em Lampedusa
Resgate de imigrantes na costa italiana (em espanhol)
Um vídeo mostra os restos do maior naufrágio de Lampedusa (em espanhol)

Mas nem sempre a Marinha italiana chega a tempo. Dos 5.000 imigrantes resgatados no fim de semana passada, 30 foram encontrados mortos a bordo de um velho barco pesqueiro com apenas 30 metros de comprimento, ocupado por 600 companheiros de infortúnio.

Os constantes pedidos de ajuda feitos pelo primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi – “a Europa me diz tudo sobre como devo pescar o peixe-espada, mas não me ajuda a salvar crianças no Mediterrâneo”, disse Renzi a este jornal em entrevista recente – foram ignorados até o momento.

Não se sabe se os 30 imigrantes morreram por asfixia ou afogados. Um barco da Operação Mare Nostrum deve chegar ao porto de Pozzalo nesta terça-feira para rebocar a embarcação com os cadáveres e os 566 sobreviventes ainda a bordo. Os outros imigrantes resgatados entre o sábado e o domingo estavam sendo conduzidos a vários portos.

A comissária de Interior da União Europeia, Cecilia Malström, anunciou que a Comissão entregará à Itália 4 milhões de euros (12 milhões de reais) de ajuda para fazer frente a essa emergência e assegurou que está buscando maneiras de elevar a contribuição para esse fim. Malmström disse ainda que “estas novas mortes ilustram claramente que os traficantes [de pessoas] e os criminosos não têm respeito alguma pela vida humana e que precisamos incrementar imediatamente nossos esforços para combater suas atividades mortíferas”.

O primeiro-ministro Renzi pediu na semana passada mais contribuições para a agência Frontex, que controla as fronteiras, e exortou as Nações Unidas a intervir na Líbia, onde os traficantes de pessoas cobram 1.000 euros (3.000 reais) pela travessia para a Europa. A queda do ditador Muamar al Kadafi, em 2011, levou a um aumento grande no fluxo de emigrantes que passa pelo país africano.

A porta da UE

• Cerca de 5.000 imigrantes foram resgatados neste fim de semana no canal da Sicília, que separa a ilha italiana das costas da Tunísia.

• Em um ano a Marinha italiana socorreu 67.696 pessoas que tentavam a travessia do canal.

• Em 2013, mais de 40.000 pessoas entraram na União Europeia de modo irregular através do canal da Sicília, segundo dados da agência europeia Frontex. Quase 10.000 vieram da Eritreia, 9.000 da Síria e mais de 4.000 da Somália.

• Também em 2013, outros 5.000 imigrantes tentaram entrar na Itália através da Apúlia e Calábria. Cerca de 2.000 delas tinham partido da Síria, quase 1.000, do Paquistão, e mais de 700, do Egito.

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