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O Pentágono acusa a Rússia de ter violado o espaço aéreo da Ucrânia

Obama combina com a Europa novas sanções contra Moscou pelo não cumprimento do acordado em Genebra em relação à soberania ucraniana

Yolanda Monge
Obama, em sua vista à Coreia do Sul.
Obama, em sua vista à Coreia do Sul.Kim Hong-ji (AP)

O Pentágono informou a noite desta sexta-feira que aviões russos entraram repetidamente no espaço aéreo da Ucrânia e pediu a Moscou que tome “as medidas necessárias para frear a escalada” bélica que foi qualificada por Kiev como a antessala da Terceira Guerra Mundial.

“Posso confirmar que em várias ocasiões nas últimas 24 horas, aviões russos entraram no espaço aéreo ucraniano”, informou o coronel Steven Warren, porta-voz do Pentágono. O militar não divulgou mais dados nem informou que tipo de aviões foram utilizados ou se se houve algum incidentes concreto.

A violação do espaço aéreo da Ucrânia é uma gota a mais no já transbordado copo que está levando ao limite a paciência de Washington. Desde a quinta-feira, o secretário de Defesa norte-americano, Chuck Hagel, tenta em vão se comunicar com o ministro de Defesa russo, Sergei Shoigu. Mas Moscou continua sem atender aos telefonemas de Hagel. Por sua vez, o chefe do Estado Maior Conjunto, o general Martin Dempsey, falava nesta sexta-feira com sua contraparte russa, mas até o momento não há detalhes da conversa.

A presença de aviões russos no céu da Ucrânia faz parte dos jogos de guerra iniciados por Moscou com a exibição de cerca de 40.000 tropas russas perto da fronteira com a Ucrânia, segundo o Pentágono. No mês passado, tropas russas tomaram instalações ucranianas importantes como passo prévio à anexação da península da Crimeia ao território russo.

No início desta semana, o Pentágono enviara uma mensagem a seus aliados da OTAN na região de que estava comprometido em sua defesa ao reforçar seu apoio militar próximo à Polônia e ao Báltico em plena crise, com a exibição 600 paraquedistas nessa área.

Com sua visita oficial asiática ofuscada mais uma vez por uma crise, o presidente dos Estados Unidos fez nesta sexta-feira uma pausa em sua agenda para realizar uma videoconferência com quatro líderes europeus importantes na qual se concluiu que Rússia não está cumprindo o que havia sido acordado na semana passada em Genebra sobre a soberania da Ucrânia e deve ser punida por isso com sanções.

Segundo informou a Casa Branca depois desta reunião por videoconferência com o presidente da França, Francois Hollande, e os primeiros-ministros da Itália e Reino Unido, Matteo Renzi e David Cameron, bem como com a chanceler alemã, Angela Merkel, “o presidente deixou claro que Estados Unidos estão preparados para impor sanções concretas em resposta às últimas ações da Rússia”. “Os líderes concorda em trabalhar juntos, e através do G7 e da UE, para coordenar os passos necessários que levem à aplicação de penalidades para a Rússia”, afirmou a Casa Branca.

Como momentos anteriores desta crise –que Kiev qualifica já como a antessala de uma nova guerra mundial ao ver seu país ocupado militar e politicamente-, o presidente dos EUA e os líderes europeus ressaltaram que Moscou ainda pode escolher uma saída pacífica para o conflito, ao cumprir o estabelecido no acordo do último dia 17 em Genebra.

“Conforme os compromissos firmados em Genebra, Rússia deveria contribuir para frear a escalada se abstendo de fazer declarações provocadoras ou manobras de intimidação”, disseram os cinco mandatários, que concordaram que “a integridade territorial e a soberania da Ucrânia devem ser plenamente respeitadas”. O acordado em Genebra entre Rússia, Ucrânia, EUA e a UE estabelecia o desarmamento das milícias pró-russas que ocupam várias instalações públicas nas principais cidades da zona oriental ucraniana, bem como a anistia daqueles que participaram em desordens, mas não cometeram crimes.

Obama já se mostrou cauteloso depois da assinatura do acordo na Suíça e declarou na ocasião que não podia se estar “seguro de nada” em se tratando da Rússia. Para o reticente governante norte-americano, ainda assim, a diplomacia mantinha sua porta aberta a Moscou, embora no caso de o Kremlin persistir em sua atitude bélica, a única coisa que conseguiria seria ficar isolado internacionalmente e ser sancionado por isso. Obama já declarou que Washington tinha preparado um importante pacote de punições econômicas, algo que confirmou na quinta-feira o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ao assegurar que os custos para a Rússia aumentariam, caso o país não elegesse o caminho para reduzir a tensão.

"A janela para a mudança está se fechando”, advertiu Kerry. “O mundo se assegurará de que os custos para a Rússia só aumentem” caso ela decida seguir no caminho bélico. O secretário de Estado, imerso nos últimos meses em intensas conversas com seu homólogo russo, Sergei Lavrov, empregou duras palavras para destacar que Moscou poderia pagar “muito caro” por seu erro.

Obama e os líderes europeus manifestaram depois de seu encontro telefônico a exigência de que as eleições presidenciais do próximo 25 de maio sejam feitas e o processo democrático possa ser concluído com sucesso na Ucrânia, já que essas eleições são importantes para que os cidadãos ucranianos “decidam livremente e com total transparência seu futuro”.

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