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Unasul apoia o regime chavista

A organização enviará uma missão de chanceleres à Venezuela para facilitar o diálogo pela paz. A resolução indigna a oposição venezuelana

Protesto em Caracas nesta quarta-feira.
Protesto em Caracas nesta quarta-feira. Carlos Garcia Rawlins (REUTERS)

A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) decidiu, na quarta-feira em Santiago do Chile, enviar uma missão de chanceleres para a Venezuela para assessorar o Governo de Nicolás Maduro em um diálogo que permita recuperar a convivência pacífica no país, onde morreram mais de 20 pessoas no último mês de protestos anti-governo.

A resolução final -lida pelo chanceler chileno, Heraldo Muñoz- expressa o "apoio aos esforços" do Poder Executivo venezuelano "para propiciar um diálogo entre o Governo, todas as forças políticas e agentes sociais com o fim de conseguir um acordo que contribua com o entendimento e a paz social". Também manifesta a preocupação dos doze países membros "em relação a qualquer ameaça à independência e soberania da República Bolivariana da Venezuela".

A delegação dos chanceleres da Unasul, que foi solicitada pelas próprias autoridades venezuelanas, se reunirá no mais tardar na primeira semana de abril e terá como objetivo "acompanhar, apoiar e assessorar" o diálogo político "considerando a Conferência Nacional da Paz" instalada pelo Governo no último dia 27 de fevereiro. Conferência que foi recusada por parte da oposição ao chavismo.

O chanceler venezuelano, Elías Jaua, disse ao finalizar a reunião que se sente "plenamente satisfeito" com a resolução e "muito bem acompanhado na batalha do povo venezuelano pela democracia, paz e a estabilidade política". Jaua considerou que a reunião desta quarta-feira em Santiago, que se prolongou por mais de quatro horas, simboliza um "novo tempo" na América Latina e fortalece a Unasul no contexto político regional.

A resolução de Unasul indignou a oposição venezuelana. A deputada María Corina Machado, que levou um soco de parlamentares chavistas na sede do Legislativo no ano passado, emitiu um comunicado qualificando de "vergonha" a declaração oficial da organização por estar destinada a "proteger o regime, não os venezuelanos".

A deputada considera "extremamente grave que a Unasul não faça referência alguma em sua resolução à brutal repressão exercida pelo regime venezuelano. Nem uma palavra pelos cidadãos assassinados pelos grupos paramilitares oficialistas, ou dos estudantes massacrados, das prisões sem ordens de apreensão, das torturas, embora tudo esteja plenamente registrado e difundido através das redes sociais e meios internacionais". E lembra que a oposição venezuelana ainda espera que "A Unasul cumpra com o compromisso firmando no dia 19 abril de 2013", de promover uma revisão das eleições presidenciais, que foram denunciadas como fraudulentas.

O ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, considerou que a Unasul "esteve à altura das circunstâncias" e destacou que a comissão que viajará para a Venezuela deve respeitar a legitimidade do Governo de Maduro e contribuir com o diálogo de paz.

Sua colega peruana, Eda Rivas, ressaltou que os venezuelanos devem ser os protagonistas das conversas e a principal tarefa da comissão será "facilitar" esse diálogo.

A declaração da Unasul, subscrita de forma unânime pelos países membros, expressa suas condolências e solidariedade com os familiares das vítimas, o povo e o Governo democraticamente eleito dessa nação irmã".

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