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Crise na Ucrânia

A revolta de Kiev foi um “tumulto armado”, diz o primeiro-ministro russo

O primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, classifica como "aberração" outros países terem reconhecido o governo nomeado na semana passada A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, depositou flores em homenagem às vítimas

As demandas da oposição ucraniana.Foto: reuters_live

O primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, questionou nesta segunda-feira a legitimidade das autoridades ucranianas nomeadas nos dois últimos dias pelo Parlamento e classificou como "aberração" o fato de outros países as terem reconhecido, segundo informa a agência de notícias Interfax. "Falando com propriedade, ali não há com quem dialogar." Medvedev ainda definiu a revolta de Kiev como o resultado de um “tumulto armado”, e explicou que Moscou não pode negociar com “rebeldes que levam (fuzis) Kalashnikovs”. "A legitimidade de toda uma série de órgãos de poder suscita grandes dúvidas", disse o chefe do Governo russo. Essas declarações coincidem com a chegada a Kiev da chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, para discutir com as novas autoridades ucranianas o apoio da UE na busca de uma solução política e econômica para a crise que abala o país.

A Rússia, além disso, pediu a todas as partes envolvidas na crise para que retornem ao enquadramento legal e interrompam os "extremistas" que aspiram o poder, e que "em várias regiões da Ucrânia reprimem com métodos ditatoriais e às vezes até terroristas os que não estão de acordo com eles". As autoridades russas acrescentam que "é obrigatório assinalar que na posição de alguns de nossos parceiros estrangeiros se observa não uma preocupação pelo destino da Ucrânia, senão cálculos geopolíticos unilaterais", e reforça que não ouviu o Ocidente condenar "as ações criminosas dos extremistas, incluindo suas manifestações nazistas e antissemitas".

O Ministério das Relações Exteriores assinalou também que "dá a impressão de que o acordo alcançado em 21 de fevereiro (entre a oposição e o ainda então presidente Víktor Yanukóvich) com a aprovação silenciosa de seus patrocinadores estrangeiros era só uma cortina de fumaça para se continuar com o roteiro da transferência de poder na Ucrânia mediante fatos consumados". Tudo isso, acrescenta o departamento liderado por Serguei Lavrov, "sem nenhuma intenção de buscar um consenso em interesse da reconciliação nacional". A pasta destaca ainda que preocupam "especialmente as tentativas de que as estruturas internacionais, como a Secretaria-Geral da ONU, justifiquem essa linha de atuação".

O ministério expressou sua preocupação pela "legitimidade" das medidas adotadas pelo Parlamento ucraniano. "O Parlamento está adotando decisões e leis, algumas das quais infringem os direitos humanitários da população que fala russo e de outras minorias étnicas que vivem na Ucrânia."

Pela manhã, o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, anunciou em seu perfil no Facebook que foi iniciado um processo penal contra o presidente deposto Víktor Yanukóvich, que foi visto pela última vez no sábado na região pró-russa da Crimeia, por "assassinato em massa" e que foi ditada contra ele uma ordem de busca e apreensão. "Abriu-se um processo penal por assassinato em massa de cidadãos pacíficos".

A Rússia retirou nesta segunda-feira seu embaixador da Ucrânia após o presidente interino, Alexander Turchynov, anunciar sua intenção de se aproximar mais da União Europeia. Além disso, a Rússia anunciou um aumento nos impostos às importações procedentes da Ucrânia se Kiev se aproximar da UE, segundo confirmou nesta segunda-feira o ministro russo da Economia em uma entrevista ao diário alemão Handelsblatt. "Mas, nesse caso, nos veremos obrigados a aumentar os impostos às importações", anunciou.

Enquanto isso, a Alta Representante de Política Exterior e Segurança Comum da UE, Catherine Ashton, depositou um ramo de flores na praça da Independência em Kiev, em homenagem às vítimas dos últimos confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança que levaram à queda de fato do Governo do presidente Víktor Yanukóvich.

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