_
_
_
_
_

São Paulo estreia os protestos contra a Copa

Pequenas manifestações se espalham por até 36 cidades do país. São Paulo, com 2.000 participantes, e o Rio registram confrontos com a polícia

María Martín
Protesto em São Paulo, no dia do seu aniversário.
Protesto em São Paulo, no dia do seu aniversário.BOSCO MARTÍN

No dia do 460º aniversário da cidade e a cinco meses da Copa do Mundo, com todos os olhos direcionados para o Brasil, mais de 2.000 manifestantes participaram em São Paulo do primeiro protesto do ano contra os gastos milionários do evento. A coordenação de grupos como Anonymus e simpatizantes da tática Black Bloc chegou por meio das redes sociais até outras 36 cidades do país do futebol, entre elas Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Vitoria e Porto Alegre.

O número de manifestantes foi pequeno em quase todas as capitais mas supõe um primeiro teste de coordenação e convocatória do poder das ruas para boicotar a “Copa das Copas”, como a presidenta Dilma Rousseff a batizou. Os preparativos do evento já somam oito bilhões de reais. Brasil gastara só na construção de arenas mais que a Alemanha e a África do Sul juntas nas Copas de 2006 e 2010.

Os gastos do torneio tornaram-se para os manifestantes o catalisador da insatisfação geral com a baixa qualidade do transporte, os serviços públicos, como a saúde e a educação, e a violência de uma polícia militarizada e mal paga, bandeiras todas elas dos protestos de junho do ano passado. “Fora FIFA. Quero saúde e educação”, “Don’t come to the World Cup 2014”, “Sem direitos não vai ter Copa”, “Enquanto te roubam, você grita gol” foram as mensagens dos cartazes exibidos pelos manifestantes que percorreram vários quilômetros de forma pacífica. Como já é habitual, foram registrados confrontos isolados entre policiais e manifestantes que atacaram agências bancárias e incendiaram carros.

Desde os protestos de junho, que tiveram como estopim o aumento de 20 centavos do transporte público paulistano, o clima social do país se interpreta nas ruas. Há seis meses que médicos, professores, estudantes, movimentos da periferia e até policiais tomaram as manifestações como a via para ser ouvidos. Se não no Brasil, no exterior, onde o Governo confia em transmitir a imagem de um país estável e oportunidade de investimento.

A Copa, assim, pode ter um efeito bumerangue. Desde que a organização do evento caiu nas mãos do Brasil, o Governo quis tornar a oportunidade em uma enorme vitrine para mostrar ao exterior o suposto milagre econômico do país. Mas, até hoje, o espetáculo está no agitado interior.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_