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A Feira do Livro de Buenos Aires festeja sua esplêndida maturidade

Centenas de escritores e um milhão de leitores estarão presentes na capital da Argentina durante três semanas A feira completa 40 anos e Mafalda celebra meio século

Francisco Peregil
Mafalda, de Quino.
Mafalda, de Quino.EFE

Que a festa não pare. Começa a ferver novamente a Feira do Livro de Buenos Aires, iniciada em 24 de abril, e o êxito está garantido. Ao longo de três semanas centenas de escritores se reunirão com 1 milhão de leitores no prédio da Rural de Buenos Aires. Uma vez mais, como todos os anos, um milhão de pessoas pagarão para entrar na Feira. O preço não é muito caro: 25 pesos (cerca de 6 reais) vale a entrada nos dias úteis e 40 nos fins de semana. Mas é preciso pagar. E o público não decepciona. Assim tem feito por décadas até somar 40 anos completados pela Feira esta semana.

O encarregado de ler o discurso de abertura é o pai de uma menina que também anda festejando, já que no próximo dia 29 de setembro sua filha completará 50 anos. Trata-se do desenhista Joaquín Salvador Lavado, o Quino, criador de Mafalda. “A pessoa trabalha, entrega a página e não sabe que tipo de gente o lê. Então aqui é a ocasião de se encontrar com os leitores, conhecer suas caras. Eles levam uma assinatura, mas eu me vou repleto de demonstrações de carinho”, afirma Quino.

Dois dias depois, no sábado, chegará à Feira Arturo Pérez Reverte para conversar sobre seu último romance, El francotirador paciente, com seu amigo, o jornalista e escritor argentino Jorge Fernández-Díaz. E no domingo manterão um diálogo o norte-americano Paul Auster e o Prêmio Nobel sul-africano J.M. Coetzee. A conversa será uma espécie de epílogo da troca epistolar que ambos mantiveram entre 2008 e 2011, cujas cartas deram lugar ao livro Here and Now (Aqui e Agora).

Ao longo das três semanas irão chegando muitos outros autores, como a escritora espanhola Almudena Grandes, o cubano Leonardo Padura, o boliviano Edmundo Paz Soldán e o peruano Iván Thays. Para quem ficou com vontade de saber algo mais sobre Gabriel García Márquez, o escritor e jornalista deste diário Juan Cruz pronunciará uma conferência sobre o Nobel colombiano. Mas a autêntica avalanche de artistas chegará da cidade mais povoada da América. O ano passado a cidade convidada foi Amsterdam e desta vez será São Paulo. A feira acolherá escritores do princípio do século XXI, pessoas tão heterogêneas como Heloísa Prieto, Reinaldo Moraes, Juliana Frank, Ricardo Lisias, Arnaldo Antunes e Luiz Ruffato.

“Se todo o programa de atividades fosse impresso, ocuparia 75 páginas”, diz a diretora da Feira, Gabriela Adamo. “Conseguimos um programa muito impactante. Há de tudo para todos os gostos: desde as famílias até os leitores mais acadêmicos. Ter no primeiro fim de semana Pérez Reverte, Auster e Coetzee já é uma conquista imensa.”

Adamo demonstra estar contente pela Espanha ter voltado à Feira. “Fazia dois anos que não vinha. A versão oficial é que a ausência se devia à crise econômica da Espanha. Mas uma feira internacional do livro na América Latina sem a presença da Espanha era um despropósito. Nos lhes demos muitas facilidades e há mais de 20 editoras no estande da Espanha.”

Adamo não esconde a alegria pela chegada do “capítulo 40” da Feira. “Cumprir 40 anos sem interrupções em um contexto como o da Argentina é algo digno de celebração. Crescer e somar o compromisso do público eu creio que é um motivo de grande orgulho e alegria. E isso é o que devemos transmitir na Feira.”

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