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A Pemex deixará a investidores privados a exploração de águas profundas

O governo mexicano estima que concederá as primeiras autorizações a companhias petroleiras em 2015

Sonia Corona
Tanque da Pemex em Tula.
Tanque da Pemex em Tula.Susana Gonzalez (Bloomberg)

A Petróleos Mexicanos (Pemex) quer conservar todas as reservas comprovadas de hidrocarbonetos (uns 14 bilhões de barris de petróleo) para se colocar entre as primeiras cinco companhias petroleiras do mundo em valor de reservas. A Secretaria de Energia do México revelou alguns detalhes da chamada “rodada zero”, a lista de 68 páginas na qual a petroleira expõe os campos que deseja conservar diante da implementação da reforma energética que abre o setor à iniciativa privada. Em sua petição, a Pemex afirma que deixará para os investidores privados, principalmente, a exploração de campos em águas profundas e os de gás de xisto.

A proposta da Pemex sugere que na área da exploração, a petroleira procurará ficar com 95% das áreas terrestres, 59% dos campos em águas rasas, 29% em águas profundas e 15% em campos de gás de xisto. Todas essas zonas propostas pela petroleira somam apenas 31% das áreas a serem exploradas no México, o que significa que nos 69% restantes estariam os campos onde a iniciativa privada teria uma importante oportunidade para se aventurar no mercado mexicano. A Secretaria de Energia garantiu que as empresas privadas do setor mostraram interesse nos campos de águas profundas – principalmente em Cinturón Plegado Perdido (localizado ao norte do Golfo do México, na fronteira com as águas norte-americanas) – e nos campos com gás de xisto ao norte do país, que representam a sexta reserva do mundo.

O governo mexicano tem até o dia 17 de setembro para decidir sobre os campos que a petroleira estatal conservará. “Esse é o pedido que Pemex nos fez, isso não quer dizer que isso será o que a Secretaria de Energia vai dar à Pemex. Evidentemente eles querem ficar com o máximo possível e têm uma visão de longo prazo com um enfoque mais empresarial”, explicou Lourdes Melgar, subsecretaria de Hidrocarbonetos. Melgar reconheceu que o México poderia começar a conceder autorizações para empresas privadas explorarem hidrocarbonetos em 2015.

“A Pemex não vai ficar desprotegida, insistiu Melgar. A petroleira mexicana aposta em manter, além de 100% das reservas comprovadas (também chamadas 1P), 83% das reservas provadas e prováveis (2P), e 71% das reservas provadas, prováveis e possíveis (3P). A subsecretária de Hidrocarbonetos explicou que a maioria dos países não oferece a extração de reservas em rodadas competitivas para empresas privadas, motivo pelo qual o México será atrativo para o investimento e privado e estrangeiro. “É pouco usual que se ofereça produção comprovada, isso tornará as rodadas seguintes atraentes para os investidores”.

A funcionária adiantou que a Pemex poderá ficar também com os projetos de exploração na Conca do Sudeste (Costas dos Estados de Tabasco e Campeche), onde a petroleira tem mais experiência, assim como uma pequena porção (15%) dos campos de gás de xisto. Entretanto, Melgar reconheceu que haverá uma importante análise nos campos de águas profundas, área sobre a qual a petroleira mexicana ainda não tem domínio e onde “teria que se associar para poder desenvolver esses campos” e na concessão de campos em Chicontepec (estado de Veracruz, leste do país), onde a petroleira não teve bons resultados.

A reforma energética do México ainda espera a redação das leis secundárias, que podem ser aprovadas pelo Congresso nas próximas semanas, para colocar em andamento a abertura do setor ao investimento privado. Até então, explicou a subsecretária de Hidrocarbonetos, a Pemex não poderá firmar contratos para se associar com outras companhias. Os funcionários da Secretaria de Energia junto com os da Comissão Nacional de Hidrocarbonetos estudarão durante os próximos meses a proposta da Pemex e condicionarão os resultados à capacidade da petroleira de demonstrar que pode explorar e produzir nos campos que pede.

Melgar levantou a possibilidade de a Secretaria de Energia entregar os resultados de seu estudo à petroleira de forma escalonada para evitar que a incerteza na Pemex se prolongue até setembro. Os pedidos específicos da companhia estatal, entretanto, permanecerão sob guarda do governo mexicano, que qualificou essa informação como estratégica para a petroleira. “Há informação com valor comercial e estratégico para a empresa e portanto não podemos torná-la pública. Temos que ser cuidadosos ao dar informação para sermos transparentes e, ao mesmo tempo, não dar informação que não se costuma dar na prática internacional”, explicou a funcionária.

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