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O Governo controla 70% das prefeituras e ganha o plebiscito de Capriles

A oposição a Maduro propunha as eleições do domingo como um plebiscito sobre sua jovem administração. “Vocês devem ir", diz o presidente

O presidente Maduro durante seu discurso no último domingo.
O presidente Maduro durante seu discurso no último domingo.Leo Ramírez (AFP)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, parece ter crescido e não é para menos. A oposição quis propor as eleições do domingo como um plebiscito sobre sua jovem administração e o ganhou, a julgar pelo resultado das votações totais. O chefe do Estado se serviu desse argumento para pedir a renúncia aos seus adversários. “Vocês devem ir, porque perderam o plebiscito”, afirmou em um comício realizado na cidade de Los Teques, nos arredores da capital Caracas, onde aproveitou para dar atualizações da contagem final que o Conselho Nacional Eleitoral adianta. Afirmou que o Governo e seus aliados obtinham 55% dos votos.

À margem destes dados, o presidente tem motivos para celebrar. Com o passar dos meses recebeu o banho de legitimidade que não tinha no início de seu mandato. Para consolidar essa vitória, o partido do governo recebeu uma vez a inestimável colaboração de seus aliados, entre eles o Partido Comunista, que angariou pouco mais de meio milhão de votos que aumentaram de modo significativo – em 6,52% - a mínima vantagem que obtiveram nas eleições presidenciais de abril passado – apenas 1,49%.

Até a segunda-feira às 23h, horário local, o site do Conselho Nacional Eleitoral admitia a vitória de 234 candidatos da órbita chavista e 67 da oposição. Porém, há horas o site está fora do ar, impedindo que se acompanhe com exatidão a contagem dos votos. Uma leitura superficial dos números poderia sugerir uma surra maiúscula do chavismo, mas não é assim. Em termos percentuais o governo controlava 84% dos municípios e hoje controla 70% do país, um número alto, mas que também demonstra um leve crescimento da oposição, que controlava 55 prefeituras até o domingo. Ainda fica por definir os vencedores de 34 prefeituras. Em todo o caso, a oposição poderia somar mais quatro para chegar a 71. Os números marcam um avanço que seus partidários ressaltam como uma vitória porque são os municípios mais importantes do país. Ademais, os ganhadores estão repartidos em 19 dos 23 estados do país. A oposição é agora governo em cinco províncias da Venezuela mais chavista, onde não tinham representação no Executivo: os estados Portuguesa, Apresse, Sucre, Monagas e Trujillo.

Enquanto fazia contas e prometia aprofundar a revolução, Maduro ameaçou de novo seu principal rival, o governador Henrique Capriles Radonski, a levá-lo aos tribunais. No domingo, o líder opositor voltou a se referir ao obscuro episódio de saúde do falecido Hugo Chávez, para falar sobre a convocação feita pelo governo para celebrar o Dia da Lealdade com Chávez. Capriles tem assegurado desde abril que o governo mentiu ao país sobre o verdadeiro estado de saúde do líder bolivariano. “Já basta já! A justiça tem que atuar! Respeito a Chávez. Respeito a sua família”.

Os resultados das eleições servem para todo o tipo de interpretações interessadas. Dificilmente se encontra um ponto de acordo: o país segue preso na polarização e não parece provável que haja um diálogo entre os protagonistas que se enfrentaram nas últimas três semanas. Apesar dos chamados feitos pelo Governo nacional aos prefeitos vencedores para se reunirem em uma data próxima, nesta segunda-feira foi dado um passo em direção contrária. Maduro nomeou “protetores” de dois municípios de Caracas a dois aspirantes perdedores, a quem atribuirá recursos para estabelecer uma espécie de governo paralelo nesses municípios. É uma forma de evitar o diálogo com a oposição e estabelecer vínculos com a comunidade mediante ajudas diretas. O Presidente também designou como ministro para a Transformação Revolucionária de Caracas o ex-candidato Ernesto Villegas, colocando outra barreira para se entender com a autoridade legítima da área metropolitana da capital venezuelana, o opositor Antonio Ledezma.

Após a vitória, o Governo começou a retomar os temas que deixava pendentes pela eleição. Nesta segunda-feira, o vice-presidente Jorge Arreaza assinalou a possibilidade de revisar o preço da gasolina, que não sobre desde 1996, que praticamente se presenteia no país. O chavismo precisa urgentemente de dinheiro para financiar seu caro projeto político para não romper tão cedo com o encanto desta vitória.

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