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Centenas de pró-russos atacam a sede da polícia em Odessa

Kiev culpa as forças de segurança pelas 46 mortes no incêndio na sexta. "Se os órgãos de segurança funcionassem, esses terroristas teriam sido neutralizados", disse o premiê Yatseniuk

MARÍA ANTONIA SÁNCHEZ VALLEJO (ENVIADA ESPECIAL)
Ataque à sede da polícia em Odessa neste domingo.
Ataque à sede da polícia em Odessa neste domingo.GLEB GARANICH (REUTERS)

A situação se agrava em Odessa. Centenas de ativistas pró-russos atacaram a pedradas a sede da polícia na cidade para exigir a libertação de colegas detidos, informa a Reuters. Os ativistas mantêm o edifício cercado. Os invasores soltaram cerca de 30 ativistas que estavam presos. “Os russos não abandonam a um dos seus”, gritavam os atacantes.

O primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseni Yatseniuk, responsabilizou a polícia neste domingo pela morte de 46 pessoas em Odessa (sudoeste do país) durante os violentos choques entre partidários da unidade da Ucrânia e manifestantes pró-russos, e no posterior incêndio da Casa dos Sindicatos, e anunciou uma investigação da procuradoria geral para localizar “todos os cabeças e instigadores” dos distúrbios.

Yatseniuk fez essas declarações em Odessa, cidade do mar negro, da maioria russa, durante uma reunião com ativistas na qual analisou os incidentes que desencadearam a tragédia, uma nova fase no agravamento da crise que vive o país desde a revolução de Maidan, em fevereiro passado.

“Se as forças de segurança tivessem funcionado, esses terroristas deveriam ter sido neutralizados” para evitar o banho de sangue, disse Yatseniuk, em referência aos supostos instigadores dos distúrbios, “agentes externos instigados pela Rússia e elementos procedentes da região separatista da Transdnístria (na Moldávia)”.

Pouco antes, em declarações à BBC, o chefe do Governo interino afirmara que numerosos cadáveres encontrados na Casa dos Sindicatos eram de pessoas naturais dessa região moldava, de maioria russa e autoproclamada independente.

A inação, quando não a suposta conivência, da polícia em relação aos radicais pró-russos já foi ressaltada na quarta-feira pelo presidente interino, Alexandr Turchinov, ao constatar a incapacidade do Estado de fazer frente à revolta no leste do país.

Kiev acusa a polícia local de Odessa de incapacidade na hora de manter a ordem pública e de não agir para impedir os choques durante uma passeata pela unidade da Ucrânia, realizada nessa cidade do sul e rompida por radicais pró-russos, e na qual também se misturaram torcidas de duas equipes rivais de futebol. Os pró-russos se refugiaram na Casa do Sindicatos, atacada com coquetéis molotov pelos unionistas, embora numerosas testemunhas afirmem que houve uma troca de projéteis incendiários entre ambas as partes.

No segundo dos três dias de luto oficial decretado pelo governo em Kiev, Odessa chora neste domingo as mortes em vários altares improvisados na cidade, em especial diante do edifício incendiado. Segundo a agência Unian, grupos pró-russos radicais publicaram nas redes sociais o endereço de alguns ativistas pró-ucranianos e juraram vingança pela morte de seus correligionários na Casa dos Sindicatos.

Ao mesmo tempo, no leste da Ucrânia prossegue pelo terceiro dia consecutivo a ofensiva do Exército e da Guarda Nacional para recuperar as cidades em mãos de rebeldes pró-russos. O foco das operações continua sendo o bastião rebelde de Slaviansk, embora informações não confirmadas apontem avanços durante a noite das forças armadas em Konstantinovska, onde teria sido desmantelado um importante controle de estradas, e Mariupol, ao sul da província de Donetsk, lugar onde vive uma importante minoria grega.

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