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Cristina Kirchner não será candidata a nenhum cargo nas eleições de 2015

A presidenta da Argentina acaba com os rumores e abre mão de concorrer a uma reeleição ou a qualquer outro posto

A presidente argentina, Cristina Kirchner, em 10 de dezembro.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, em 10 de dezembro.Victor R. Caivano (AP)

A partir de 10 de dezembro de 2015, Cristina Fernández de Kirchner deixará de ocupar um cargo eleito pela primeira vez desde 1989. A presidenta da Argentina, de 60 anos, anunciou nesta quinta-feira em uma mensagem difundida pela agência estatal de notícias Télam que nas eleições gerais de 2015 não se postulará para nenhuma função. Desta maneira, desmentiu as especulações que em um dia antes fazia um deputado kirchnerista, Carlos Kunkel, que dizia que Cristina Kirchner “seguirá fazendo política e será candidata” dentro de dois anos.

As palavras de Kunkel criou rumores de todo o tipo. A possibilidade de que a chefa de Estado buscasse uma segunda reeleição ficava quase descartada após as eleições legislativas de outubro passado. A Constituição argentina proíbe duas reeleições consecutivas e Kirchner já foi eleita em 2007 e 2011. Para mudar a Carta Magna é necessário o apoio de dois terços dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado e depois uma vitória em posteriores eleições de constituintes. Mas o kirchnerismo e seus aliados contam agora com 132 deputados, frente aos 172 necessários, e com 38 senadores, dez a menos dos requeridos. Para uma reforma constitucional deveria convencer a parte da dividida oposição, tarefa que não seria nada fácil.

Se não seria candidata a presidenta, Kirchner poderia ser apresentada em 2015 como concorrente ao cargo de deputada ou governadora de sua província natal, Buenos Aires, ou da adotiva, a sulista Santa Cruz. As orquestrações aconteceram a partir da declaração de Kunkel, que foi parceiro de militância juvenil peronista do ex-presidente argentino Néstor Kirchner (2003-2007) e de Cristina quando estudavam Direito em La Plata. Mas quase de imediato a chefa de Estado descartou toda candidatura, seja a presidenta ou a qualquer outro cargo. "O que acontece é que Carlos (Kunkel) gosta muito de mim", justificou Kirchner as palavras de seu amigo.

"Não há nenhuma possibilidade de ‘Cristina 2015’ para nenhum cargo eletivo", disse a presidenta, que retomou no final de novembro seu cargo após um mês e meio de licença depois de uma cirurgia por um coágulo no crânio. A diferença de seu ritmo intenso de trabalho do passado, com permanentes atos públicos, agora diminuiu seus aparecimentos. Os médicos a aconselharam a ter uma vida com menos stress. Kirchner era legisladora no Parlamento de Santa Cruz entre 1989 e 1995, depois no Congresso argentino entre esse ano e 2007 e desde então ocupa a chefia de Estado.

Descartada definitivamente uma candidatura de Cristina, o peronismo kirchnerista deverá buscar outro candidato a presidente. O deputado Kunkel disse que o postulante se definirá nas eleições primárias de voto obrigatório em agosto de 2015. Por enquanto soa como eventual aspirante o chefe de Gabinete de Ministros, Jorge Capitanich, que assumiu esse cargo há pouco mais de um mês com muito impulso, mas já teve de enfrentar as greves policiais e os saques no início de dezembro e os atuais cortes de energia elétrica em diversas cidades. Também está o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, que tem melhor imagem nos inquéritos que Capitanich, mas não convence aos kirchneristas mais puros por suas posições mais conservadoras.

No peronismo opositor aparece como presidenciável o deputado Sergio Massa, que venceu nas eleições de Buenos Aires em outubro passado, mas que enfrenta o desafio de construir uma força política nacional. Fora do peronismo, a União Cívica Radical (UCR), a Frente Ampla Progressista (FAP) e a Coalizão Cívica (CC) buscam fazer uma aliança que vá desde o centro até a centro-esquerda. Na UCR brigam pela candidatura o senador Ernesto Sanz e o deputado Julio Cobos, que tem a desconfiança de seu partido porque foi vice-presidente no primeiro Governo de Cristina. El FAP está lançando já o deputado socialista Hermes Binner, enquanto a líder da CC, Elisa Carrió, ainda não se pronunciou sobre o seu futuro. A direita tem seu candidato em campanha: o prefeito de Buenos Aires e líder de Proposta Republicana (PRÓ), Mauricio Macri.

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