_
_
_
_
_

O Governo venezuelano ordena a captura do líder oposicionista Leopoldo López

O coordenador nacional do partido Vontade Popular é apontado pelas autoridades como responsável pelo desenlace violento da manifestação da oposição em Caracas

O oposicionista Leopoldo López, na manifestação de ontem em Caracas.
O oposicionista Leopoldo López, na manifestação de ontem em Caracas.Jorge Silva (REUTERS)

Uma juíza de controle determinou a prisão do dirigente oposicionista Leopoldo López, que foi responsabilizado pelo presidente Nicolás Maduro, pelo número 2 do regime, Diosdado Cabello, e pelo chanceler Elías Jaua pela violência durante o protesto da oposição nesta quarta-feira no centro de Caracas, que terminou com três mortos.

O chefe de Estado venezuelano diz estar enfrentando um golpe de estado em desenvolvimento, e pediu a solidariedade de outros governos da América Latina e o Caribe.

López, coordenador nacional do partido político Vontade Popular, participa de uma ala oposição – na qual também estão a deputada María Corina Machado e o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma – que decidiu promover manifestações nas ruas até que o regime venezuelano caia. Em entrevista coletiva na noite de quarta-feira, o dirigente havia minimizado a possibilidade de ser alvo de um mandado de prisão, e disse que permaneceria no país para enfrentar as consequências das ações que convocou.

O jornal El Universal, de Caracas, obteve uma cópia da ordem de captura. Segundo esse documento, López está sendo imputado pelos delitos de formação de quadrilha, incitação ao crime, intimidação pública, incêndio a edifício público, danos à propriedade pública, lesões corporais graves, homicídio e terrorismo.

“Quando tomarmos as medidas que vamos tomar, certamente nos acusarão de antidemocráticos”, admitiu o chanceler Elías Jaua numa entrevista ao canal estatal venezuelano Telesur. A primeira dessas medidas parece ser a iminente detenção de López. A outra é impedir a transmissão dos sinais dos canais internacionais, que burlam o cerco informativo imposto pelas emissoras locais na exibição ao vivo dos acontecimentos. O sinal da rede colombiana NTN 24 foi tirado da grade de programação das operadoras de TV paga Directv e Movistar, após ordem verbal dada pelo presidente da Comissão Nacional de Telecomunicações, William Castillo. O site dessa emissora também foi bloqueado.

A manhã transcorreu em relativa calma. Barreiras e blindados da Guarda Nacional venezuelana vigiavam a sede da Direção Executiva da Magistratura, na avenida Francisco de Miranda, em Caracas, e os bairros da capital onde habitualmente há manifestações. Usuários da rede social Twitter relataram a mesma cena na cidade de Mérida, nos Andes venezuelanos, onde há duas semanas os estudantes travam violentos confrontos com a polícia.

Por volta do meio-dia, entretanto, alguns alunos da Universidade Alejandro de Humboldt, localizada na avenida Rómulo Galegos, saíram à rua para protestar pela morte de um de seus colegas, Basil da Costa, vítima de um tiro na cabeça. Igualmente, outros jovens do Instituto Universitário de Marketing promoveram uma manifestação em frente à sede da escola, na avenida Casanova, de Caracas.

Em todos os pontos da geografia nacional há pequenas manifestações de estudantes e populares. Em Punto Fijo, no Estado Falcón, no oeste; em Puerto Ordaz, Estado Bolívar; e em Maracaibo, Estado Zulia. Estes atos desafiam a ordem dada pelo presidente Maduro. Em La Victoria, no Estado Aragua, o governante anunciou que não permitirá protestos que não estejam autorizados. “Quem sair para tentar exercer violência sem permissão de se mobilizar será detido.” O prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, afirmou que essa medida na prática representa uma suspensão das garantias constitucionais.

Até o momento, além dos três mortos, o Ministério Público venezuelano confirmou que há 66 feridos e 69 presos por vandalismo, o que incluiu danos a 54 veículos. A procuradora geral Luisa Ortega Díaz prometeu em seu programa de rádio que “isto não vai ficar impune”. As organizações de direitos humanos, entretanto, afirmam que os detidos são mais de 200.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_