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O presidente dos Clippers é expulso pela NBA por seus comentários racistas

Foi imposto o castigo máximo a Donald Sterling, que deverá vender sua equipe por dizer a sua noiva que não levasse negros aos jogos

Robert Álvarez
Sterling e a noiva em uma foto de arquivo.
Sterling e a noiva em uma foto de arquivo.Danny Moloshok (AP)

Castigado pelo resto da vida. A NBA foi rápida e fulminante como uma guilhotina com os comentários racistas de Donald Sterling. Não importa que se trate do multimilionário dono dos Clippers; o decano, já que adquiriu a franquia do Los Angeles em 1981. Não importam as condições legais que podem dar motivo a um longo litígio. Não importa que a investigação em torno das gravações telefônicas em que Sterling realizou os comentários em questão não tenham durado muito dias.

Adam Silver, o representante da NBA que relevou a David Stern em fevereiro, não titubeou na hora de tomar a primeira grande e espinhosa decisão que teve que enfrentar. Direto e sem enrolação, tornou público em poucos minutos o maior castigo imposto a um diretor na história dos esportes profissionais dos Estados Unidos por comentários racistas: a expulsão de Sterling da NBA e a multa máxima permitida, de 2.5 milhões de dólares, quase 5,6 milhões de reais, que serão destinados à luta contra a discriminação. “Estamos unidos na condenação da opinião do senhor Sterling. Esses comentários simplesmente não têm lugar na NBA. Esta Liga é bem maior que um proprietário, um treinador ou um jogador qualquer”, afirmou Silver

A expulsão do dono de uma franquia esportiva não tem precedentes nos Estados Unidos. Marge Schott, a presidenta e dona dos Cincinnati Reds, a maior liga de beisebol, foi suspensa por dois anos, em 1996, por fazer comentários pró-nazistas e caluniar os afroamericanos e judeus.

Os jogadores, os donos dos clubes, porta-vozes da luta pelos direitos civis e até o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, clamavam na contramão dos comentários racistas de Sterling e pediam um castigo rápido. Numerosos patrocinadores dos Clippers anunciaram sua determinação de romper seus contratos com o time.

Esses comentários simplesmente não têm lugar na NBA, disse o representante

Em essência, as frases mais ferinas de Sterling na conversa do dia 9 de abril com sua noiva mexicana, V. Stiviano, depois que ela publicou no Instagram uma fotografia com o legendário jogador Magic Johnson, foram: “Me incomoda muito que divulgue que está se relacionando com gente negra. Você tem mesmo que fazer isso? Pode dormir com eles. Pode trazê-los aqui. Pode fazer o que quiser. O pouco que te peço é que não divulgue, que não os leve aos meus jogos, que não os traga para a arquibancada. Não ponha Magic aí, no Instagram, para que o mundo tenha que ver e depois tenham que me chamar. E não o traga às minhas partidos. Por que você faz fotos com minorias?”. A conversa foi gravada pelo TMZ Sports, um veículo de comunicação norte-americano.

O castigo foi anunciado horas antes da disputa da quinta partida dos playoffs entre os Clippers e o Golden State no Staples Center de Los Angeles. Os jogadores dos Clippers, na quarta partida disputada em Oakland, compareceram com as camisetas do uniforme no avesso, lançaram seus moletons ao centro da quadra antes de começar a partida e usaram braceletes e munhequeiras pretas em protesto pelos comentários do proprietário do time.

Mark Cuban, o dono do Dallas Mavericks, postou um tuíte pouco antes da decisão, com uma foto com o regulamento da NBA e o texto: “Existe por alguma razão”. Uma vez divulgado o castigo, LeBron James, a estrela do Miami e da NBA, comentou: “Obrigado Silver por proteger nossa potente e maravilhosa Liga. Grande líder”.

Sterling é um multimilionário octogenário —no sábado foi seu aniversário— que com frequência foi acusado de comportamentos estranhos e impróprios. Em 1986, no entanto, foi um dos primeiros donos de equipes da NBA que contratou um general treinador, Elgin Baylor, quem, duas décadas depois, lhe processou por uma demissão injustificada, baseada na idade e na discriminação racial.

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