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contagem regressiva para a Copa

O principal aeroporto corre contra o tempo para não passar vergonha

O Governo tenta desvincular as obras dos aeroportos brasileiros do compromisso com a Copa, enquanto inaugura o novo terminal de Guarulhos, que ainda apresenta problemas

Vista geral do novo terminal do aeroporto de Guarulhos, no Brasil.
Vista geral do novo terminal do aeroporto de Guarulhos, no Brasil.PAULO WHITAKER (REUTERS)

Enquanto a presidenta Dilma Rousseff inaugurava o Terminal 3 do aeroporto internacional de Guarulhos nesta terça-feira, um casal de japoneses tentava obter informações sobre onde conseguir comprar um chip para celular que fizesse ligações internacionais. Depois de cinco chamadas e de dez minutos de espera, a atendente do balcão de informações finalmente disse a eles, em inglês, que o terminal novo ainda não tem postos de venda de empresas de telefonia. Apesar dessa anedota, que representa uma das dificuldades que muitos estrangeiros podem ter ao chegar ao Brasil, a principal dúvida dos passageiros era a mais simples de todas: “Onde eu faço o meu check in?”. Os painéis com as informações dos embarques e desembarques, que deveriam estar justo na entrada, ficaram ao fundo do novo terminal, próximos ao raio-X, quase imperceptíveis para quem entra no recinto.

Ainda assim, o investimento de 2,2 bilhões de reais em uma obra que começou em outubro de 2012 teve bons resultados: irá receber 25% do fluxo atual dos outros terminais, com capacidade para 12 milhões de usuários por ano, algo já visível para quem estava embarcando hoje. “Passei pelo Terminal 1 e 2 e achei muito tumultuado, este (o novo Terminal 3) está bem mais organizado”, disse Wevila Leal, de 26 anos, que estava indo para a Alemanha. Existem muitas lojas e opções de alimentação na nova área. No local de embarque, até os assentos têm tomadas para carregar celulares e laptop. Já a conexão com a internet, tem suas queixas. “Deveriam liberar o wifi, não limitar a 30 minutos o acesso”, reclamou Diogo Álvares, que estava indo para Barcelona, onde mora atualmente.

As opções de transporte até São Paulo são as mesmas que as dos outros terminais, ou seja, linha de ônibus privada até a Praça da República, táxis e os ônibus intermunicipais, que saem das estações de metrô Barra Funda, Tatuapé, República ou Tietê. Nesta terça-feira, entretanto, houve greve de motoristas de ônibus em São Paulo, o que colapsou o trânsito da cidade principalmente para quem tinha que se deslocar até o aeroporto, a 26 quilômetros de distância do centro. No caminho do terminal até a capital se veem algumas placas da Copa espalhadas discretamente, com indicações para a Arena Corinthians, o aeroporto de Congonhas, que faz voos domésticos, e o próprio aeroporto de Guarulhos. A marginal Tietê, primeira via de acesso para quem entra na cidade, luzia um asfalto novo, sem ondulações, com faixas e muretas recém pintadas de branco. “Nem parece a mesma, nunca vi a marginal tão lisa. Com quatro Copas dava para mudar São Paulo!”, disse o taxista Rodrigo Soares. Pelo menos até a Ponte da Vila Maria, na zona Norte, a marginal estava apresentável para o turista que visita pela primeira vez a cidade, já que era possível ver até jardins entre as pistas em alguns trechos do trajeto, intoxicado pelo cheiro desagradável do rio Tietê – que, evidentemente, não será possível maquiar.

Mas, segundo a presidenta, os projetos de ampliação de 270 aeroportos em todo o país não são motivados pelo evento esportivo, ainda que em 2012 isso tenha sido anunciado pelo próprio Governo. Em seu discurso desta terça-feira, Rousseff explicou que “de 2003 para cá, o número de passageiros nos nossos aeroportos saltou de 33 milhões para 111 milhões ao ano”. Os aeroportos brasileiros das doze sedes da Copa estão correndo contra o tempo, assim como outras obras planejadas inicialmente para o Mundial, para oferecer a melhor estrutura possível para o maior evento do futebol mundial, ainda que o Governo tente tirar o peso da Copa nas pressões sobre o andamento das obras. A ampliação do Galeão, no Rio de Janeiro, também está atrasada, mas o Governo também nega que as obras sejam para a Copa.

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