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Com 15 mortos por coronavírus, Governo de São Paulo decreta quarentena a partir de terça-feira

Medida, que fechará bares, restaurantes e serviços não essenciais, passa a valer na terça-feira. Transporte e indústria seguirão funcionando

Gil Alessi
O governador de São Paulo, João Doria (dir.) e o prefeito Bruno Covas durante entrevista coletiva de imprensa sobre coronavírus.
O governador de São Paulo, João Doria (dir.) e o prefeito Bruno Covas durante entrevista coletiva de imprensa sobre coronavírus.

Por causa da crise de coronavírus, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou neste sábado uma quarentena válida para todo o Estado a partir de terça-feira. A medida deve vigorar até o dia 7 de abril, mas pode ser prorrogada por mais tempo. Bares, restaurantes e todos os estabelecimentos não essenciais deverão ficar fechados. “Estes comércios terão que ser criativos, usar delivery para manter sua receita e preservar os funcionários”, afirmou o governador. Doria enfatizou que as pessoas que podem “devem ficar em casa”, mas a quarentena não obriga a população a restringir sua movimentação. “O momento é de ficar em família”, afirmou. Postos de combustível, indústrias, supermercados e farmácias continuarão a funcionar, bem como serviços de saúde, limpeza e bancos. O transporte público seguirá funcionando.

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Doria e Bruno Covas na coletiva de imprensa.
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O anúncio da quarentena foi feito logo após a divulgação de mais seis óbitos em São Paulo, que neste sábado contabiliza 15 mortos por coronavírus. O número de casos confirmados chegou a 396. "Esses novos óbitos são 4 mulheres, de 89 anos, 76, 89 e 73, e dois homens: um de 90 anos e outro de 49 anos —sendo que esse de 49 anos era portador de tuberculose, que é uma "comorbidade muito importante nessa situação”, disse José Henrique Germann, secretário da Saúde. Uma das vítimas era uma médica a serviço da Prefeitura, que havia sido internada após o Carnaval para tratar outro problema de saúde, e que posteriormente foi testada positiva para o coronavírus.

David Uip, que coordena o centro de resposta à pandemia no Estado, acrescentou que alguns sintomas iniciais tem semelhança com uma gripe, mas que o quadro pode evoluir rapidamente para uma pneumonia. O médico também comentou o uso, ainda experimental, da cloroquina no tratamento da doença: o remédio é utilizado há anos para tratar malária e moléstias auto-imunes. No Brasil, alguns hospitais da rede privada têm feito testes com a droga. “Algumas pesquisas apontam para resultados positivos do uso da cloroquina”, afirmou Uip. “Mas até agora foram feitos estudos com poucos pacientes”.

Um dos maiores entusiastas desta droga é o presidente dos EUA, Donald Trump. Após ele mencionar que a cloroquina pode curar pacientes com coronavírus, o remédio sumiu das farmácias brasileiras, deixando na mão pacientes que a utilizam rotineiramente. Para evitar o desabastecimento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária determinou que a medicação só poderá ser vendida com receita.

Crítica a Bolsonaro

Doria afirmou neste sábado que irá “endurecer” a repressão aos bailes funks realizados nas periferias de São Paulo, e chamou seus organizadores de “irresponsáveis”. “Agora não é hora de fazer festa, fazer baile funk. Fiquem em casa”, disse. O governador informou que a Polícia Militar está "orientada para atuar com firmeza e determinação, evidentemente dentro do protocolo, para evitar que manifestações dessa natureza venham a ocorrer”.

Com relação à proibição dos cultos e missas religiosos por determinação da Justiça na noite de sexta-feira, nem Doria nem o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, fizeram nenhum comentário. Cabe a eles garantir que igrejas e templos permaneçam fechados. O governador se limitou a pedir que a população “faça suas orações em casa”.

Indagado sobre a declaração de Bolsonaro, que havia dito que o cornavírus nada mais é do que uma “gripezinha”, Doria se disse “triste”, e alfinetou o possível rival na disputa pelo Planalto em 2022. “Gostaria de ter um presidente que liderasse o país em uma crise como essa, e não minimizasse uma questão tão grave”, afirmou. O governador também divergiu do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que afirmou na sexta-feira que haverá um “colapso” no sistema de saúde em função da pandemia. “Não vamos ter colapso aqui em São Paulo, isso eu posso garantir”, disse Doria, reforçando que governadores e prefeitos irão trabalhar juntos e com a ajuda do Governo Federal para evitar este colapso.

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