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federal reserve

Yellen afirma que a estagnação dos EUA no primeiro trimestre é transitória

A presidenta do Fed segue adiante com a estratégia de retirada gradual de estímulos Garante que pretende manter os juros baixos e prevê uma retomada “sólida” no segundo trimestre

Yellen sorri antes de iniciar sua intervenção no Senado.
Yellen sorri antes de iniciar sua intervenção no Senado.Charles Dharapak (AP)

Janet Yellen anda sobre a corda bamba no processo de transição para a normalização monetária nos Estados Unidos. Por isso, a presidenta do Banco Central dos EUA (Federal Reserve - Fed) evita fazer pronunciamentos contundentes sobre o andamento da economia, embora repita que o mapa da rota não muda, apesar do decepcionante ritmo de crescimento do primeiro trimestre. A geração de empregos em abril, quando foram criados 288.000 postos, lhe dá tranquilidade, ainda que o dado revele a vulnerabilidade que marca o mercado de trabalho.

A chefa da autoridade monetária está convencida de que a estagnação sofrida no começo de 2014 seja “transitória” e que no segundo trimestre o crescimento será mais “sólido”. Em sua opinião, o ano terminará em uma situação melhor do que a de 2013, exercício que mostrou crescimento de 1,9%. Mas até que isso seja comprovado, justifica-se a continuidade dos incentivos à economia para apoiar uma recuperação gradual, e o plano de retirada dos estímulos será mantido.

Yellen participou de uma audiência no comitê econômico da Câmara dos Representantes. Nesta quinta-feira, fará uma nova apresentação na comissão de orçamento do Senado. A primeira leitura do dado da atividade econômica mostrou uma expansão de apenas 0,1%, principalmente pelo efeito climático. Os bancos de investimento não descartam que a próxima revisão aponte uma retração de dois ou três décimos porcentuais.

Os dados de março e abril, no entanto, já mostram uma retomada da atividade, embora continuem confusos. Por isso, a presidenta do Fed continuou mostrando em sua intervenção inicial uma imagem mais de pomba —flexível— do que de falcão —restritiva— em matéria de política monetária. O que mais interessava era ouvir os comentários que poderiam fazer sobre o mercado de trabalho.

Em abril, foram criados 288.000 empregos e o desemprego caiu para 6,3%, que é o nível em que estava durante o colapso do Lehman Brothers. O problema é que a melhora do desemprego deveu-se novamente à queda da taxa de participação —população ativa—, que se mantém no mesmo nível há 35 anos. Outro fator é que os salários estão estagnados e o número de pessoas forçadas a trabalhar meio período continua crescendo. Há uma melhora, disse a presidenta, mas “está longe de ser satisfatória”.

Mercado imobiliário

Yellen também fez referência ao mercado imobiliário, onde agora vê riscos de que o desaquecimento verificado nos últimos meses seja um processo “mais prolongado do que o previsto’”, o que pode significar um freio para a recuperação. A atividade do setor de moradias durante os últimos anos foi o principal fator que sustentou o crescimento.

A próxima reunião do Banco Central dos EUA só acontece em meados de junho. A ata do último encontro será divulgada em 22 de maio. O Fed agora está comprando dívida a um ritmo de 45 bilhões de dólares (100 bilhões de reais) ao mês, depois de quatro quedas consecutivas. É a quantidade com a qual começou a rodada de estímulos pela via não convencional em setembro de 2012. O objetivo é desmantelar o programa por completo até o quarto trimestre.

Os juros estão, no entanto, congelados em 0% desde dezembro de 2008 e não se espera que a primeira alta das taxas aconteça antes de meados de 2015. Janet Yellen concluiu enfatizando que a política monetária seja aplicada de uma maneira flexível, para responder melhor às mudanças nas projeções econômicas.

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