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Copa do Mundo 2014 | HOLANDA x CHILE

As suposições dos carrascos da Espanha

Depois de anularem a Roja, Holanda e Chile buscam protagonismo e lutam para não cruzar com o Brasil nas oitavas de final

Ramon Besa
Arturo Vidal e Robben.
Arturo Vidal e Robben.AFP

Até agora não houve praticamente nenhum partida na Copa do Mundo em que se pudesse pensar no futuro. A maioria das equipes foram generosas em seus esforços, versáteis em suas formações e até maleáveis taticamente, às vezes por causa do placar, outras devido ao adversário e também em decorrência de o clima ser uma variável no Brasil. Agora, no entanto, chega a terceira rodada e as seleções colocam para funcionar suas calculadoras, supondo o que poderia acontecer nas oitavas de final. Hoje, por exemplo, Holanda e Chile se enfrentam com uma preocupação máxima: evitar o cruzamento com o Brasil.

Então, o objetivo é ser o primeiro colocado do grupo e escapar dos brasileiros, tão temidos como anfitriões quanto de futebol discutível até agora, inclusive pelos próprios torcedores, que observam com receio as escalações de Luiz Felipe Scolari. Holandeses e chilenos foram muito bem contra a Espanha. Ambos triunfaram em seu objetivo de derrotar a campeã, mas tiveram problemas com a Austrália, de modo que não é fácil saber quais são seus limites, nem prever o resultado do jogo na Arena Corinthians, em São Paulo.

Van Gaal contra a FIFA

Netherlands training
Netherlands training

Não há dia em que a FIFA não seja criticada na Copa do Mundo. A entidade máxima do futebol, cujo congresso foi encerrado com o anúncio de que Joseph Blatter concorreria à reeleição mesmo em meio às investigações sobre a eleição do Qatar como sede de 2022, foi questionada ontem por Louis van Gaal. O treinador holandês queixou-se do nível de arbitragem da Copa do Mundo, e também por ter de conceder uma entrevista coletiva e só depois treinar sua equipe para o duelo contra o Chile.

“A sabedoria da FIFA chega ao extremo de organizar uma entrevista coletiva antes do treino”, reclamou Van Gaal. “Não me parece muito inteligente”, acrescentou depois de apresentar-se diante dos meios de comunicação ao lado do zagueiro Martins Indi, que não poderá jogar na partida. “Os jogadores têm de estar concentrados e Bruno não poderá jogar devido a uma lesão, por isso ele está aqui comigo agora, para se distrair”.

Van Gaal foi direto, também, ao falar da vantagem que o Brasil tem com relação ao calendário, uma circunstância muito comentada por diferentes seleções que participam da Copa. “Não sei o que a FIFA quer dizer quando fala em jogo limpo. O Brasil jogará depois da Holanda”, continuou. “Não sei se é muito oportuno fazer isso se eles levem em conta os cruzamentos das oitavas: sabendo que, se ambos formos primeiros, não nos encontraremos. Espero que ajam esportivamente”.

Muito tenso, o treinador da Holanda também foi questionado ao árbitro escalado para a partida, Bakary Gassama, de Gâmbia. “Não darei minha opinião. Quero acredita que a FIFA seleciona juízes excelentes”, disse Van Gaal, depois de dar os parabéns à sua equipe por recuperar-se após levar dois gols de pênaltis que, segundo ele, não existiram. “Espero que o próximo faça um trabalho melhor”.

“Não vamos jogar especulando um empate, porque esse caminho leva à derrota”, disse o zagueiro holandês Vlaar. “Não queremos viver só da goleada contra a Espanha. Não sabemos jogar por um resultado assim”. A Holanda pode empatar e sai em vantagem, apesar do desfalque de Van Persie, artilheiro da equipe ao lado de Robben, com três gols. “Sonhei que enfrentaríamos o Brasil”, disse Van Persie. “Mas não na próxima fase e sim muito mais à frente. Não me façam dizer quando. Ainda não chegou a hora”.

A ausência do artilheiro do Manchester United será coberta por Memphis Depay, atacante de 20 anos do PSV que mudou o jogo contra a Austrália. A partir de Depay, que joga como ponta mas também pode atuar por dentro, Van Gaal recompôs a equipe num 4-3-3 naquele jogo, após a lesão de Martins Indi, e conseguiu virar o placar.

A defesa de cinco jogadores, que tão bem funcionou contra a Espanha, foi esquecida, e especula-se que os holandeses começarão o jogo de hoje como terminaram o último. “Tenho a sensação de que os garotos estão mais familiarizados com o 4-3-3 porque aprenderam a jogar assim desde jovens”, afirmou o treinador holandês.

Jorge Sampaoli, treinador argentino da seleção chilena, também poderia abandonar o esquema com três zagueiros para ganhar um meio-campista. As duas equipes sentem-se mais confortáveis quando podem jogar nos contra-ataques, sobretudo os chilenos, que se apoiam em um excelente futebol de pressão, concluído por jogadores estupendos com espaços, como Vargas e Alexis Sánchez. O joelho de Arturo Vidal e os jogadores pendurados podem condicionar de outra maneira a escalação de Sampaoli. “Para nós, o campeonato não acabou com a vitória contra a Espanha”, garante Valdivia. “Temos muito mais ambições”.

Já não se trata de anular e derrotar a Espanha, mas sim de ter brilho próprio na Copa. Holanda e Chile começam a olhar para frente e o que esperam agora é não encontrar o Brasil.

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