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A Repsol arrecada 6,309 bilhões de dólares com a sua saída definitiva da YPF

A petroleira espanhola vende a participação que ainda tinha e liquida os últimos bônus argentinos

Miguel Jiménez
O presidente da Repsol, Antonio Brufau.
O presidente da Repsol, Antonio Brufau.EFE

A YPF já é história para a Repsol. A petroleira espanhola liquidou as ações da empresa que ainda detinha e os últimos títulos argentinos que havia recebido como compensação pela expropriação de 51% da YPF pelo Estado argentino. No fim, entre as ações vendidas e os títulos, o grupo espanhol arrecadou 6,309 bilhões de dólares (13,9 bilhões de reais), incluindo juros acumulados (cupons). A pressão dos processos internacionais contra a Argentina foi essencial para a Repsol finalmente conseguir uma compensação relativamente rápida através do diálogo e da negociação.

A Repsol concluiu o processo de alienação dos seus ativos na Argentina com a venda ao JP Morgan Securities dos títulos BODEN 2015 que ainda detinha pelo valor nominal de 117,36 milhões de dólares (259,8 milhões de reais) e que faziam parte do pagamento da compensação pela expropriação de 51% da YPF e da YPF Gas. Com a venda de toda a carteira de títulos argentinos, a Repsol obteve um valor total de 4,997 bilhões de dólares (11,06 bilhões de reais), extinguindo a dívida de 5 bilhões de dólares (11,07 bilhões de reais) reconhecida pela Argentina. A empresa espanhola presidida por Antonio Brufau recebeu, na prática, quase toda a indenização que havia sido acertada em acordo, apesar dos temores de que isso não ocorreria.

A companha havia vendido em 8 de maio o título Bonar 24, o bônus de 3,250 bilhões de dólares (7,20 bilhões de reais) em valor nominal emitido especificamente para pagar a indenização. Conseguiu arrecadar na operação 2,813 bilhões de dólares (6,23 bilhões de reais). Depois, no dia 13 se livrou da totalidade dos títulos Bonar X (de 500 milhões de dólares nominais, ou 1,107 bilhão de reais) e do Discount 33 (de 1,25 bilhão de dólares, ou 2,21 bilhões de reais), mais uma parte do Boden 2015. O preço arrecadado com este lote somou 2,010 bilhões de dólares (4,45 bilhões de reais) e o comprador em ambas as operações foi o JPMorgan. Uma cláusula incluída no acordo indenizatório dando ao Governo argentino a possibilidade de amortizar os últimos títulos impediu, então, que a liquidação fosse total. Então, esses 117,36 milhões de dólares (259,8 milhões de reais) em valor nominal ficaram com a companhia, um montante já liquidado.

Quanto às ações, a Repsol havia arrecadado mais 1,255 bilhão de dólares (2,77 bilhões de reais) ao se desfazer em 7 de maio da participação de 11,86% que tinha disponível para venda. Restava uma participação residual que não foi incluída na operação porque havia adquirido recentemente por um processo de execução e ainda não podia ser transferida. Agora, a Repsol anunciou que alienou 0,48% do capital da YPF que ainda detinha. A receita total com a venda da participação de 12,34% na YPF somou 1,311 bilhão de dólares (2,90 bilhões de reais).

“A receita proveniente dessas transações reforçam a solidez financeira da empresa, o que foi reconhecido pelas principais agências internacionais de rating com a melhoria na classificação da Repsol”, afirmou a companhia em um comunicado.

O desafio da Repsol é encontrar oportunidades de investimento para destinar essa grande injeção de liquidez. A empresa disse aos analistas no início deste mês que procurava ativos em países industrializados (pertencentes à OCDE) onde poderiam conseguir uma rentabilidade de pelo menos 8%, de acordo com o seu diretor financeiro, Miguel Martínez. A petroleira tem analisado oportunidades de investimento na Noruega e na América do Norte, incluindo na sua mira as reservas não convencionais de hidrocarbonetos. Nos últimos dias surgiram especulações de que a Repsol poderia fazer aquisições. A empresa está considerando as possibilidades, mas não há sinais de que alguma compra esteja próxima.

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