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Woody Allen nega as acusações de abuso sexual de sua filha adotiva

O diretor contesta em uma carta aberta no 'The New York Times' e acusa Mia Farrow de ter organizado uma armação contra ele

Yolanda Monge
Woody Allen, na estreia de 'Blue Jasmine' em agosto.
Woody Allen, na estreia de 'Blue Jasmine' em agosto.AFP

Woody Allen respondeu com outra carta no diário The New York Times à que publicou no mesmo jornal na semana passada Dylan Farrow -filha adotiva do cineasta e com a atriz Mia Farrow, -acusando o pai de ter abusado sexualmente dela quando era criança. O diretor assegurou em um texto publicado nesta sexta-feira que nunca abusou de Dylan. Allen faz questão de dizer que tudo é fruto da trama de sua ex-parceira para se vingar por sua ruptura sentimental, além de ser um resultado da dura batalha entre ambos pela custódia de seus filhos.

“Não abusei de Dylan”, escreve o diretor de Manhattan , de 78 anos. “Eu a quero bem e espero que um dia ela seja capaz de ver como foi enganada e privada de seu pai enquanto era explorada por uma mãe mais interessada em alimentar sua própria ira do que no bem-estar de sua filha”, escreve Allen na carta aberta publicada na edição digital do jornal.

O diretor de cinema faz uma revisão do corrido desde o início dos anos noventa, quando rompeu seu vínculo com Mia Farrow –com quem nunca esteve casado- após iniciar uma relação com Soon-Yi, filha adotiva de Farrow. Soon-Yi é a atual mulher do cineasta, com quem tem dois filhos adotados. Sobre este aspecto, Allen diz que o casal sofreu uma inspeção bem mais rigorosa do que a que se submetem outras famílias que solicitam crianças em adoção, devido às acusações de pedofilia. Allen não está envolvido em outras denúncias similares, nem antes nem após as acusações de Farrow.

Mia Farrow e Woody Allen com Ronan -o bebê- e Dylan.
Mia Farrow e Woody Allen com Ronan -o bebê- e Dylan.David Mcgough (TIMEPIX)

Segundo explica Allen, quando sua relação com Soon-Yi –que não começou quando ela era menor de idade, diferentemente do que crê a maioria das pessoas- já era um fato, Mia Farrow acusou o diretor de ter abusado da pequena Dylan e a levou para ser examinada por um médico. “Dylan disse ao doutor que ninguém abusava dela”, explica Allen. “Então, Mia levou Dylan para tomar um sorvete e, de volta à consulta, a pequena mudou a sua história”, explica Allen na carta que será publicada na versão impressa do jornal no domingo.

Allen não poupa adjetivos na hora de definir Farrow e a acusa de manipuladora, vingadora e, inclusive, de adúltera. A própria Farrow insinuou que Moses, o filho em comum do casal, não é do diretor, mas sim do cantor e ator Frank Sinatra, o que significaria que ele foi concebido na época em que Allen e Farrow eram casal. Allen dá um passo além e aponta que, se isso é verdadeiro, Mia Farrow é além disso uma caloteira e deveria lhe devolver todos os anos de pensão alimentícia que ele deu a quem considerava seu filho.

Falando de Sinatra, Allen não deixa passar a oportunidade de dizer –para aqueles que lhe acusam de depravado por iniciar uma relação com uma mulher bem mais jovem que ele- que quando Mia Farrow se casou com o cantor nova-iorquino, ela tinha 19 anos e ele mais de 50.

Allen assegura que, desde o princípio de todo este trágico processo, pecou por ser ingênuo, porque nunca pensou que ninguém pudesse acreditar em uma acusação tão ridícula. Para ele, isso era obviamente produto da raiva que Farrow sentia depois da separação. “A malevolência e os interesses em jogo [por parte de Farrow] eram tão óbvios para mim que nem sequer contratei um advogado”, diz. O tempo e o acontecido, conta, provou a ele que estava equivocado.

Woody Allen e Soon-Yi, em uma imagem de 2012.
Woody Allen e Soon-Yi, em uma imagem de 2012.M. Curtis (AP)

O cineasta explica como a polícia recorreu para pesquisar o caso em uma unidade especial na qual se costuma apoiar neste tipo de situações. Trata-se da Clínica de Crianças Abusados Sexualmente, que opinou que Dylan Farrow não era assediada sexualmente por seu pai adotivo e que o acontecido apontava para uma mistura de mentira por parte da criança e manipulação por parte da mãe.

Em referência ao episódio relatado por Dylan Farrow, em sua carta no domingo passado, sobre o assédio sexual feito por Allen no sótão de sua casa quando ela tinha sete anos, o cineasta aponta que - como é de fato muito conhecido - ele sofre de claustrofobia e esse local é tão estreito que uma pessoa quase não pode ser posta de pé.

Allen explica que Mia Farrow tirou a ideia do sótão da canção de Dory Previn Com meu papai na cobertura. O diretor e ator prossegue relatando a quem o queira ler que essa canção estava no mesmo álbum que Cuidado com as Garotas Jovens, canção que Previn escreveu sobre a traição que sentiu quando sua amiga íntima – a própria Farrow - “lhe roubou de forma insidiosa seu marido, André”. Este é o pai adotivo de Soon-yi e de quem Mia ficou grávida quando o músico ainda estava casado com Dory Previn, o que provocou tal crise nesta última que foi enviada a uma instituição psiquiátrica, onde recebeu terapia de choque.

Allen deixa aberta a possibilidade de que seja a própria Farrow quem escreva a carta publicada por Dylan, já que – segundo diz em seu texto - é mais próprio dela que da jovem, de 28 anos, atacar as estrelas cinematográficas que trabalham com ele.

O diretor de cinema conclui sua carta assegurado que esta será “sua última palavra no assunto” e que ninguém mais responderá sobre o tema a qualquer comentário sobre o acontecido até agora. “Gente suficiente já está prejudicada”, conclui.

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