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Brasileiros são maioria dos desistentes do Mais Médicos

Dos 89 profissionais que abandonaram o programa, 81 são brasileiros e quatro cubanos. Médicos terão que justificar a ausência até sexta-feira

Marina Rossi
Médicos estrangeiros visitam região onde irão trabalhar. Tânia Rêgo / ABr
Médicos estrangeiros visitam região onde irão trabalhar. Tânia Rêgo / ABr

O ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira que 89 profissionais inscritos no programa Mais Médicos não estão comparecendo ao trabalho. Por isso, serão publicados no Diário Oficial desta quarta-feira os nomes desses médicos para que eles se apresentem, em até 48 horas, e justifiquem a ausência. Do contrário, serão cortados do programa.

A notícia do cubano Ortelio Guerra, que deixou o país neste domingo e foi para os Estados Unidos, logo depois que sua compatriota Ramona Rodriguez pediu refúgio no Brasil, fez com que os olhos se voltassem para a evasão dos cubanos do programa.

Porém, os números mostram que a maioria dos profissionais que abandonam o projeto são brasileiros. Dos 89 profissionais "sumidos", 80 são nascidos no Brasil, quatro são de diferentes países, uma é brasileira que tirou o diploma fora do Brasil e outros quatro são cubanos. Além de Guerra e Rodriguez, mais outros dois cubanos deixaram o programa nesta terça-feira.

Até agora, desde que o programa começou, em novembro do ano passado, dos 5.400 cubanos que vieram ao Brasil pelo Mais Médicos, 22 deixaram o programa oficialmente, e voltaram para Cuba.

"Essa evasão está de acordo com a própria situação do cubano, que vive no país onde vive", diz a cientista política da Ufscar, Maria do Socorro Sousa Braga. Questionada se o fato não poderia ser munição para os opositores do governo, Braga diz que não. "A propagação dessa notícia hoje é explorada muito mais pela grande mídia do que pela própria oposição". Para ela, as desistências são fatos isolados. “Não acho ainda que seja um fator que venha impactar", diz. "Mas até as eleições, muitos fatos podem aparecer".

O Programa Mais Médicos deve ser uma das maiores plataformas do PT para impulsionar a reeleição da presidenta Dilma e, principalmente, do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato ao Governo do Estado de São Paulo, que há 16 anos é governado pelo PSDB. "Hoje, 80% da população apoia o programa. Isso certamente será o carro chefe da Dilma e do Padilha", diz Braga.

Atualmente, 5.400 cubanos fazem parte do programa. Com a terceira fase do projeto, que se inicia em março, um total de 7.400 cubanos estarão atendendo pelo Brasil. Entre os médicos brasileiros e que vieram de outros países, ou seja, que não estão previstos no consórcio da OPAS (Organização Pan-Americana), 1.258 estão atuando por enquanto, número que chegará a 6.658 na terceira fase, de acordo com o Ministério.

Também na tarde desta terça-feira, foi anunciada a contratação de Ramona Rodríguez pela Associação Médica Brasileira (AMB). De acordo com a entidade, ela exercerá a função administrativa e receberá 4.000 reais entre salário e benefícios.

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