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Os EUA impõe multas a assessores e empresas russas próximas a Putin

Sete membros da Administração e 15 empresas próximas a Putin são afetados É a quarta rodada de punições Moscou desde o início da crise ucraniana

Yolanda Monge
O presidente dos EUA, Barack Obama, durante um jantar em Manila (Filipinas).
O presidente dos EUA, Barack Obama, durante um jantar em Manila (Filipinas).JIM WATSON (AFP)

A prova do ceticismo com que a Casa Branca recebeu o acordo de Genebra foi que já há um novo pacote de multas econômicas contra indivíduos e companhias unidas ao círculo íntimo de Vladimir Putin, anunciado nesta segunda-feira pelo presidente americano, Barack Obama. Sete funcionários da Administração russa –incluídos dois membros próximos ao presidente russo- sofrerão um congelamento de seus bens nos EUA e seus vistos para viajar a este país serão cancelados. Também serão congelados os ativos de 17 companhias.

“O objetivo não é atacar pessoalmente Putin”, declarou Obama desde Manila –na quarta e última parada de seu giro asiático- ao anunciar as novas multas. “O objetivo é fazer mudar de rumo”, especificou o mandatário. Este novo anúncio de punições a cidadãos e empresas russas é o quarto efetuado pelos Estados Unidos e eleva os indivíduos afetados a 45 e as empresas a 19. Além das multas, o Governo americano revogou as licenças de exportação de bens de alta tecnologia, o que pode danificar ao setor militar russo. A Casa Branca justificou as novas multas como “resposta à contínua intervenção ilegal da Rússia na Ucrânia e as ações provocadoras que enfrentavam a democracia da Ucrânia e sua paz, segurança, soberania e integridade territorial".

As multas anunciadas colocam a Rússia em clara violação do acordado em Genebra e praticamente traduzem-se na morte do acordo alcançado no dia 17 na Suíça

As multas anunciadas colocam a Rússia em clara violação do acordado em Genebra e praticamente traduzem-se na morte do acordo alcançado no dia 17 passado na Suíça, que tinha por objetivo reduzir a tensão no leste da Ucrânia. “Desde o dia 17 de abril, a Rússia não fez nada para cumprir o acordado em Genebra, de fato subiu o tom à crise”, manifestou a Casa Branca através de um comunicado. “O envolvimento da Rússia nos recentes atos de violência no leste da Ucrânia é inquestionável”, especifica a comunicação.

Sempre cético com respeito ao que pode ser esperado do Kremlin, Obama declarou à imprensa em Manila que não sabia se esta nova rodada de punições funcionaria e faria com que Moscou freasse suas ânsias expansionistas. O que parece ficar provado, e assim deixou saber a Casa Branca, é que Washington “está preparado para impor custos ainda mais altos” se a Rússia persistir com as “suas provocações” contra a Ucrânia.

Obama alertou a Rússia contra a tentação de deslocar tropas dentro de território ucraniano ao declarar que os EUA tinham “mais opções disponíveis”, incluídas multas a setores econômicos, se Moscou prossegue com a escalada bélica.

Até o momento, as multas impostas tanto pelos EUA como pela União Europeia, que nesta segunda-feira se dispunha a anunciar seu próprio pacote de medidas contra a Rússia, fizeram pouco ou nada para dissuadir a Rússia, e as provocações das milícias prórrusas continuam tanto dentro como nas proximidades da Ucrânia.

Se restringirá a exportação de artigos de tecnologia ponta que possam melhorar as capacidades militares da Rússia

Os dois membros do círculo próximo a Putin afetados pelas novas medidas são Igor Sechin, presidente da petroleira estatal Rosneft, e Sergei Chemezov, diretor geral de Rostec, o programa estatal de manufatura e exportação de produtos de alta tecnologia. Entre os punidos, sujeitos a restrições de viagem e ao bloqueio de seus ativos nos EUA, também está o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Kozak; o presidente do Comitê de Relações Exteriores na Câmara Baixa do Parlamento russo, Aleksei Pushkov; e o enviado especial da Rússia à anexada região da Crimeia, Oleg Evgenyevich Belavencev.

Quanto às companhias, todas elas estão relacionadas com três empresários “muito próximos” a Putin e que já foram punidos por Washington em 20 de março: Gennady Timchenko e os irmãos Boris e Arkadi Rotenberg.

Das 17 companhias sancionadas, o Departamento de Comércio impôs restrições a 13 delas nas exportações de produtos norte-americanos e restringirá a exportação de artigos de tecnologia que possam melhorar as capacidades militares da Rússia.

O secretário do Tesouro norte-americano, Jacob Lew, assegurou que as novas multas “incrementarão o impacto que já tiveram na economia russa” as medidas impostas de forma coordenada por Washington e pela UE. “As previsões de crescimento da economia russa caíram, a fuga de capital acelerou-se e os crescentes custos dos empréstimos refletem uma confiança minguante nas perspetivas do mercado”, disse Lew por meio de um comunicado.

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