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Alvo de polêmica, Manaus traz a Inglaterra e a Itália à Amazônia

Técnico da Inglaterra disse que preferiria enfrentar o grupo da morte do que ir ao Amazonas. Conseguiu os dois e terá de percorrer 4.464 quilômetros na primeira fase

A obra da Arena Amazônia, em Manaus.
A obra da Arena Amazônia, em Manaus.YASUYOSHI CHIBA (AFP)

De nada adiantou a vontade explícita do técnico da Inglaterra, Roy Hodgson, de que não coubesse à sua seleção jogar em Manaus, no Estado brasileiro do Amazonas (Norte), na fronteira com Colômbia, Peru e Venezuela, durante a Copa do Mundo. Não apenas sua intenção não se confirmou no sorteio da Fifa desta sexta-feira, como também sobrou para ele uma partida das mais difíceis, em um confronto histórico contra a Itália, no dia 14 de junho, às 21h (locais).

Durante a semana, Hodgson havia afirmado que preferia enfrentar um “grupo da morte” a ter que jogar na capital do Amazonas. Agora, terá de percorrer 4.464 quilômetros apenas na primeira fase. Após a estreia, deixará Manaus e jogará em São Paulo (distante cerca de 3.800 quilômetros) e Belo Horizonte (a mais de 800 quilômetros de São Paulo). Na capital do Amazonas no período da Copa a temperatura varia de 22o C a 34o C.

"O clima tropical de Manaus é o problema. Não sou especialista sobre o local, estou apenas repetindo o que todo mundo tem dito para mim. Manaus é o lugar ideal para se evitar e Porto Alegre o lugar ideal para jogar. Manaus será difícil para todo mundo, inclusive argentinos, chilenos e colombianos, mas para os jogadores do norte da Europa será um pouco mais difícil. Você terá uma chance melhor se ficar em uma sede com o clima mais agradável", disse Hodgson.

O prefeito de Manaus, Artur Virgílio (PSDB), respondeu de maneira dura. "Nós do Amazonas também preferimos que a Inglaterra não venha. Esperamos que uma seleção melhor venha, com mais futebol e um técnico mais sensível, culto e educado. Aí está uma das poucas pessoas do mundo que não tem curiosidade sobre o Amazonas e não sonha em conhecer Manaus".

Segundo apresentação da Fifa, a Arena Amazônia “pode não ser um palco tradicional do futebol brasileiro, mas certamente atrairá um grande número de torcedores graças à sua localização privilegiada, no coração da maior floresta contínua do mundo”. O orçamento das obras para a implantação da nova arena gira em torno de 605 milhões de reais (262 milhões de dólares), segundo levantamento do Sindicato Nacional de Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco).

É que no Brasil se discute o real legado da Arena Amazônia após a Copa. Até houve uma proposta inusitada do desembargador Sabino Marques, do Tribunal de Justiça amazonense, para que o espaço físico do estádio servisse para a triagem de presos.

Uma pesquisa elaborada pela Pluri Consultoria, que realiza estudos para o mercado esportivo, mostra que o Campeonato regional do Amazonas apresentou média de público de 807 pessoas por jogo neste ano. O número representa menos de 2% da capacidade da Arena Amazônia durante o Mundial. O Amazonas foi o 19º Estado em média de público no país.

A Copa será realizada de 12 de junho a 13 de julho, no fim do outono e começo do inverno brasileiro. As equipes que mais sofrerão com as oscilações de temperatura e com os longos deslocamentos serão mesmo as que estão no grupo da morte, o D. Os jogos da chave, que conta ainda com Uruguai e Costa Rica, também acontecerão em três cidades do cálido Nordeste: Fortaleza (até 29o C), Natal (29oC) e Recife (27o C).

Os times que mais se beneficiaram com relação aos menores deslocamentos serão os do grupo H, formado por Bélgica, Coréia do Sul, Rússia e Argélia. As partidas acontecerão em Belo Horizonte, Rio e São Paulo (todas no Sudeste), Curitiba e Porto Alegre (no Sul), além de Cuiabá, no Centro Oeste. A Bélgica, a cabeça da chave, percorrerá “apenas” 699 quilômetros, o que é pouco para as dimensões do Brasil.

Acidentes

Além das distâncias entre as cidades, as equipes deverão se deparar com problemas estruturais como obras viárias que estão atrasadas e estádios em que já ocorreram acidentes fatais.

No mês passado, dois trabalhadores morreram com a queda de um guindaste na Arena Corinthians, o Itaquerão, na zona leste de São Paulo.

Antes, outros dois funcionários já haviam morrido em obras dos estádios de Brasília, em junho do ano passado, e em março deste ano, em Manaus.

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