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Receita e lucro trimestral da Apple melhoram levemente

Os resultados são melhores do que o esperado, apesar da constatação de que o crescimento da empresa está estagnado

Uma loja Apple na Alemanha.
Uma loja Apple na Alemanha.MICHAELA REHLE (REUTERS)

A Apple perdeu o frescor. Ou pelo menos para os investidores, que durante os últimos oito meses viram como o valor da empresa não avançou em Wall Street e continua 20% abaixo do preço que se pagava por sua ação quando apresentou o iPhone5. Essa estagnação pode ser vista em seus resultados. A tecnológica de Cupertino ganhou 10,22 bilhões de dólares (22,73 bilhões de reais) no trimestre, 7,5% a mais, depois de faturar 45,65 bilhões de dólares (101,5 bilhões de reais), um aumento, no caso, inferior a 5%.

As cifras correspondem ao segundo trimestre do exercício fiscal, que no caso da empresa teve início em outubro passado. O avanço é pequeno. Há um ano sua receita de negócios foi de 43,6 bilhões de dólares (96,97 bilhões de reais), que resultaram em um lucro de 9,5 bilhões de dólares (21,1 bilhões de reais). Os resultados do primeiro trimestre já mostraram que o lucro de 13,1 bilhões de dólares (29,13 bilhões de reais) foi idêntico ao do mesmo período do exercício precedente.

Os resultados são melhores do que o esperado, o que fez com que sua ação subisse 8%. Mas não mostram o impulso visto durante a última década. A percepção, ao se olhar para essas cifras, é que os melhores dias da empresa criada por Steve Jobs ficaram para trás e os investidores se perguntam como a nova equipe de gestão pôde perder a dianteira em um mercado que dominava desde 2007.

Enquanto se continua especulando no Vale do Silício sobre o tamanho de seu próximo telefone ou se lançará relógio e televisão interativos, o que há é que a Apple vendeu nos meses iniciais do ano 43,7 milhões de unidades do iPhone, enquanto há um ano tinham sido 37,4 milhões. Quanto ao tablet iPad, caiu de 19,5 milhões para 16,4 milhões. O negócio dos Mac se mantém em 4,1 milhões.

O trimestre que marca o início do ano no calendário costuma ser complicado, pela queda da demanda depois da temporada de compras natalinas. No caso da Apple, no entanto, deveria começar a ser percebido já o acordo com a China Mobile. Tim Cook, o CEO e membro do Conselho de Diretores, tem grandes esperanças na Ásia, onde a rival Samsung está na frente com dispositivos mais baratos.

Em busca de golpes de efeito

Uma hora antes de apresentar resultados, a Apple estreava anúncio para o iPhone, com Gigantic de Pixies como música de fundo. Lembra mais a publicidade do iPod, de quando o produto era divulgado como algo bonito, como se tentasse recuperar a essência original. Mas sobre novos produtos nada se saberá até junho, coincidindo com a conferência anual de desenvolvedores.

A Apple precisa aplicar um golpe de efeito até lá, porque se vê com o tempo que o iPhone5 não foi capaz de atrair os usuários de que necessitava para sustentar seu crescimento. Uma fragilidade que acompanhou a queda na margem de lucro, que está em 39,3%. O medo é que sua base de usuários se congele, por isso há grande interesse na nova geração de dispositivos. Esses medos se refletem no valor da ação da Apple. Há um ano custava 390 dólares. Recuperou o nível dos 500 dólares em agosto. Mas teve grande dificuldade para destacar-se dos 550 dólares.Ou seja, seus papéis subiram 35% desde o mínimo anual, mas ainda perdem uma quinta parte de seu valor quando se compara com os 702 dólares de setembro de 2012.

Se o máximo histórico parece distante, quanto mais que supere os 1.000 dólares que se dizia há um ano e meio. Mais que seus produtos, o que parece ter apoiado a escalada antes da estagnação foi o massivo programa de dividendos e de recompra de ações que Tim Cook está pondo em andamento. Assim consegue acalmar os ânimos de investidores muito ativos, como Carl Icahn.

A Apple também tenta chegar ao pequeno investidor anunciando agora um split de 7 a 1 da ação, ou seja, divide os papéis em pacotes menores, e por cada ação dará 7 aos investidores.É a primeira vez desde 2005, e permitirá que as ações tenham um valor mais acessível ao grande público.

O novo ciclo de produtos é importante porque pode ajudar a romper com essa parada que se vê há dois anos no negócio da Apple. Mas, como dizem os analistas, está para se ver se os usuários atualizam também seus telefones. Cook continua prometendo há tempos que haverá novos produtos e nega que a Apple tenha perdido sua capacidade de inovar e surpreender.

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