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De um cárcere na Venezuela a uma mesa de negociações em Cuba

Julián Conrado estava preso desde 2011, mas a Colômbia cancelou seu pedido de extradição e ele foi enviado para Havana

Reprodução de um vídeo que pede a libertação de Julián Conrado.
Reprodução de um vídeo que pede a libertação de Julián Conrado.

De um cárcere em Caracas a uma mesa de diálogos de paz em Cuba. Esse é o novo destino do guerrilheiro Guillermo Enrique Torres Cuellar, conhecido com Julián Conrado ou ‘o cantor’ das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), depois que, na tarde desta quinta-feira, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, TSJ, ordenasse a sua libertação imediata argumentando que o governo colombiano desistiu do pedido de extradição que tinha feito por ele.

Esta informação foi confirmada horas depois pelo Escritório do Alto Comissionado para a Paz da Colômbia, que além disso assinalou que Conrado será o novo integrante da equipe negociadora das FARC nos diálogos de paz que adianta o governo de Juan Manuel Santos desde novembro de 2012.

“O Governo da Colômbia informa que retirou e cancelou ante o Governo da Venezuela os pedidos de extradição que havia feito por Guillermo Enrique Torres Cueter, conhecido como Julián Conrado, que fará parte da delegação das FARC-Ep nos diálogos de paz em Havana, Cuba”, diz o comunicado. O texto esclarece que as investigações feitas pela justiça colombiana na contramão do guerrilheiro continuarão, bem como as dos outros membros dessa delegação, entre os que estão Iván Márquez, o número dois dessa guerrilha, e Pablo Catatumbo, chefe do Bloco Oriental, o segundo mais forte das FARC.

Conrado estava preso desde 2011

Conrado (58 anos), que permanecia preso de maneira preventiva na sede da Direção de Inteligência Militar em Caracas desde o dia 31 de maio de 2011 – depois de ser capturado em uma propriedade rural do estado de Barinas –, tem vários processos em sua ficha por lesões pessoais com fins terroristas, narcotráfico, recrutamento de menores e deslocamento forçado.

O TSJ também disse em um comunicado que a Colômbia, através do vice-ministro de Assuntos Multilaterais, Carlos Arturo Morais, havia notificado, no último dia 26 de dezembro, sua decisão de cancelar, “com caráter imediato”, os pedidos de extradição do guerrilheiro que era muito próximo a Raúl Reyes, conhecido como o ‘chanceler’ das FARC e que foi morto em 2008 em um bombardeio da Força Aérea da Colômbia em território equatoriano, o que provocou a ruptura das relações entre os dois países.

Conrado, que ingressou na guerrilha aos 29 anos, ficou famoso por ser o compositor da “canção guerrilheira fariana” e tocar violão e acordeão. Nas negociações de paz que acontecem há 10 anos em San Vicente do Caguán, ele fez parte das mesas temáticas. Segundo um comunicado da Chancelaria da Venezuela, sua extradição a Cuba já foi providenciada.

Este é a segunda mudança que se dá na equipe negociadora da guerrilha em Havana, onde se negocia o fim de um conflito armado que já tem 50 anos. O primeiro foi a inclusão do chefe do Bloco Ocidental, Pablo Catatumbo, que se somou à mesa em abril de 2013 e foi levado da Colômbia em uma discreta operação. O anúncio é dado quando estão a ponto de se reiniciar as negociações que já cumprem 14 meses e onde se chegaram a acordos parciais em dois dos seis pontos pactuados.

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