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Chile decreta estado de catástrofe nas zonas afetadas por um forte terremoto

Um terremoto de magnitude 8,2 sacode o norte do país e deixa pelo menos cinco mortos Um alerta de tsunami forçou a evacuação das regiões costeiras As ondas alcançaram dois metros de altura, mas não causaram danos graves O tremor também foi sentido no Peru e no Equador

Rocío Montes

Um terremoto de 8,2 graus na escala Richter e de longa duração atingiu o norte do Chile às 20h46 no horário local (o mesmo de Brasília). As autoridades do Escritório Nacional de Emergência (ONEMI) emitiram o alerta de tsunami e ordenaram de forma preventiva a evacuação de todo o litoral chileno, de cerca de 4.329 quilômetros, sendo aproximadamente 900.000 habitantes no total. As pessoas que vivem perto do Pacífico se refugiaram em zonas mais elevadas. As ondas causadas pelo tsunami – de quase dois metros – provocaram algumas inundações nas ruas mais próximas ao mar, embora sem causa danos significativos. As autoridades chilenas já retiraram o alerta para grande parte do seu território costeiro. O Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico também retirou a advertência que havia emitido para toda a costa chilena. Autoridades informaram que cinco pessoas morreram por causa do terremoto: quatro homens e uma mulher, em Iquique e Alto Hospicio, de infartos e esmagamento. O ministro do Interior, Rodrigo Peñailillo, informou que os cidadãos deverão permanecer fora da zona de risco praticamente até o amanhecer, à espera de o Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha (SHOA) decretar que não há mais perigo.

O chefe de gabinete da presidente chilena, Michelle Bachelet, também indicou que as Forças Armadas e policiais assumiram o controle da cidade de Iquique, 1.787 quilômetros ao norte de Santiago, onde cerca de trezentas mulheres escaparam da prisão. Durante a noite, a cidade tinha apenas 10% de energia elétrica.

O epicentro do sismo foi localizado no mar, 89 quilômetros a sudoeste da cidade de Cuya, na região de Tarapacá, no extremo norte do Chile. O ONEMI informou que os movimentos marítimos começaram a se produzir gradualmente no sul. As estimativas indicam que as ondas chegariam até as 4h00 no horário local no extremo sul da Antártida.

Não foram registrados danos importantes de infraestrutura, mas a informação ainda é precária e está sendo atualizada lentamente. As comunicações telefônicas foram afetadas no norte, embora já estejam normalizadas, e há algumas estradas cortadas devido a deslizamentos de terra, incluindo uma rodovia que dá acesso à Bolívia. O símbolo da cidade de Arica, o Morro, um ícone da soberania chilena, também foi danificado.

Em Santiago, a capital do país, que não está na costa do Pacífico, o tremor não foi sentido e as autoridades máximas políticas e técnicas formaram o Comitê de Operações de Emergência em níveis nacional e regional.

Bachelet se reuniu no Palácio de La Moneda com seus ministros e colaboradores. É a segunda vez que a presidente socialista tem de enfrentar um grande tremor de terra: em 27 de fevereiro de 2010, poucos dias antes de deixar o cargo, um terremoto de magnitude 8,8 devastou o sul do Chile deixando 524 mortos. Ao contrário daquela ocasião, desta vez a presidente optou por permanecer na Casa de Governo e não se deslocar à sede do ONEMI.

Com os alertas de tsunami, a população se deslocou de maneira geral em ordem às zonas mais altas, menos na cidade de Antofagasta, onde os moradores se desesperaram e fugiram em seus veículos.

Durante a noite houve mais de uma dezena de réplicas do terremoto no norte do Chile e, segundo informaram as autoridades chilenas, os alertas foram estendidos às autoridades de outros países latino-americanos, como Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica e El Salvador, mas foram cancelados antes da meia-noite, exceto no Equador.

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