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Ativistas pró-Rússia tomam um prédio administrativo no leste da Ucrânia

O grupo separatista República de Donetsk pretende convocar um referendo similar ao da Crimeia para incorporar a região à Rússia

María Antonia Sánchez-Vallejo (enviada especial)
Ativistas pró-Rússia no prédio governamental em Donetsk.
Ativistas pró-Rússia no prédio governamental em Donetsk.REUTERS

A escalada da confrontação entre os partidários das novas autoridades da Ucrânia e as forças pró-Rússia do leste do país deu um passo mais este domingo com a tomada da sede dos governos regionais em Donetsk e Lugansk, os dois bastiões da minoria que fala russo, bem como confrontos de rua entre ambos grupos em Jarkiv, também no leste. Embora não seja a primeira vez que os partidários de Moscou tomam prédios oficiais na região, se trata, sim, de uma advertência séria, assinada no primeiro dos casos pelo grupo separatista República de Donetsk, e com um objetivo claro, a convocação de um referendo similar ao do passado 16 de março na Crimeia para incorporar a região à Federação Russa.

Em Donetsk, capital da região homônima –também conhecida como Donbass, o coração industrial da Ucrânia-, centenas de ativistas do movimento República de Donetsk invadiram a sede do governo regional diante da aparente inação policial, que não interveio nem utilizou os canhões de água para dispersá-los. Dando gritos a favor de Putin, Crimeia e Donbass, os radicais se escalaram a fachada e içaram a bandeira russa. Em Lugansk, separatistas pró-Rússia tomaram a sede dos serviços de segurança para reclamar a libertação de vários colegas presos em protestos anteriores; o chefe policial da cidade abriu pessoalmente as celas e os ativistas ficaram livres. Duas pessoas ficaram feridas durante os distúrbios. Finalmente, em Jarkiv, a segunda cidade da Ucrânia, houve confrontos entre os partidários do Maidan e os do Kremlin.

Com a nomeação de vários oligarcas como governadores em pontos de conflito do leste –entre eles Donetsk-, Kiev tenta ‘in extremis’ reforçar a estabilidade da região com personagens de importância, bem conhecidos e poderosos. Mas essas designações não fizeram mais que inflamar os ânimos dos pró-Rússia. “Que o governador de Donetsk seja um oligarca [Serguei Taruta] é muito ofensivo para as pessoas que passam dificuldades”, explicava há uma semana a este diário Andrei Purgin, líder de República de Donetsk. “Em Kiev houve uma revolução, e temo que vá acontecer a mesma coisa aqui, uma revolta sem possibilidade de marcha ré. Respondo a umas quantas provas: nos últimos dias, houve vários ataques de baixa intensidade contra escritórios de Taruta e se incendiaram algumas delegacias de polícia”.

Como outros grupos radicais do leste da Ucrânia, a República de Donetsk defende a convocação de um referendo de autodeterminação. “Queremos perguntar às pessoas o que elas querem, se uma federação [com a Ucrânia] ou se unir à Rússia, como fez a Crimeia”, contava Purgin; “o referendo é hoje uma opção difícil no leste da Ucrânia; eu pessoalmente me conformaria com um status parecido ao da Baviera na Alemanha”.

A existência de forças de autodefesa em ambos os bandos, e o germe de movimentos separatistas eventualmente capazes de tomar as armas, multiplica por cem o risco de que a crise entre em uma nova fase. “Não posso prever que acontecerá, a situação é inflamável e volátil. Não descarto em absoluto a ação de movimentos separatistas de caráter social”, concluiu Purgin.

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