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Rebeldes pró-Rússia ocupam a televisão pública regional de Donetsk

Os separatistas obrigam o diretor da rede a mudar a programação e emitir o canal público russo Rossiya 24 Um dos observadores da missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa

Ativistas pró-Rússia invadem a TV local de Donetsk.Foto: reuters_live | Vídeo: AFP/Reuters

Rebeldes pró-Rússia tomaram neste domingo o controle dos escritórios da televisão pública regional em Donetsk, ao leste da Ucrânia, e anunciaram que a transmissão seria cortada para emitir a programação de um canal russo apoiado pelo Kremlin. Quatro separatistas mascarados, com cassetetes e escudos, vigiavam da entrada ao edifício, enquanto outros com uniforme camuflado permaneciam no interior.

Cerca de 15 policiais estavam a poucos metros do prédio, mas sem tentar conter os rebeldes. Um tenente da polícia explicava que seria inútil intervir. É a primeira vez que o edifício da televisão é tomado pelos separatistas, apesar de que uma torre de comunicações na região de Donetsk foi ocupada anteriormente, e seus técnicos forçados a emitir canais russos durante algumas horas.

Rebeldes pró-Rússia, alguns deles armados, tomaram uma dúzia de edifícios oficiais no leste da Ucrânia, em um levante contra o Governo interino de Kiev, cuja legitimidade não reconhecem.

Uma hora depois que a televisão de Donetsk fosse invadida, a emissão da programação prevista, um programa infantil chamado Círculo do Sol, continuava. O diretor da televisão, Oleg Dzholos, que foi até a rua para falar com os jornalistas, disse que as pessoas que estavam controlando o edifício tinham ordenado ele que mudasse a programação. "Utilizaram a força para abrir as portas, mas não houve ameaças. Não tinha muita gente da minha equipe. O que podemos fazer, sendo poucos? Os líderes deste movimento me deram um ultimato para que emitisse um dos canais russos". Dzholos acrescentou que três pessoas da equipe estavam ainda no interior do edifício e que os separatistas não lhe expulsaram de seu escritório.

Um homem com camisa branca que saiu do edifício da televisão local explicou que o canal público russo Rossiya 24 seria emitido.

Os separatistas que juraram lealdade à autoproclamada República Popular de Donetsk controlam o edifício do governo regional e a prefeitura da cidade.

Previamente, um grupo de 400 pessoas, que participava em uma manifestação na praça Lênin, rodeou o edifício e cantaram a favor da Rússia e do referendo convocado para o dia 11 de maio, no que se propõe a secessão da região da Ucrânia.

Um dos mascarados, questionado sobre as razões de ter invadido o edifício da televisão, respondeu: "Contam mentiras, tratam de influenciar as pessoas e emitem informação enganosa".

O oficial da polícia, sentado em um veículo nas imediações do edifício, que se identificou como Vitaly, explicou que seus superiores lhe ordenaram proteger a emissora depois de receber informação que uma multidão estava a caminho do edifício da televisão local. "Seria inútil usar a força. Havia um monte de gente aqui". 

Além disso, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) admitiu hoje que três de seus oficiais foram capturados pelas milícias pró-Rússia depois que as imagens dos detentos fosse difundida através de meios digitais. Os oficiais estão enclausurados nas dependências do Serviço de Segurança da cidade de Slaviansk, o bastião do levante pró-Rússia no sudeste da Ucrânia.

Com os olhos vendados, descalços, com meias e camisetas, os detentos foram exibidos ante as câmeras de televisão. Os prisioneiros foram identificados como o tenente coronel Rostislav Kiyashko, o maior Serguei Potemski e o capitão Yevgueni Varisnki. Segundo os pró-russos, a missão dos oficiais do SBU consistia em sequestrar um dos líderes dos protestos contra o Governo de Kiev na região de Donetsk.

Por outra parte, um dos oito observadores europeus capturados em Slaviansk abandonou neste domingo o local onde permanecia preso com outros três homens, em um carro da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.  Uma porta-voz dos separatistas disse que o detento de nacionalidade sueca foi liberado por motivos médicos (é diabético) e não há planos para libertar o resto dos observadores.

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