_
_
_
_
_

O Bayern salva seu orgulho

O time de Pep Guardiola reage sem brilho, com gols do Mandzukic, Müller e Robben, contra um United que marcou primeiro

Robben, no terceiro gol do Bayern
Robben, no terceiro gol do BayernODD ANDERSEN (AFP)

Não houve heroísmo nem exaltação na Allianz Arena. A classificação do Bayern para as semifinais foi comemorada da forma rotineira: o dever cumprido. Sem o brilhantismo que era de se esperar, o time bávaro só reagiu quando foi espetado, tanto na ida como na volta, impondo sua velocidade de cruzeiro e a explosividade de seus centroavantes, Ribéry e Robben, quando mais precisava deles. O Manchester United havia assumido a dianteira rapidamente, um golaço do Évra, mas a equipe inglesa se dissolveu justamente quando se abriu. Com o placar inaugurado, o elenco de Guardiola passou o rolo compressor – mesmo que sem uma faísca de criatividade, castigado pela apatia do seu jogador mais fantasista, Götze, e com o time de Pep vitimado pela responsabilidade de ter sido tão favorito neste mata-mata. Agarrado ao pragmatismo, o campeão continua na briga.

A foto fixa da primeira parte ficou congelada no último lance: todo o Manchester metido em sua área, e o chute de Boateng para a arquibancada, de canhota, após uma sequência de passes tão previsíveis quanto anódinos do Bayern. Aí esteve a graça desse primeiro tempo: a equipe com pressa de jogar era a bávara, apesar da sua vantagem na eliminatória (pelo gol marcado fora de casa, no empate em 1 x 1 no Old Trafford na semana passada). O United, por sua vez, não tinha nada para contar, confiando em que sua oportunidade apareceria cedo ou tarde.

BAYERN 3 x 1 MANCHESTER UNITED

Bayern: Neuer; Lahm, Boateng, Dante, Alaba; Kroos, Müller (Pizarro, min. 83), Götze (Rafinha, min. 64); Robben, Mandzukic e Ribéry. Não utilizados: Raeder, Van Buyten, Weiser, Hjbjerg e Weihrauch.

Manchester United: De Gea; Jones, Smalling, Vidic, Évra; Carrick, Fletcher (Chicharito, min. 74); Valencia, Kagawa, Rooney; e Welbeck (Januzaj, min. 80). Não utilizados: Lindegaard, Büttner, Ferdinand, Giggs e Young.

Gols: 0 x 1, min. 53, Évra aproveita de bate-pronto um cruzamento de Valencia; 1 x 1, min. 58, Mandzukic, de cabeça; 2 x 1, min 67, Müller; 3-1. min. 75, Robben.

Árbitro: Jonas Erikson. Advertiu Évra e Rafinha.

70.000 espectadores na Allianz Arena.

Para cobrir as baixas do meio do campo (Thiago, Schweinsteiger e Javi Martínez), Guardiola optou por juntar os meias disponíveis: Kroos e Müller, com Mario Götze à frente. Entretanto, a posição de meia-atacante, muito específica, não é para qualquer um. Não houve fluidez na distribuição da bola, e Guardiola, faltando 10 minutos para o final da primeira parte, ordenou uma mudança tática: Lahm, que havia começado como lateral direito, foi avançado para o meio, deixando a posição para o zagueiro Boateng. Foi a forma que o catalão encontrou para expressar sua inconformidade.

A segunda parte começou na mesma toada, marcada por um voleio de Mandzukic sobre os genitais de Vidic, o primeiro arremate ameaçador do atacante croata. Não houve notícias de Götze nem de Müller. E o Manchester começou a se espraiar com Kagawa e Valencia. O cruzamento do equatoriano a partir da direita se enroscou, saindo para fora da área bávara. O perigo parecia afastado, mas era uma miragem. Apareceu Évra pela frente e emendou de bate-pronto uma bomba que ganhou velocidade até entrar na forquilha esquerda de Neuer.

Assim como em Old Trafford, o Bayern foi buscar seu orgulho e explorou as laterais, encontrando os espaços perdidos anteriormente. Primeiro foi Ribéry pela esquerda: seu cruzamento foi acrobaticamente cabeceado por Mandzukic, retorcendo-se para mandar uma bola muito arrevesada. Matthias Sammer abraçou um Guardiola desconcertado, que tentava transmitir em alemão o desespero dos momentos anteriores.

A partida tinha entrado em uma nova fase, muito mais imprevisível. E Robben se infiltrou pelo outro lado. Seu cruzamento raso e curto, de perna direita, foi aproveitado por Müller para marcar. Nos dois gols bávaros Évra havia se distraído – logo ele, autor do magnífico gol do Manchester. As rugas marcavam o rosto de David Moyes, que deu lugar a Chicharito quando faltavam 15 minutos para o final: Rooney, Wellbeck e o mexicano no ataque.

Mas, claro, com menos jogadores defensivos no time inglês, sobrou mais ar para o Bayern. Muito para Robben. Em sua típica corrida paralela à linha da grande área, procurando o ângulo para disparar, a sorte o acompanhou ao desviar seu chute na perna de Vidic, fazendo-a entrar rente à trave direita de De Gea. Guardiola, agora sim, esboçou um leve sorriso. Ao campeão, no mínimo, se exigia chegar outra vez às portas da final.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_