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A situação da saúde indígena no Brasil

O Governo federal aumentou os gastos com a saúde dos índios brasileiros, mas a mortalidade infantil indígena, que atinge níveis africanos, voltou a crescer. Faltam médicos em mais da metade dos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), áreas administrativas criadas para organizar a atenção sanitária nas aldeias. Entre 2000 e 2013, últimos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, 9.663 índios morreram no país antes de completar um ano Por David Alameda e Talita Bedinelli

Os médicos que faltam

Em 2015, 540 médicos foram contratados pelo Governo para atender os cerca de 700.000 indígenas do país, uma taxa de 0,77 médico por 1.000 habitantes. A maioria deles, 339, são do programa Mais Médicos, que traz profissionais formados no exterior para atuar em áreas remotas. A taxa fica abaixo da usada pela OMS para comparar os países (1 médico por 1.000 habitantes), considerada nesse infográfico para calcular o número de profissionais que faltariam em cada DSEI. O Ministério da Saúde já afirmou que o ideal para o país seria atingir a taxa de 2,5 médicos por 1.000 habitantes

A mortalidade Infantil

A taxa de crianças indígenas que morrem antes de completar um ano voltou a aumentar a partir de 2011, apesar da queda no número de nascimentos. De cada 1.000 índios que nasceram, 43 morreram antes de completar um ano em 2013, últimos dados disponíveis. A pior situação é entre os Yanomami, onde a taxa é equivalente a que Angola tinha na década de 1990

O dinheiro investido

O aumento da mortalidade infantil aconteceu mesmo com o incremento de verba do Governo federal na área. Entre 2011 e 2015, a verba investida subiu 221%. Houve também um grande aumento na verba repassada para o aluguel de aeronaves, usadas para chegar até as áreas indígenas mais distantes, que passou de 6,2 milhões de reais para 80,7 milhões de reais entre 2011 e 2014

As políticas mal implementadas

A fiscalização de como todo esse dinheiro é aplicado falha algumas vezes. Uma auditoria da Controladoria Geral da União, por exemplo, avaliou que entre 2010 e 2012 o Ministério da Saúde gastou 6,5 milhões de reais indevidamente com o pagamento em duplicidade de equipes de saúde ou com diárias de viagens não feitas. No DSEI Bahia, o Ministério Público Federal apontou a ocorrência de 12,8 milhões de reais em sobrepreço e um superfaturamento de 6,4 milhões na contratação de uma empresa de transportes no ano passado. Além disso, muitas obras acabam abandonadas por falta de manutenção, como se observou no Alto Rio Purus

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